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Lina confirma encontro e aceita acareação

Segundo Lina, no encontro Dilma teria lhe pedido para agilizar as investigações sobre familiares do senador José Sarney (PMDB-AP). Em depoimento à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Lina Vieira disse que está disposta a sentar lado a lado da ministra para apresentar sua versão dos fatos. “Estou disposta a qualquer coisa para ajudar a esclarecer o encontro”, disse.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que questionou a ex-secretária sobre a acareação, disse crer que a ex-secretária da Receita não inventaria um encontro com Dilma. “Eu tenho o maior respeito pela senhora. Não passa pela minha cabeça que Vossa Excelência iria inventar uma coisa dessas, não ia ganhar coisa nenhuma. Mas não dá para entender porque a ministra não pode dizer”, afirmou.
Lina Vieira prestou depoimento por mais de três horas à CCJ e confirmou a versão revelada à Folha de S.Paulo de que Dilma lhe pediu para agilizar as investigações da Receita sobre a família Sarney. Ao encerrar o depoimento, a ex-secretária disse que fala a verdade e está disposta a provar a sua versão dos fatos -uma vez que o encontro é negado por Dilma.
“Eu não mudo a verdade no grito, nem preciso de agenda para dizer a verdade. A mentira não faz parte da minha biografia”, afirmou.
A ex-secretária classificou o pedido da ministra de “incabível”. “Eu só achei o pedido da ministra incabível porque a Receita trabalha com critérios. Não há necessidade de ninguém pedir nada para a Receita. A Receita é uma instituição de Estado. Não estamos ali para atender governo A, B ou C. Essa é nossa posição. É incabível porque a Receita trabalha com informações impessoais”, afirmou.
Lina disse que, depois que Dilma lhe pediu para agilizar as investigações sobre a família Sarney, retornou à Receita Federal para analisar o processo -mas constatou que a Receita já havia acelerado as investigações a pedido do Poder Judiciário.
“Eu pedi ao meu subsecretário que me desse as informações a respeito das fiscalizações que estavam sendo tocadas pela Receita. Eu não disse a ele o assunto, eu não disse a ninguém o assunto. Depois que eu retornei, eu fui apurar. Pedi um relatório geral de fiscalizações, eu não comentei nenhum tipo de assunto”, afirmou.
A ex-secretária disse que dois servidores da Casa Civil, um homem e uma mulher, a viram entrar no gabinete de Dilma no final do ano passado. “Eu não sou fantasma, eu tomei café, me serviram café. Certamente há registros de que eu estive lá”, afirmou.
Apesar de Dilma negar o encontro, Lina Vieira apresentou detalhes de sua conversa com a ministra.
“Cheguei no quarto andar do Palácio, não tinha ninguém me recebendo. Veio a Erenice Guerra (secretária-executiva da Casa Civil), fui para sala onde estavam duas pessoas e ali fiquei aguardando. Eu não perguntei o nome dessas pessoas. Tomei uma água, um café. Não demorou muito. Dali eu saí e fui para a sala da ministra conduzida pela Erenice. Nós conversamos amenidades”.

Oposição vai convovar Dilma Rousseff à CCJ

“Como foi muito rápido, eu não me lembro dos móveis, ela só me fez esse pedido. Foi simpática”, afirmou.
Lina Vieira rebateu as insinuações sobre a insatisfação de integrantes do governo federal com a arrecadação durante sua passagem pelo comando do órgão.
Lina disse aos senadores que comparar a arrecadação de 2008 com 2009 é “quase patético”. “No primeiro ano na Receita, dez meses foram de crise. Fazer comparação com a arrecadação de 2009 com 2008, que foi de bonança, é quase patético. A arrecadação manteve sua tendência histórica de crescimento”, afirmou.
Lina apresentou números aos parlamentares sobre as arrecadações da Receita Federal no período em que esteve no cargo, assim como apresentou programas adotados no órgão durante a sua gestão.
Depois de ouvir a ex-secretária por mais de três horas, a oposição está disposta a pedir a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para apresentar sua versão sobre o encontro que teria ocorrido no ano passado, em seu gabinete, com Lina Vieira.
Senadores da oposição afirmaram que agora Dilma precisa apresentar publicamente a sua versão dos fatos.
“Se a ministra rebater a versão da ex-secretária, vai ser oferecida a oportunidade dela vir aqui. Se ela não vier, vai ficar a versão da Lina para o país”, disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN).
A oposição ainda não apresentou requerimento com o pedido de convocação de Dilma na CCJ.
A estratégia do DEM e do PSDB será esperar a ministra comentar publicamente o depoimento da ex-secretária antes de pedir formalmente a sua convocação. Os oposicionistas defendem acareação de Dilma com Lina, mas sabem que não têm apoio suficiente para aprová-la na CPI da Petrobras -uma vez que acareações só podem ser realizadas em Comissões Parlamentares de Inquérito.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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