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Jovens perto de álcool e drogas é preocupante no Amazonas, aponta IBGE

Praticamente seis em cada dez (55,7%) estudantes do Amazonas, de 13 a 17 anos de idade, já haviam experimentado álcool pelo menos uma vez na vida, no ano imediatamente anterior à pandemia. E praticamente um em cada quatro (23,5%) já provou ao menos uma dose de bebida alcoólica antes de completar os 14 anos. Embora elevada, a estatística estadual ainda está pouco abaixo da média nacional, em ambos os casos (63,3% e 34,6%, respectivamente). A iniciação precoce é mais comum entre as meninas do que entre os meninos, nas duas faixas etárias.  

A situação é mais preocupante para os adolescentes do Amazonas, no que se refere ao tabaco e a drogas ilícitas como maconha, cocaína, crack e ecstasy. Pelo menos 24,4% já haviam experimentado pelo menos um cigarro, fatia superior registrada entre os brasileiros (22,6%), no mesmo período. E 12,3% deles confessaram ter provado alguma droga, com prevalência entre os estudantes de instituições públicas de ensino (12,4%). É o que revelam os dados da PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) 2019, do IBGE. 

A experimentação de bebidas alcoólicas (uma dose ou mais) foi de 55,7% para os “escolares” do Amazonas –e de 60,5% na capital. O percentual foi maior para mulheres (59% e 65,3%, respectivamente) do que entre os homens (55,7% e 55,5%). A iniciação entre menores de 14 anos foi de 23,5%, para o Estado, e de 20,8%, em Manaus. “O consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica pode trazer danos imediatos à saúde ou a médio e longo prazo”, reforçou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa. 

Entre os amazonenses que experimentaram álcool, 45,8% disseram ter tido episódios de embriaguez. A fatia foi de 48,2%, para Manaus, e de 47%, na média brasileira. No Estado, não houve diferença significativa de incidência de episódios na rede pública (45,8%) e privada (45,6%). Foi diferente do ocorrido no restante do país, onde houve predomínio da primeira (47,6%) em detrimento da segunda (43,4%). Em torno de 14,3% relataram ocorrência de problemas em consequência da bebida, como conflito com a família ou amigos, perda de aulas ou brigas –em número próximo ao nacional (15,7%). 

O IBGE informa que o consumo atual de bebida alcoólica é avaliado pelo consumo de ao menos uma dose de bebida alcoólica, feito nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. O indicador foi de 17,2% para os adolescentes do Amazonas, o terceiro menor, na comparação com as demais unidades federativas, sendo superior apenas aos do Amapá e do Pará. O maior foi o de Santa Catarina (41,4%).

Cigarro e drogas

Os percentuais de “escolares” que fumaram cigarro alguma vez na vida foram semelhantes entre os amazonenses em geral (24,4%) e os manauenses em particular (23,9%). No Estado, o hábito é predominante entre os homens, tanto no Estado (26%) e nas escolas públicas (25%). O Amazonas está em quinto lugar no ranking nacional, que tem seus extremos no Acre (32%) e Bahia (12,9%). Entre os fumantes ‘de primeira viagem’ com menos de 14 anos de idade, as fatias foram de 11,5%, para o Estado, e de 11%, para a cidade.

Em relação ao consumo atual de cigarros, medido pelo uso nos 30 dias imediatamente anteriores à data da pesquisa, ele foi de 7,7% para os estudantes amazonenses de 13 a 17 anos de idade. É um percentual que situa o Estado acima da média nacional (6,8%), embora Manaus tenha apresentado uma proporção significativamente menor, nesse quesito: 5,3%. De acordo com o IBGE, o “consumo atual” é maior no Sul (8%) e menor no Nordeste (4,7%).

Um aspecto levantado pela sondagem é que, apesar de a legislação proibir a venda desses produtos a menores de 18 anos, lojas, bares, botequim, padarias ou banca de jornal foram apontados por 23,5% dos adolescentes do Amazonas ouvidos pelo órgão de pesquisa como lugares onde costumavam obter seus cigarros –contra os 37,5% da média nacional. Vale notar que o percentual foi significativamente maior entre os “escolares” que residiam em Manaus (42,6%).

O uso ocasional de maconha, cocaína, crack, cola, loló, lança-perfume, ecstasy, oxy, entre outras drogas ilícitas ocorreu entre 12,3% dos “escolares” de 13 a 17 anos que residiam no Amazonas e entre 13,2% dos que moravam em Manaus. No Estado, o hábito foi mais comum entre os meninos (12,8%) e frequentadores de instituições de ensino da rede pública (12,4%). Em torno de 4,9% dos estudantes amazonenses começaram antes dos 13 anos, sendo que em Manaus (5,4%) o número foi ainda maior. A média nacional (4,3%), por outro lado, foi menor nesse caso. 

Em torno de 4% dos estudantes do Amazonas relataram ter usado drogas nos 30 dias anteriores à pesquisa, com predomínio da maconha (4,3%), em detrimento do crack (1%), por exemplo. As respectivas médias nacionais foram 5,3% e 0,6%. Em torno de 18,3% dos escolares amazonenses, entre os 13 e 17 anos de idade, relataram que amigos usaram drogas ilícitas em geral em sua presença, no mesmo período –proporção superior à de Manaus (16,6%) e do Brasil em geral (17,5%).

“Comportamentos de risco”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, diz que o uso de tabaco, álcool e outras drogas são “comportamentos de risco” que se iniciam, geralmente, em “idades precoces” e “se estendem por toda vida”. Ele reforça que os “escolares” amazonenses não estão entre os maiores usuários do cigarro, apesar de estarem acima da média nacional. O pesquisador aponta que estabelecimentos comerciais e outros vendedores ainda são os maiores fornecedores de cigarros aos estudantes, demonstrando que “a facilidade de aquisição” contribui para o uso. E acrescenta que o panorama estadual é melhor para o álcool, mas não para a droga. 

“A bebida alcoólica é o vício mais presente entre os estudantes amazonenses, embora o percentual esteja bem abaixo da média nacional e de todos os Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Regionalmente, os estudantes amazonenses estão entre os maiores consumidores de drogas ilícitas, embora o percentual esteja abaixo da média nacional. O índice é puxado pela capital, onde a prevalência de uso está maior entre as mulheres. A própria pesquisa informa que a influência de pessoas mais velhas é fator importante para a iniciação”, arrematou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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