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Jovens buscam mais representatividade na política

Jovens buscam mais representatividade na política

A corrida eleitoral deste ano tem um diferencial atípico que é alvo de muitas análises por parte de cientistas sociais e analistas políticos. É que a maioria dos candidatos às eleições municipais de 15 de novembro tem até 40 anos, em média,  o que mostra um processo de renovação na política brasileira, segundo os últimos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No Amazonas, o cenário reúne na disputa velhos protagonistas e também os novos, liderados por jovens que representam a nova geração descendente de políticos com grande cacife eleitoral na região. Mas nem todos possuem, porém, essa carta na mão (de herdeiro político) para ser um dos futuros vereadores a partir de janeiro do próximo ano.

Nunca se viu tantos jovens concorrendo a uma vaga de vereador no Estado, principalmente à CMM (Câmara Municipal de Manaus), que reúne o maior colégio eleitoral do Amazonas. Entre os prefeituráveis, observa-se também candidatos novos liderando as chapas ou concorrendo como vice.

Quer dizer: como sempre, a perpetuação nos cargos públicos dita a ordem das já manjadas e recorrentes mobilizações com o objetivo de se manter no poder, a qualquer custo, com a diferença de que, agora, a juventude tem um discurso mais persuasivo, bem elaborado, convincente, num cenário político que ainda gera muita desconfiança em relação às velhas lideranças, segundo cientistas políticos.

Para Luiz Antônio Nascimento, professor de sociologia na Ufam (Universidade Federal do Amazonas), hoje o eleitorado não está mais preocupado em escolher a procedência, o nível de escolaridade e a idade do candidato. “O eleitorado está tão cético com os políticos que não quer saber se eles são velhos, novos, corruptos. Quer cumprir só a obrigatoriedade de votar para não sofrer restrições”, avalia.

Entre os candidatos, a voz da juventude política ecoa longe no Estado com a promessa de moralizar a aplicação dos recursos públicos, combater com mais veemência a corrupção e encontrar soluções econômicas que possibilitem a geração de novos empregos e renda à população.

O cientista político Helso Ribeiro analisa que população vê com muita empatia os candidatos mais novos por estar cansada de promessas não cumpridas pelos candidatos que representam a velha política. “Mas tudo mesmo só vai ficar mais transparente após as eleições”, avalia.

Campanhas

O novo clamor da corrida eleitoral vem principalmente na esteira das propostas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um ferrenho defensor de medidas mais drásticas contra os políticos corruptos, além de maior fiscalização no emprego do dinheiro público. É nesse contexto que se insere o coronel Alfredo Menezes (Patriota), um dos novos prefeituráveis das eleições de 15 de novembro.

Essas promessas são levadas diariamente às ruas nas campanhas dos candidatos, mesmo com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Os horários eleitorais no rádio e na TV mostram os embates entre o velho e o novo, com agressões mútuas que geram desconfiança do eleitorado.

Os velhos caciques são recorrentes em mostrar o resultado de suas gestões aos eleitores, principalmente na área de saúde e no setor de transporte coletivo, este último considerado o maior gargalo em Manaus, que até hoje nenhum prefeito conseguiu ainda solucionar.  

Aos jovens, resta apresentar novas propostas ao eleitorado que prometem tirar do atoleiro em que está mergulhada grande parte da população, hoje desempregada, praticamente sem melhores expectativas de vida e sobrevivendo do minguado auxílio emergencial do governo Bolsonaro.  

O candidato a vereador Amom Mandel (Podemos) é um desses novos nomes que surgem na política com largas chances de ser uma das futuras lideranças no Estado. Ele é neto do presidente do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas), Domingos Jorge Chalub. E impressiona pelo discurso bem elaborado, fundamentado, eloquente e persuasivo, que é de fazer inveja a muitos caciques locais, com muitos anos de trajetória nos meios políticos.

Mandel diz que pretende dar uma nova oxigenação à política no Amazonas, engrossando as vozes da juventude no Estado. Para ele, substituir candidatos não é meramente trocar A ou B na disputa política. “Nem tudo que é novo é bom, nem tudo que velho é ruim”, salienta.

O candidato costuma dizer que renovar não significa, necessariamente, trocar ou não as pessoas. “Independentemente de quem esteja, o que nós precisamos não é de nomes, e sim de atitudes diferentes. É eleger quem tem ideias diferentes do que foi apresentado até agora”, ressalta. “É só manter quem realmente faz e tirar quem não realiza nada”.

O candidato Amom Mandel diz que não pede voto de ninguém em sua campanha. “Peço apenas que elas levem em consideração as propostas que eu estou apresentando”, afirma. “Voto não se dá, apenas se conquista”, acrescenta.

O dentista Adolpho Graça Pinto, que disputa uma vaga de vereador pelo PT, prega a moralidade na aplicação dos recursos públicos e maiores benefícios à população mais necessitada, menos desassistida, um contingente que amarga a invisibilidade das ações governamentais.

“O governo Lula foi o que mais proporcionou oportunidades para os mais pobres. E não é à toa que a classe C galgou escalas sociais e econômicas jamais vistas em nosso país. É essa a minha principal defesa nas propostas apresentadas durante a campanha”, afirma. “Temos que retomar o mesmo nível de vida da era Lula”, salienta.

Filho de um dos prefeitos do município de Uarini, terra da farinha de boa qualidade no Amazonas, Leocádio Lopes, candidato a vereador pelo DEM, diz que entra na política para fazer diferença. “Quero repetir o legado de moral e honestidade deixado por meu pai que sempre teve uma posição digna, atuante, como prefeito”, afirma.

Lopes diz que pode contribuir muito para tornar Manaus uma cidade melhor e ainda mais compromissada com os benefícios reivindicados pela população. Ele disse que  recebeu boas orientações do padre Marcelo, dirigente do Pró-Menor Dom Bosco, onde adquiriu a expertise necessária para a sua atuação política.

“Não dá para conviver mais com esses políticos que estão aí. Manaus precisa de renovação, de pessoas realmente compromissadas com a população”, ressalta.

Marcelo Peres

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