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Lojistas apostam nas vendas deste fim de semana

A apenas quatro dias para o Dia das Mães, o movimento no comércio de Manaus ainda não corresponde às expectativas iniciais dos lojistas. Até esta quinta (6), os shoppings registravam algum aquecimento, mas o mesmo não podia ser dito do Centro. No caminho entre o projetado e as vendas efetivas, ainda há os obstáculos, como a pandemia e seus impactos econômicos persistentes, a falta de estoques e até mesmo as chuvas. Os comerciantes, no entanto, mantêm suas apostas e avaliam que as vendas devem decolar no fim de semana.

A CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus) projeta uma alta de 3,8% sobre o mesmo período de 2019 – já que a comparação com 2020 foi inviabilizada pelo fechamento geral da primeira onda –, com R$ 147 milhões de receita bruta e ticket médio de R$ 144,90. A Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), por outro lado, aponta que o crescimento deve ser ainda maior, na faixa dos 5% a 10%, em virtude da base fraca de dois anos atrás. 

Para as lideranças, o varejo deve chegar aos números com facilidade e até mesmo ultrapassar as metas na reta final, dado o apelo emocional do Dia das Mães e o tradicional costume do consumidor de deixar as compras para a última hora. O otimismo é maior para os segmentos que atendem a data, como lojas de cosméticos, vestuário e calçados – que aparecem com a preferencia de 26,9%, 19,5% e 16,7% das compras, respectivamente, conforme sondagem da CDL- Manaus. Bolsas e acessórios (12,4%), assim como joias e relógios (8,2%) e eletrodomésticos (5,2%) também aparecem bem cotados.

Apelo emocional

De acordo com o presidente da FCDL-AM (Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, os shoppings centers da capital amazonense já estão com um movimento acima do registrado dois anos atrás, em sintonia com a preferência do consumidor mostrada no estudo da CDL-Manaus (29,4%). O Centro (13,6%), por outro lado, ainda não conseguiu atingir a mesma marca, seja pelas chuvas, seja por mudanças de comportamento do consumidor. O dirigente atribui os resultados ao apelo emocional da data e reafirma que o setor deve chegar à meta com folga.

“Esperamos uma melhora dois dias antes da véspera data, mas tudo já está caminhando para que as vendas sigam subindo. Acredito que, neste ano, as mães já estão cansadas da quarentena e querem ganhar alguma coisa para elas usarem, quando saírem de casa. É claro que o setor enfrenta problemas. Além das chuvas, ainda faltam produtos alguns produtos, principalmente de confecções, calçados e utensílios domésticos, dada a ruptura do fornecimento da indústria, pela pandemia”, afiançou, acrescentando que os resultados do Dia das Mães devem ser um termômetro para os próximos meses. 

Embora saliente que ainda vê um movimento acanhado nas lojas de Manaus, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, aposta que o consumidor deve por de lado as adversidades econômicas e correr às lojas neste fim de semana, fisgado pelo apelo emocional da data. O dirigente lembra que a base de comparação ainda é fraca e usa as vendas globais crescentes de supermercados – que também vende produtos típicos para a data – e o aumento da confiança empresarial como bussola para suas estimativas.

“O consumidor anda cauteloso, mas quando chega o Dia das Mães, ele entra em euforia e vai às compras. Tenho conversado com outros empresários e vejo que, depois de passar um ano sem poder vender naquele que é considerado o segundo Natal do Ano, o otimismo é generalizado. Principalmente nos lojistas que trabalham com confecções, joias, utilidades domésticas, etc. Ainda não vejo todo esse movimento, mas prefiro ser otimista e acreditar que as vendas deve melhorar a partir desta sexta”, afiançou.

Inflação e demanda

Em redes do varejo que vendem produtos de maior valor agregado, a exemplo de eletroeletrônicos e móveis, entre outros, a percepção quanto à reação do consumidor ainda é divergente. Segundo o sócio diretor da Foto Nascimento, Antonio Kizem Rodrigues, a expectativa do grupo – que conta com 11 lojas situadas de rua e em shoppings – é de aumentar o faturamento na data, mas a projeção é embasada mais no impacto inflacionário do que na demanda do consumidor. 

“Temos uma expectativa de crescer uns 10%, mais provocado pelo aumento do ticket médio, do que pelo aumento de clientes. Os produtos mais vendidos são os mesmos de 2019: celulares. Mas, acredito que [a meta] só vai acontecer nesta semana. Infelizmente, já é da cultura do brasileiro deixar pra última hora. Mas, não acredito que os shoppings irão lotar, porque os estabelecimentos têm sido muito cuidadosos com a ocupação, em virtude do decreto. E o cliente já se acostumou a comprar online”, ponderou. 

Indagado sobre a possibilidade da data configurar um termômetro para as vendas do segundo semestre, Antonio Kizem Rodrigues salienta que o cenário desenhado pela pandemia ainda é nebuloso e incerto para cravar estimativas de desempenho de médio prazo. “Está muito difícil de prever os próximos meses, pois existem muitas variáveis, como o controle da pandemia, a possibilidade ou não de um novo fechamento do comércio, e o ritmo de vacinação. Caso tudo isso dê certo, podemos dizer que sim”, ponderou.

Já o diretor da TV Lar, Johnny Azevedo, manifesta mais otimismo e avalia que o consumidor já começou a reagir, gerando aquecimento nos segmentos de joias, relógios, smartphones, linha branca e eletroportateis. O grupo, que já conta com 61 lojas – 50 na capital, nove no interior e duas em Roraima – espera uma elevação de 5% a 7% nas vendas do Dia das Mães e informa que já vem registrando aquecimento em patamar semelhante, comparado a março.   

“Nessa semana, também deu uma melhorada, com aumento de 20% em relação à semana passada. É claro que é comum que a primeira semana dos meses seja mais aquecida, porque é o período em que as pessoas recebem seus pagamentos, mas acredito que isso se deva também ao Dia das Mães. Há uma demanda reprimida no mercado e, com a entrada desse novo auxílio emergencial federal, a tendência é que tenha mais dinheiro girando na nossa economia, ajudando indiretamente nas vendas do grupo”, concluiu.

Foto/Destaque: Fatima Garcia

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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