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Legado ou lenda?

No próximo dia 15, uma grande festa está marcada para começar. É o início da Copa das Confederações, torneio que vai acontecer em seis capitais e que servirá de ensaio geral para o evento maior que acontece exatamente um ano depois: a Copa do Mundo de 2014.
A promessa era de que as duas competições, além de promoverem a modernização dos estádios nas cidades-sede, deixariam um legado em diversas áreas como, infraestrutura, mobilidade urbana, hotelaria, transportes e comunicações. No entanto, mais de quatro anos após o anúncio das 12 cidades-sede, apenas as arenas esportivas foram concluídas ou estão sendo finalizadas.
Em Manaus, enquanto os problemas com engarrafamentos, transporte coletivo e infraestrutura ficam cada vez mais graves, no último mês de dezembro as obra de mobilidade urbana previstas para a Copa de 2014 foram retirados da Matriz de Responsabilidades, documento firmado por União, Estados e cidades-sede que traz as obras que devem ser executadas para o torneio. Na única cidade do norte a receber os jogos do mundial, apenas as obras da Arena da Amazônia estão dentro do cronograma.
De acordo com o relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) divulgado em novembro, o monotrilho – obra orçada em R$ 1,3 bilhão – e o corredor para tráfego exclusivo de ônibus, chamado BRT – obra de R$ 290 milhões – foram excluídos porque ainda não haviam saído do papel.
A retirada é uma manobra dos governos estaduais para as obras não ficarem sem financiamento da União. As intervenções de mobilidade urbana nas 12 cidades-sede da Copa de 2014 que constam na Matriz de Responsabilidades possuem uma linha de crédito especial da Caixa Econômica Federal. A Matriz prevê que apenas recebam os recursos da Caixa obras que ficarão prontas até o início do Mundial.
Com a retirada da Matriz, o governo amazonense pode pedir outra linha de financiamento ao Ministério do Planejamento. De acordo com a pasta, essas obras podem ser financiadas com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade.

Elefante Branco

O deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) diz que há quatro anos foi um entusiasta da realização da Copa do Mundo na capital amazonense. Mas hoje ele está convicto de que os únicos legados que a Copa deixará serão uma dívida bilionária e um estádio inutilizável para a população pagar.
“Estou convicto de que o legado da Copa do Mundo de 2014 será um estádio ‘elefante-branco e uma dívida de mais de um R$ 1 bilhão. Não vai ficar absolutamente nenhum legado em infraestrutura para o povo do Amazonas”, previu o parlamentar. Nas contas de Marcelo Ramos, deste valor R$ 600 milhões são referentes à construção da Arena Amazônia. Os outros R$ 400 mi seriam gastos em ações para “maquiar” a cidade nos dias de jogos.
Ainda segundo o deputado, não foi a falta de recursos financeiros que tirou de Manaus a oportunidade de resolver alguns de seus principais problemas, mas sim a má utilização dos mesmos. “Não é porque faltou dinheiro que Manaus não terá legado É sim por incompetência absoluta dos governantes. Manaus tem à disposição na Caixa Econômica Federal quase R$ 2 bilhões para obras de infraestrutura em transportes, mas não foi gasto nenhum centavo”, acrescentou. Já o Secretário Municipal de Esportes, Fabrício Lima tem opinião diferente. Para ele, após a Copa a Arena Amazônia, além de receber os jogos de um futebol amazonense cada vez mais valorizado, também poderá ser palco de grandes eventos nacionais e internacionais.
“Eu estive na África do Sul durante e após a Copa de 2010. Tive oportunidade de ver experiências que deram certo e que deram errado. O estádio da cidade de Durban, como a Arena Amazônia, é uma arena multiuso. Lá eles adequaram o estádio às necessidades locais, promovendo shows e eventos. Além do futebol, o estádio tem vida útil”, acredita Fabrício.
A ampliação do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, o resgate do futebol amazonense – que inclui recuperação do Estádio da Colina e a construção de um centro de treinamento no Coroado com capacidade para mais de cinco mil pessoas -, a preparação da cidade para receber grandes eventos e os milhares de visitantes que virão a Manaus para assistir as quatro partidas que serão disputadas aqui são outros legados citados pelo secretário.
“Nosso grande papel agora é dar boas vindas a todas essas pessoas que chegarão durante a Copa para que elas queiram voltar. Claro que ainda sonhamos com o monotrilho e o BRT, mas eles continuam nos projetos dos governos federal e estadual para Manaus. Essas são coisas que não estaríamos discutindo e nem teriam sido financiadas se não houvesse a Copa do Mundo. Eu acho um grande legado”, disse.

Setor de Turismo vê pessimismo

No último dia 17 de maio, Manaus recebeu, por meio da Unidade Gestora Municipal da Copa (UGM-Copa) da ManausCult, a visita de uma comitiva da FIFA que inspecionou o espaço onde acontecerá o “Fifa Fan Fest 2014”. De acordo com os oraganizadores, a expectativa é que 81 mil pessoas, entre moradores e turistas brasileiros e estrangeiros participem da festa oficial da FIFA durante a Copa do Mundo, que em Manaus vai acontecer na praia da Ponta Negra durante os 30 dias do mundial.
Na ocasião, o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Amazonas, Paulo Rogério Tadros, falou ao Jornal do Commercio sobre as expectativas do setor de turismo com relação à chegada de visitantes à capital amazonense. Para ele, nem mesmo o maior evento esportivo do planeta será capaz de atrair turistas.
“A Copa é uma experiência única. Não tenho como dizer se vai atrair ou não. Eu adoraria (que atraísse mais turistas), mas não acredito”, declarou.
Questionado sobre a situação das reservas de hotéis visando o mundial para Manaus, ele explicou que a associação ainda não tem uma estimativa, uma vez que as reservas de hotéis são feitas pelas empresas parceiras da FIFA.
“As reservas são feitas através dessas empresas. Eles têm um prazo para passar essas reservas para os hotéis espalhados pelas cidades onde terão os jogos – e com certeza nada foi passado ainda”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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