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Livro de Abrahim Baze narra a história de Saul Benchimol

No próximo ano a Bemol completará 80 anos de Manaus. Por trás dessa empresa, que orgulha os amazonenses, uma família, os Benchimol, exemplo do que se pode conquistar através do trabalho árduo, da perseverança e da honestidade. Um pouco da história dos Benchimol pode ser conhecido através do mais novo livro do historiador Abrahim Baze, ‘Saul Benchimol, a saga de um judeu na Amazônia’, que acaba de ser lançado. Saul, hoje com 87 anos, é o caçula dos sete filhos do casal Isaac Israel e Nina Siqueira, que deu início ao clã dos Benchimol nos primeiros anos do século passado. Outro livro de Baze sobre a família é ‘Samuel Benchimol, ensaio biográfico de um educador e empresário’. Samuel Benchimol (1923/2002), economista, cientista e professor, foi considerado um dos principais especialistas sobre a Amazônia de seu tempo.

Sobre Saul, escreveu Anne Benchimol, no prefácio do mais recente livro de Baze: “era 14 de agosto de 1934, Isaac Israel Benchimol e Nina Siqueira (Lili) estão recebendo o sétimo filho, Saul. Seu nascimento ocorreu em meio à renovação das esperanças familiares por momentos econômicos e sociais mais prósperos e seguros. A chegada de Saul foi o símbolo do recomeço da vida do casal, que desde o ano anterior já vivia em Manaus”.

“Saul estudou a alfabetização no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, depois foi para o Grupo Escolar Saldanha Marinho. Na juventude, residindo à rua Henrique Martins, em frente ao atual Sesc, estudou no Colégio Estadual do Amazonas, cursando o Científico, hoje Ensino Médio. Isaac, trabalhando dia e noite, sustentava a esposa e os sete filhos como guarda-livros, atual contador”, lembrou Abrahim. 

No Clube da Madrugada

Saul contou que seu primeiro trabalho foi como promotor de produtos médicos do laboratório Merck Sharp & Dohme, cuja representação era de sua família. O jovem visitava farmácias e médicos da cidade. Baze acrescenta que, naquele período, na década de 1950, Manaus deveria ter cerca de 50 médicos e menos farmácias ainda.

Em 1953 Saul entrou para a Faculdade de Direito, a única existente em Manaus. O ano seguinte marcou um acontecimento importante para a cultura do Amazonas, a fundação do Clube da Madrugada, grupo de jovens, que se reunia na praça Heliodoro Balbi (da Polícia) para falar sobre política, problemas da cidade e cultura. Eram as redes sociais daqueles tempos. Do Clube da Madrugada emergiram vários escritores e poetas por ao menos 20 anos. Saul estava entre os fundadores do Clube e foi seu primeiro presidente.

“Era uma turma que vivia indo assistir filmes no Cine Guarany, e depois ficava batendo papo na praça até altas horas da madrugada. Essa turma amadureceu e seus interesses intelectuais prevaleceram, então passaram a fazer parte do Clube, influenciando outros jovens”, recordou Saul.

Em 1957, formado advogado, Saul ganhou uma bolsa de estudos para cursar o seu mestrado em economia e sociologia, na Fullbright Scholarship, em Albuquerque, Novo México, nos Estados Unidos. Mais tarde transferiu-se para a Yale University, onde concluiu o curso de economia internacional, e também conheceu sua futura esposa, a americana estudante de paleontologia Rose Esther Kriski.

Casou e voltou

Em 12 de maio de 1959 Saul e Rose casaram na sinagoga Beth Shalom, na cidade de New Haven, em Connecticut, sob as bênçãos do rabino Bernard Cohen. Uma curiosidade. No dia anterior os atores Elizabeth Taylor e Eddie Fisher haviam casado na mesma sinagoga, que ainda estava completamente ornamentada e serviu para o enlace de Saul e Rose, sem recursos para tal.

De volta a Manaus, Saul foi professor secundário e depois universitário, na então Universidade do Amazonas, onde atuou por 36 anos, e Baze destacou como um de seus grandes feitos para esta Universidade, a incorporação, em 1964, da Faculdade de Ciências Econômicas, até então subordinada à Divisão do Ensino Médio e Superior, do Departamento da Educação e Cultura, da Secretaria de Estado da Educação e Cultura.

“Nos meus livros sobre estes dois filhos ilustres da família Benchimol, ressalto a importância que o povo judeu teve, e tem, para a Amazônia, eles que chegaram aqui fugidos das perseguições que sofriam na África, há mais de 200 anos, homens e mulheres, e que adentraram estes rios da região, indo morar no interior e suas barrancas, foram responsáveis em dinamizar a economia num vasto território”, falou Abrahim.

“Hoje, Saul é a memória viva do povo judeu na Amazônia, representante de uma família que sempre trabalhou com seriedade e honestidade. Eles, que começaram pequenos há quase 80 anos, e continuam crescendo, escrevem a história da economia no Amazonas”, finalizou o historiador.

Abrahim Baze, “hoje, Saul é a memória viva do povo judeu na Amazônia” – Foto: Divulgação

Devido à idade avançada de Saul, o lançamento de ‘Saul Benchimol, a saga de um judeu na Amazônia’ foi realizado apenas para familiares e amigos íntimos da família. O livro não estará à venda, mas poderá ser encontrado na Biblioteca Pública, Biblioteca Municipal e nas bibliotecas de todas as universidades do Amazonas.

Foto/Destaque: 

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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