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Lazer em flutuantes alugados ganha força em Manaus

Por mais de 40 anos Manaus teve uma cidade flutuante, que enfeiava a sua frente, com milhares de casebres. Em 1966, um ano antes de ser destruída, a mando do governador Artur Reis (1964/1967), a cidade flutuante tinha quase duas mil residências. Típica moradia de ribeirinhos de áreas alagadiças, os flutuantes nunca deixaram de existir em regiões mais afastadas de Manaus e há poucos anos voltaram a se impor, agora com belos visuais e se tornando atrativos turísticos, sendo alugados para horas de lazer, localizados principalmente no rio Negro, próximo à Marina do Davi, e no rio Tarumã.

Augusto Basílio mora nos Estados Unidos e ao menos duas vezes ao ano vem a Manaus. Em busca de tranquilidade, ano passado ele mandou construir o flutuante Califórnia, colocando-o próximo à Marina do Davi.

Califórnia, presente valioso – Foto: Divulgação

“Depois ele viu que era prejuízo manter o flutuante fechado pelo resto do ano e me deu o Califórnia”, contou Demerson Silva, primo de Augusto.

“Até então eu só trabalhara gerenciando estabelecimentos gastronômicos, padarias, bares, restaurantes, mesmo assim encarei o novo empreendimento, o Califórnia, que desde então, tirando os momentos em que tudo fechou por causa da pandemia, sempre esteve ocupado nos finais de semana”, falou.

Prova de que alugar flutuantes se tornou um ótimo negócio, este ano Demerson mandou construir mais um, o Hollywood, e há quatro meses comprou outro, o Lótus. O Califórnia e o Hollywood têm dois andares, com capacidade para 40 e 35 pessoas respectivamente. O Lótus recebe até 25 pessoas.

“A maioria dos nossos clientes são manauaras que rateiam o valor da diária e passam aqui o tempo que quiserem, geralmente um final de semana. Até setembro já estamos com todos os finais de semana alugados. E turistas começam a chegar. Um casal de holandeses ficou no Lótus, recentemente”, lembrou.

Mas a porta está se fechando para quem deseja entrar no ramo. Uma associação foi criada, a Afluta (Associação dos Flutuantes do Tarumã), hoje reunindo 87 flutuantes de aluguel, e não estão sendo aceitos novos associados para uma área que vai da Marina do Davi até a praia Dourada, no rio Tarumã.

O novinho da turma

Kasbiner da Silva trabalhou durante 15 anos numa empresa do Polo Industrial de Manaus e pretendia se aposentar trabalhando lá, mas em fevereiro de 2020 pegou as contas. Com o dinheiro da indenização, comprou uma van, para fazer transporte escolar, e em março tudo fechou por conta da pandemia.

“Fiquei numa situação ruim. Um dia fui convidado por um amigo para ir até um flutuante. Fiquei encantado com o que vi. Resolvi mandar construir um para mim. Como tudo estava parado, a construção foi lenta. Numa viagem a São Paulo conheci uma casa toda decorada com motivos relacionados ao rock, e como sou músico, meu flutuante foi batizado de Rockstar”, informou.

O Rockstar está localizado próximo à praia Dourada e possui um andar, com capacidade para 25 pessoas. Confirmando o sucesso do empreendimento, no sábado passado, 14, Kasbiner inaugurou seu segundo flutuante, o Kas, também com um andar e capacidade para 40 pessoas e flutuando junto ao Rockstar.

ockstar, decorado com motivos de rock – Foto: Divulgação

“O acesso até aqui é pela Marina do Davi, praia Dourada e prainha. Todos os finais de semana e, às vezes, durante a semana, o Rockstar está alugado. Por isso mandei construir o Kas, para poder atender a mais pessoas”, explicou.

Ações de limpeza

Diferente da cidade flutuante, os flutuantes de aluguel atuais chamam a atenção pela beleza e higiene do meio-ambiente. Todos são obrigados pelos órgãos fiscalizadores a manter caixas de tratamento de efluente doméstico. Para atrair clientes, cada flutuante procura oferecer o máximo de conforto para seus ocupantes com tudo o que se tem dentro de uma residência comum, fogão, geladeira, TV, ar condicionado, móveis e utensílios domésticos do mais útil ao mais trivial.

“É nossa obrigação manter o ambiente limpo e bonito, pois isso é o principal atrativo para o cliente. Os flutuantes da Marina do Davi, mesmo antes de mim, já realizavam ações de limpeza do rio, na época da vazante. Ano passado foram retiradas quase cinco toneladas de lixo aqui das imediações, mas não é lixo jogado por nenhum dos flutuantes. É lixo trazido da cidade e desaguado neste local”, afirmou Demerson.

Os flutuantes de Demerson e Kasbiner, bem como outros que procuram estar antenados com as tecnologias de ponta, são abastecidos com energia solar. Wi-fi também está incluso entre as modernidades que as pessoas não podem passar sem, ainda que estejam hospedadas numa casa de madeira, rústica, sobre toras de açacu, da mesma forma que o homem ribeirinho mora há séculos.

“A essência é a do viver no interior, sobre o rio, com a floresta em volta, mas antenados com o que há de mais moderno no mundo”, finalizou Demerson.

Quem quiser agendar estadias para estes flutuantes pode ligar para Reserva Flutu: 9 8286-8972.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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