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Jorge Klein conta uma história de amor indígena em seu novo livro

Quem leu o romance ‘Iracema’, de José de Alencar, não pode deixar de ler ‘Acaraéçoot’, de Jorge Klein, que acaba de ser publicado. Enquanto ‘Iracema’ mostra o romance da índia tabajara Iracema, com o português Martim, amigo do povo pitiguara, inimigos dos tabajara, em território cearense; ‘Acaraéçoot’ é a história de Ramaw-Wato, sateré-mawé, e Wama Su Dip, munduruku, igualmente povos inimigos, cujo casal se vê envolto num enredo de tragédia e morte em meio à natureza amazônica.

O romance começa com Klein lembrando de uma viagem sua à cidade de Maués, quando conheceu uma espécie de acará, um peixinho denominado de pataquera cuja característica é não ter medo da presença humana, inclusive se aproximando das pessoas e deixando-se acariciar. Mas essa docilidade lhe custa a vida, pois é pego facilmente pelos pescadores e transformado em isca para peixes maiores. No final de ‘Acaraéçoot’ o leitor vai entender porque Klein faz essa referência ao dócil pataquera.

Jorge Ernesto Klein é figura conhecida no meio literário amazonense. Já tem publicados outros dois títulos: ‘…E a mata virou baladeira’, e ‘Baladeira nunca mais’. Catarinense de São Carlos, já vive em Manaus há quase 40 anos e desde então tem desenvolvido projetos culturais inovadores.

Klein e seus dois outros livros
Foto: Divulgação

O primeiro destes projetos, criado em 2007, e existindo até hoje, é o ‘Navegando e lendo’, no qual Klein disponibiliza os mais variados títulos literários em pequenas estantes dentro de embarcações que partem para os diversos rios amazônicos.

“Nesse projeto, centenas de títulos já foram colocados nas embarcações e, se o leitor desejar ficar com o livro, para ler depois, pode fazê-lo, ainda que o ideal seja que os exemplares permaneçam na estante, para serem lidos depois por outras pessoas”, esclareceu.

Diversos projetos

Outro projeto idealizado e executado por Klein foi a ‘Biblioteca Contêiner Tenório Telles’, inaugurada em 2017. Como o nome já diz, trata-se de uma biblioteca montada dentro de um contêiner localizado numa área verde do conjunto João Bosco, na av. Torquato Tapajós. O contêiner foi doado por uma empresa de navegação, restaurado e devidamente preparado para não mais transportar cargas, e sim abrigar estantes com livros, que também foram recebidos em doação. Atualmente o acervo da biblioteca conta com mais de onze mil títulos e ela está aberta não só para os moradores do conjunto, mas para qualquer pessoa que queira ter a experiência de ler livros numa área verde, ou mesmo dentro do contêiner. O próprio professor e escritor Tenório Telles prestigiou a inauguração da biblioteca e a artista plástica Rosa dos Anjos se encarregou de, literalmente, fazer arte na parte externa da gigantesca caixa de aço.

Biblioteca Contêiner Tenório Telles
Foto: Divulgação

Incansável na idealização e execução de projetos, o mais recente deles, ‘Um por todos e todos pelo livro’, Klein coloca em prática na escola municipal rural Francisca Campos Correa.

“Apenas no primeiro mês do ‘Um por todos…’, 536 livros foram lidos ou estavam sendo lidos pelos alunos. Com pouco mais de três meses de execução do projeto na escola, vários alunos do 4º ao 9º ano já haviam lido 20 ou mais livros, demonstrando claramente que se os alunos não tem o hábito de ler, é por falta de incentivo e apoio. Se os professores assim fizerem, a resposta positiva é imediata”, revelou.

Outros projetos do catarinense ainda estão na gaveta, aguardando a hora, e patrocinadores, para serem executados: ‘Primeiro ato’, ‘Campanha permanente de incentivo à leitura’, ‘Do pré-natal à universidade’, e ‘Parada de leitura’. Enquanto isso ele visita escolas dando palestras sobre livros e literatura.

Quem quiser mais detalhes sobre os projetos de Jorge Klein pode acessar o www.navegandoelendo.com.br

Romance adolescente

Klein ainda prepara o lançamento virtual de ‘Acaraéçoot’, mas já está realizando a pré-venda da edição através do WhatsApp 9 8114-4100. O livro foi selecionado pelo Concurso Prêmio Manaus de Conexões Culturais, da Manauscult, através da Lei Aldir Blanc.

O romance é uma envolvente aventura que se passa numa época em que a tribo sateré-mawé vivia em combates mortais com os temíveis munduruku. O protagonista é Ramaw-Wato, um adolescente, ou melhor dizendo, um curumim-açu, que desde criança é muito admirado entre os sateré, e a jovem Wa Su Dip. Ramaw-Wato recebe a missão de Tupana para acabar com os conflitos entre os arqui-inimigos e nesse meio tempo, cresce espiritualmente, vira herói e é acusado de traição, numa trama cheia de fortes emoções. No trecho abaixo, o destino dos dois adolescentes.

‘Abraçados, cada qual acomodava sua cabeça curvada para o ombro do outro. A pavorosa tempestade de raios, ventos e chuva forte parecia não querer parar, tudo ali dava sinais de se consumar. Após algum tempo, a tempestade de raios cessa, após um curto silêncio, cai um raio sobre os dois jovens e um estrondo muito revolto, ensurdecedor, como se explodisse o peito e a cabeça dos espectadores, finaliza com aquele som do terror’.      

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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