Sob o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os brasileiros têm demonstrado mais confiança na figura do Presidente da República. A informação é de pesquisa divulgada pelo Ipec, que, além das instituições como os Três Poderes, também consolida a confiabilidade de instituições e grupos sociais, como igrejas, Forças Armadas, sindicatos e meios de comunicação, junto à população.
De acordo com a metodologia aplicada, para cada instituição ou grupo social avaliado são atribuídos pesos diferentes às respostas dos entrevistados, em uma escala que varia de 0 (“nenhuma confiança”) a 100 (“muita confiança”). A partir das avaliações, os pesquisadores chegam, então, a uma média em que quanto maior o valor, maior a confiança da população.
Pelo modelo adotado pelo Ipec, o marco dos 33 pontos considera “quase nenhuma confiança” dos entrevistados na instituição ou grupo avaliado, enquanto a faixa de 66 pontos, “alguma confiança”.
Seguindo tais parâmetros, o índice de confiança no presidente da República ficou em 50 pontos na nova edição da pesquisa. No comparativo com os anos anteriores, trata-se da maior marca registrada desde 2012. Na ocasião, o índice de confiança registrado foi de 63 pontos. Dilma Roussef (PT) estava na metade do primeiro mandato e ostentava boa popularidade após ter vencido as eleições apoiada por Lula, que deixou o cargo com aprovação recorde.
Com a insatisfação expressa por moradores das grandes cidades com as jornadas de junho de 2013 e o aumento da tensão política que culminou com o impeachment da presidente em 2016, na metade do seu segundo mandato, a desconfiança dos brasileiros aumentou. Em 2018, com o país às portas de uma eleição presidencial, sob o governo interino de Michel Temer (MDB), a confiança no Chefe do Executivo atingiu seu menor patamar na série histórica do levantamento: 13 pontos.
Neste início de terceiro mandato, Lula tem priorizado a retomada de programas que marcaram suas gestões anteriores, como o Bolsa Família, que foi turbinado para oferecer R$ 600 por família, e o Minha Casa, Minha Vida, projeto habitacional que aumentou o acesso a financiamento de imóveis para a faixa da população que tem rendimentos de até R$ 2.640. O mandatário também enviou ao Congresso um projeto de lei que estabelece ganhos acima da inflação para o salário mínimo, atualmente em R$ 1.320.
Os dados apresentados pela pesquisa do Ipec são acompanhados de um recorte sobre o índice de confiança nas instituições por classe social, regiões brasileiras e religiões. Seguindo a tendência de polarização dos últimos anos, Lula registra seus piores índices quando são levadas em consideração as opiniões dos mais ricos (39), e também de moradores das cidades da região Sul do País (45), e eleitores de religião evangélica (43).
Desconfiança com a política
Na relação geral com a política, os brasileiros seguem com baixa confiança nos partidos (34), e também no Congresso Nacional (40), instituições que tem mantido baixa reputação na opinião dos entrevistados ao longo da série histórica, que teve início em 2009.
Ainda que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha se engajado nos últimos anos com campanhas de informação sobre as urnas eletrônicas e também com materiais de divulgação sobre todo processo que compreende a realização das eleições, a percepção sobre o sistema eleitoral (53) ainda ficou distante da pontuação estabelecida na escala do Ipec como aceitável. Tal resultado pode ser interpretado como fruto das sucessivas correntes de desinformação que marcaram a realização dos últimos pleitos.
Entre os grupos que inspiram maior confiança entre os entrevistados, Igreja (70), Forças Armadas (66) e Polícia (64) estão no topo da lista. O cenário pode refletir o sentimento de parte da população, que tem demonstrado seu apoio a tais grupos ao dar votações expressivas a representantes desses segmentos nas últimas disputas para o Congresso Nacional e outros cargos eletivos.
A pesquisa do Ipec ocorreu de maneira presencial, em 127 municípios das cinco regiões brasileiras, entre os dias 1º e 5 de julho. Participaram 2 mil pessoas a partir dos 16 anos de idade. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2 (dois) pontos percentuais, para mais ou para menos, sobre os resultados encontrados no total da amostra.