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Juros de financiamentos bancários voltam a subir em dezembro

Juros de financiamentos bancários voltam a subir em dezembro

Os juros dos financiamentos bancários interromperam uma sequência de oito baixas mensais consecutivas para voltar a subir, em dezembro. A expansão se deu em todas as linhas de crédito, para pessoas físicas e jurídicas, conforme a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Na análise da entidade, diante da volatilidade do cenário econômico atual, os próximos meses reservam novas altas.

Os juros para pessoas físicas avançaram 0,91% e foram a 5,56% ao mês – o maior valor desde agosto de 2020. O acréscimo para as pessoas jurídicas foi bem maior e chegou a 1,41%, reposicionando o custo do empréstimo em 2,87% mensais – o patamar mais elevado desde setembro do ano passado. As respectivas taxas anuais ficaram em 91,42% e 40,43%. 

Embaladas pelas medidas do Banco Central para afrouxar o crédito e evitar uma depressão econômica no contexto da pandemia – através dos cortes gradativos da Selic e da liberação contínua dos empréstimos compulsórios bancários –, os juros bancários haviam registrado quedas mensais seguidas, entre março e novembro. Em dezembro, o BC manteve a Selic intacta, mas deixou aberta a porta para a retomada das altas, além de começar a retirar os compulsórios.  

Para o vice-presidente de estudos e pesquisas da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, o repique no crédito bancário pode ser atribuído ao aumento dos juros futuros no mercado financeiro, assim como a expectativas de novas elevações da Selic frente a uma inflação maior. Vale notar que o IPCA encerrou 2020 com alta de 4,52%, passando do centro da meta do BC e registrando o maior índice desde 2016. Outro fator que explicaria as elevações, conforme o dirigente, seria uma provável subida nos índices de inadimplência.

“Essa provável inadimplência pode ocorrer por causa do fim das carências nos empréstimos (pausas e carência nas negociações de dívidas); ao desemprego elevado que acontece no Brasil; ao fim do pagamento dos auxílios emergenciais (feitos pelo governo); ao aumento da inflação e seus efeitos na renda, e, por fim, à maior seletividade dos bancos na concessão de crédito”, apontou Oliveira, em texto divulgado pela assessoria e imprensa da entidade.

Tendo em vista a piora do cenário, o dirigente avalia que a tendência dos próximos meses é de novas altas nas taxas. “Mas, algumas ações do Banco Central [e do governo federal] podem amenizar estas altas, como redução de impostos, compulsórios e reduções da Taxa Básica de Juros”, amenizou.

O BC ainda não divulgou seus índices de dezembro, mas as taxas de inadimplência nas operações de crédito do SFN (Sistema Financeiro Nacional no Amazonas) apareciam descendentes na média brasileira, em novembro. A mesma base de dados do BC indica que o saldo das operações de crédito do SFN seguiu crescente, no mesmo período.

Estímulos e vacinas

O presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Martinho Luiz Gonçalves Azevedo, concorda que o viés de alta do IPCA – impactado também pela volatilidade do câmbio –, as dúvidas do mercado sobre a capacidade governamental de lidar com o déficit fiscal, e a necessidade de não deixar a economia entrar em depressão contribuem para o encarecimento do crédito. O economista, entretanto, cita outros fatores que podem dar mais confiança ao mercado e aplacar novas altas. 

“O consumidor fica na dúvida se vai perder o emprego e as empresas, que já estão com capacidades reduzidas, ficam apreensivas se devem investir ou não. Mas, o mercado de crédito é impactado também pela economia norte-americana e o governo Biden sinaliza um pacote de estímulo que pode injetar capital na economia global. Ao mesmo tempo, já temos vacinas para a covid-19, o que abre perspectivas melhores do que 2020. Posso dizer que nosso escritório tem recebido demandas, acreditando em um cenário melhor”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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