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Jornalismo em todas as plataformas

E a credibilidade da imprensa não se limita ao impresso e já atinge os conteúdos da web. Segundo a Pesquisa Credibilidade da Mídia, realizada no país em 2016, apontou que os sites dos jornais são os meios mais acessados pelos usuários, com 57,3% que procuram conteúdo informativo e noticioso na internet. Para o jornalista e professor na área da comunicação na Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Allan Rodrigues, o conceito multiplataforma já vale para todas as áreas e os jornais estão se adaptando a essa nova realidade.

“Os impressos estão assimilando as novas tecnologias no que diz respeito às formas de acesso às informações na apuração das notícias no uso de dados disponíveis da internet, no contato com seus leitores via aplicativos de mensagens instantâneas, na adoção de softwares de gerenciamento das redações, na captação de imagens e na tecnologia de impressão”, explica. Houve que dissesse que jornalismo havia morrido, porque todos poderiam publicar informações nesta era digital. A realidade mostrou o contrário. Nunca precisamos tanto de jornalismo quanto agora, pois a preocupação de buscar a informação, checar essas informações, ouvir os envolvidos, ter preocupações ética no relato e se responsabilizar pelo que foi publicado só existe na atividade jornalística. As pessoas recorrem aos sites que fazem jornalismo por esta razão”, acrescenta.

Rodrigues citou o jornal norte americano ‘The San Francisco Examiner’, que colocou seu portal na internet em 1981, publicando online o conteúdo de suas edições impressas. Ele explicou que, atualmente os jornais impressos erram ao reproduzir na internet o que foi pensado e produzido para ser lido em papel jornal. A pauta para o impresso é pensada e executada de uma forma e a pauta para as plataformas digitais precisa ser pensada e executada de forma diferente, pois temos que levar em conta as possibilidades da internet. Logo, reproduzir online o que sai nas páginas impressas não pode ser considerado uma ação multiplataforma”, ressalta.

Para o jornalista do Portal Amazonas Atual, Valmir Lima, que mesmo no ambiente online, os leitores procuram a informação em sites jornalísticos que detêm o conhecimento e a confiabilidade. Ao detalhar a busca dos leitores pelos sites dos jornais, ele cita que as páginas dos tradicionais Folha de S.Paulo, O Estadão e O Globo são os mais vistos. “Os leitores vão atrás dos mais confiáveis, porque a audiência sabe que o conteúdo teve a devida apuração. No nosso site temos essa preocupação e sempre apuramos bem antes de publicar”, afirma. Segundo o jornalista, atualmente alguns sites têm até mais credibilidade que os impressos e ainda ganham pela rapidez da informação. “Se algo factual, o site publica na hora para não perder a audiência”, justifica.

Lima conta que, ao se deparar com uma notícia em um blog é comum buscar em outros portais para confirmar a informação. Ele explica que, isso vem acontecendo ao longo da história, como quando se ouvia algo em uma rádio de menos tradição, ligava para a mais conhecida para confirmar se era verdade. “Dentro do ambiente da internet você vai filtrando as matérias e sempre desconfio de alguma informação, vou atrás das fontes primárias”, destaca o jornalista.

Para o professor da UEA (Universidade Estadual do Amazonas), Jucimar Maia Júnior, apesar de haver ainda uma maciça divulgação de notícias falsas, já existe uma conscientização crescente sobre a necessidade de limpar a internet desses boatos. “Ao ensinar os alunos a não divulgarem e compartilharem notícias falsas, incentivo-os a pesquisar primeiro nas versões online dos principais jornais e revistas. Aquela notícia bombástica que ele divulgar provavelmente estará lá. Senão estiver, é para desconfiar”, comenta. De acordo com ele, as versões online dos jornais e revistas têm suas notícias muito compartilhadas. “E quando a notícia está apenas em um jornal impresso, alguém tira uma foto da notícia e envia pelo WhatsApp. Isso monstra a credibilidade e também a troca de informações”.

Fim do impresso?

De acordo com Valmir Lima, o jornal impresso cada vez mais tem deixado de investir em profissionais qualificados da área e possui redações precárias, além de oferecer conteúdo duvidoso. Esses fatores contribuem para a retração da mídia impressa. “Muitos jornais tem contratado estagiários e embora tenham capacidade, possuem menos condições do que quem tem experiência. O ideal seria mesclar os novos com os mais experientes nas redações”, analisa. Ainda hoje, muitos leitores têm preferência pela compra de jornais no domingo comenta o jornalista. “Mas se for avaliar, não tem nada para ler porque o jornal não aprofunda os fatos, fecha na sexta-feira com conteúdo frio e de qualquer jeito”. Lima afirma que o jornal ainda é tradicional migrando para apenas para as multiplataformas e não acredita que vá deixar de existir. “Mas se não mudarem os conteúdos, ele não deve permanecer tanto mais”, conclui.
Para Allan Rodrigues, a leitura de jornal está se renovando devido aos novos formatos criados com a expansão da internet. Mas alerta que ao tentar concorrer com a internet, o rádio e a TV, o impresso como negócio sustentável pode acabar. “Se alguém compra um jornal impresso hoje tem a impressão que as notícias são de ontem, porque já tinha conhecimento delas por meio de outras mídias não comprará amanhã. Isso será o fim do impresso. Porém, se as pessoas encontram nos diários impressos notícias aprofundadas e inéditas, voltarão a comprar para ter acesso a esse conteúdo exclusivo”, afirma.
Na avaliação de Jucimar Maia Júnior, não significa o fim do jornal impresso, mas sim uma forte retração. “As novas gerações procuram plataformas que facilitem a busca e divulgação de informações.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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