Entre todas as novidades alardeadas em 2007, uma das mais chamativas foi o anuncio do Kindle o novo leitor digital concebido pela gigante das livrarias a Amazon .Jeff Bezos, seu fundador anunciou com estardalhaço que o novo reader deve proporcionar ao leitor uma prazerosa experiência da leitura, com facilidade de uso, extrema praticidade sem utilização de cabos, fios e outras quinquilharias popularizadas com a informática.Outro gigante, a Sony recentemente lançou um produto de semelhante função mas que não emplacou nas vendas.Estaria o livro como o conhecemos definitivamente morto diante desse novo tipo de “canivete suíço literário” apresentado? Os consumidores inveterados, apreciadores das novidades tecnológicas os chamados “gadget lovers”, certamente pensam que sim. Estarrecidos com a capacidade de “baixar” as mais recentes obras da literatura nesse aparelho, proclamam uma nova era em que não será necessário reservar nas casas espaço nas estantes para acomodar obras literárias, entre outras vantagens do aparelho.
A tecnologia é boa e decorre simplesmente do aperfeiçoamento das idéias de nossos ancestrais. No entanto, alguns fatos precisam ser clarificados para aqueles notadamente empolgados com o marketing das novas ferramentas tecnológicas .É necessário pensar que alguns aparatos indigitados Hitech têm vida muito curta e aquilo que era febre de consumo, popular em todos os rincões, pode de um minuto para o outro desaparecer. Não faz muito tempo (meados da década de 1980) o vídeo-cassete Betamax era a coqueluche dos Estados Unidos da América do Norte.Vendidos em lojas como a Sears, era tido como uma grande invenção que levava a qualidade dos filmes de cinema ao conforto do lar dos consumidores. O aparelho bastante pesado custava na ocasião à bagatela da U$899 (oitocentos e noventa e nove dólares). Enquanto milhares de pessoas assimilavam a mensagem adquirindo o Betamax e suas pequenas fitas, uma batalha se desenrolava nos bastidores das grandes corporações. Qual o modelo prevaleceria o VHS ou o Betamax? Este era considerado detentor de uma imagem superior com tecnologia japonesa, além da portabilidade da mídia.
Aquele aparentemente mais barato e de menor qualidade de reprodução estava sendo produzido por um numero maior de empresas e empurrava o mercado para a grandes fitas VHS. No Brasil a mesma dúvida prevalecia , pois enquanto o Betamax era fabricado no sul, a Sharp apresentava ao mercado seu modelo de VHS. O final da contenda já faz parte da história. O modelo VHS prevaleceu, com suas fitas enormes e propensas ao mofo, sentenciando o modelo da Sony a morte no Brasil, causando um enorme prejuízo aos seus compradores ( inclusive o articulista).
Esse é um pequeno exemplo de como a tecnologia deve estar patenteadamente unânime para ser incorporada a rotina dos consumidores. Hoje a “briga” se desenrola entre as televisões de plasma e LCD. Qual oferece mais vantagens? Qual oferece mais durabilidade? E os novos leitores de DVD, blu-ray ou o HD-DVD.O mundo caminha no novo século para mesma celeuma envolvendo novos usos trazidos pela difusão das invenções.
Há uma verdade no entanto, que não pode ser refutada e que está aí literalmente para ser vista a olhos vivos.Os livros são eternos. Em pleno século 21 ainda é possível ler documentos escritos em papiros oriundos das dinastias egípcias. Na era dos computadores com alta velocidade de processamento os arqueólogos podem consultar as páginas remanescentes da cultura Asteca ( as que os espanhóis deixaram). A bíblia de Gutenberg está devidamente conservada em museus. Obras como os Lusíadas podem também ser lidas em sua integralidade. Livros do século 19 são facilmente consultados, apesar do estado de conservação que alguns apresentam. O ponto controverso em aceitar a tecnologia como absoluta sentença de morte das páginas tradicionais de um livro pode desaguar na possibilidade de não se conseguir efetivar a leitura dessa mídia daqui a alguns anos.Com a