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Jussará Gonçalves Lummertz

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O início de toda carreira profissional é marcado por um misto de insegura e ousadia. Afinal de contas, não sabemos se aquilo que aprendemos nos bancos escolares e universitários é suficiente para exercermos, com excelência, a função que nos preparamos de corpo e alma por anos e anos. Apesar de incerteza inicial, seguimos a caminhada na fé.

O magistério é uma vocação quase sacerdotal. Não basta saber muito ou ter notório saber de causa. É preciso ter alguma coisa a mais e o nome disso é vocação. Tornar-se professor é uma experiência fenomênica que pode modificar a nossa vida pessoal e a de outras pessoas. Por isso, é um compromisso social e uma imensa responsabilidade que temos.

Esta relação constante e afetuosa de alteridade é mediada sempre pelo objeto de estudo. Ou seja, professores e estudantes encontram-se para meditar em conjunto a respeito do objeto do conhecimento, como um bom técnico do saber prático.

Antes de me tornar professor já fui aluno. Estudante mediano, porém esforçado. E ao longo de toda essa trajetória é certo que encontramos aqui e acolá os nossos mestres ou modelos exemplares de como ser um bom professor.

Na escola, não consigo me esquecer do prof. Gerson Brelaz, um esgrimista nas aulas de Geografia. Não eram apenas aulas, mas a transmissão de um conjunto de emoções capaz de deixar uma turma polvorosa em estado de permanente concentração.

Prof. Adison conseguiu o impossível: ensinar-me a gostar de matemática. Não que eu tenha aprendido como deveria, mas só o fato de eu ter me inspirado para um assunto tão distante dos meus interesses juvenis já foi alguma coisa.

A minha experiência universitária foi mais proveitosa. Lá tive contato com grandes professores amigos. Professores como Paulo Monte (Paulão), Arnóbio Alves Bezerra, Antônio Carlos Witkoski, Almir Menezes, Renan Freitas Pinto, Selda Vale. Tive sorte e peguei uma ótima temporada professores de Ciências Sociais.

No mestrado não foi muito diferente. Em outra cidade do país, iniciei uma nova caminha com novos mestres, dentre os quais destaco os professores Roberto Corrêa, Luzia Miranda, Alberto Teixeira, Celso Vaz, e tantos outros.

O ato de ensinar é um ato de admiração. É fazer de toda a sua experiência cognitiva e intelectual uma forma de diálogo com os alunos e o mundo. Assim, transformamos o desejo em projeto e em realidade.

Para além da admiração que tenho até hoje por todos os meus professores, raros foram aqueles que me ensinaram a ensinar. Eis aí uma árdua tarefa.

A profa. Jussará tem um talento especial para ensinar a ensinar. A mestra dos professores da Faculdade La Salle sempre nos brindou com a sua experiência profissional aliada a uma sólida formação acadêmica. A professora dos professores foi a responsável direta pela formação pedagógica continuada de uma geração de profissionais na cidade de Manaus.

Tanto nos momentos de Reflexão diária antes das aulas, quanto na Semana Acadêmica, no início de todo semestre, a profa. Jussará promovia o encontro entre os mais avançados métodos educacionais com a vivência docente iniciada por São João Batista de La Salle no século XVII.

As mudanças na carreira magisterial não são tão animadoras: achatamento da massa salarial, déficit de autoridade em sala de aula, lotação das salas de aula e expansão do ensino a distância (EAD) que inevitavelmente substituirá o professor presencial pelo professor virtual. O capitalismo 4.0 mudará definitivamente a forma como ensinamos e aprendemos. Apesar de tudo, precisamos manter vivos o ânimo da profissão e a força de vontade da vocação magisterial. De todas as lições da profa. Jussará talvez esta seja a mais importante.

A brilhante carreira profissional da profa. Jussará na Faculdade La Salle ajudou a imprimir a excelência na qualidade de ensino. E certamente este será o seu maior legado na instituição. Prosseguiremos o seu trabalho, professora.

Deixo o leitor com o ensaio poético do professor Daniel Nava**, meu colega de trabalho, que soube como ninguém homenagear a profa. Jussará.

“Senhora Professora Jussará Lummertz

Minha nossa Professora

Nasce no Sul do Brasil

Numa Terra de Gerreiros

De Anas, Marias, Getúlios

Um Céu de Estrelas, montanhas

Desejos, desejos mil

Sonhos e sonhadores verdejantes

Guris e gurias 10 a 0

Sorriso sincero varonil.

Em uma trova de Zarur

Ouvi muita semelhança

"Marcharemos no Sul e no Norte,

Ninguém pode essa Marcha deter.

Pois se nós não tememos a morte.

A quem é que nós vamos temer?"

Presente, presentes crianças

Jovens, Adultos, Velhinhos

Suas mãos mostraram caminhos

De pedras, desafios, espinhos.

Na Arte da Educação.

Nasceu num dia Grandioso

Feriado Nacional

Um mês depois de outubro

De Francisco, Maria, crianças, professores

Nos fazendo todos Autores e Autoras

De caminhos, esperança e novelas divinais.

Numa Sociedade machista ciumenta

Destaca se pela generosidade

Uma general 1000 estrelas

Uma Mãe professora de

Todos Nós.

Cresci e me tornei Doutor

Chorei muito em seus braços

Desejei, ressignifiquei conceitos

Gerei categorias, É fato

Mas nunca nos faltou

Seu toque, um sorriso sincero

Um abraço.

Eis que na curva do Caminho

Se despede,

15 anos foram pouco.

Mas a vida se renova.

Luteranos, Católicos, Ateus

O que importa?

A Educação dá trabalho

E ela gosta.

De dia, de tarde, madrugada

O que importa?

O mundo se renova

E bate a porta

Muitos se vão e sentimos falta.

Há muito o silêncio

A luz apagada da sala nos mostra

Que Maria se vai Linda e Majestosa

Levando Jesus em seus braços.

De certo, que a Inês é morta.

Qual será o destino da Professora?

Não sei, é fato, mas o que importa.

Será feliz na casa que abrir a porta.

Mães professoras nunca se aposentam,

Nos ensinam até o último suspiro,

Que é sempre dia de renovar nosso destino.

Cara Irmã Professora Jussará

Com carinho de um dos seus filhos poeta

Com amor e muito desejo.

De muitos almoços, jantares, vinhos e queijos.

Afinal nossas vidas continuam

Entrelaçadas.

Elos de uma Paixão e

Um Beijo enorme no seu coração.”

Educação é Trabalho 

*Breno Rodrigo é professor e cientista político

**Daniel Nava é é professor e geólogo

 

Breno Rodrigo

É cientista político e professor de política internacional do diplô MANAUS. E-mail: [email protected]
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