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Jaraqui ganha novas utilidades

Jaraqui ganha novas utilidades

Que um jaraqui frito no prato é insubstituível, disso ninguém duvida. Agora, jaraqui como peixe ornamental ou isca viva para pesca esportiva é uma novidade que está surgindo com o projeto piloto ‘Piscicultura Ornamental’ realizado pela Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) através da Sepa (Secretaria Executiva de Pesca e Aquicultura).

500 exemplares da espécie jaraqui-de-escama-grossa estão sendo selecionadas como matrizes e reprodutores no CTTPA (Centro de Tecnologia, Treinamento e Produção em Aquicultura), em Balbina, no município de Presidente Figueiredo.

“Tradicionalmente tambaqui e matrinxã são criados em cativeiro. Para diversificar a reprodução de peixes, agora estamos testando a criação da pirapitinga e do jaraqui, bem como a curimatã, que ajudam na questão da manutenção do viveiro, comendo algas e fazendo a limpeza do fundo viveiro, e ainda têm a possibilidade de serem vendidos como ornamentais”, destacou Leocy Cutrin, secretário executivo adjunto de pesca e aquicultura.

Além de ter se tornado um patrimônio imaterial de Manaus, o jaraqui, é um peixe ornamental muito procurado, conhecido como Brasileirinho, devido às listras amarelas da cauda. A unidade do peixe pode chegar a R$ 5, ou 6, para o pescador.

“Essas 500 matrizes estão passando por um processo sanitário, de aclimatação, alimentação e maturação nos viveiros. Quando procriarem, possivelmente no próximo ano, seus alevinos serão doados a piscicultores para dar continuidade ao projeto de reprodução de espécies com potencial para aquicultura ornamental e iscas vivas”, destacou Leocy.

Carauaçu, pirarara e tucunaré também estão no projeto.

Fonte de proteína

O engenheiro de pesca, Gelson da Silva Batista, lembrou que existem aproximadamente 3.000 espécies de peixes nos rios amazônicos, e que quase 200 são utilizadas na alimentação da população.

“Na safra, o jaraqui é a principal fonte de proteína das populações ribeirinhas e da população de baixa renda de boa parte das cidades do Amazonas, principalmente Manaus”, lembrou.

Gelson revelou que o jaraqui pode ser encontrado em toda a bacia amazônica e se divide em duas espécies: o jaraqui-de-escama-grossa (Semaprochilodus insignis), que está sendo utilizado pela Sepror; e o jaraqui-de-escama-fina (Semaprochilodus taeniurus).

“O jaraqui-de-escama-grossa é o que comemos comumente em casa, ou nos bares e restaurantes, mas o de escama-fina também pode ser consumido sem problema algum”, avisou.

Alguns peixes são considerados nobres, como o tucunaré, o tambaqui e o pirarucu, pelo fato de seus preços sempre serem altos, mas Gelson considera o jaraqui também um peixe nobre.

“Tem época do ano em que ele é vendido nos mesmos valores do tucunaré e do pirarucu, quando comparado o preço em quilos”, afirmou.

Além do sabor, aprovado por dez entre dez dos seus consumidores, não por acaso o peixe ganhou a frase: veio a Manaus, provou jaraqui, não sai mais daqui, Gelson confirmou que o peixe é excelente para o consumo humano.

“Pois é rico em Ômega 3, proteína, além de ter pouca gordura”, concluiu.

Jaraqui frito

Há 15 anos vivendo em Manaus, o chef carioca Cláudio Procópio se enquadra bem na frase ‘comeu jaraqui, não sai mais daqui’. Além de comer, Cláudio ainda prepara em seu restaurante ‘Taberna do Chef Procópio’, localizado nos altos do mercado Adolpho Lisboa, um prato feito à base de jaraqui que é exclusividade dele.

“Em meu restaurante vendo pratos preparados com quatro espécies de peixes: tucunaré, pirarucu, pacu e jaraqui mas, com certeza, o mais pedido é o jaraqui. Desde sempre o jaraqui foi um peixe popular porque é barato, por isso nunca foi elevado à nobreza de uma caldeirada de tucunaré, uma costela assada de tambaqui, ou um filé de pirarucu à milanesa, mas todos se dobram a um jaraqui frito”, disse.

Para Cláudio, muitos bares e restaurantes, aproveitando o sucesso do nome do peixe, o servem de qualquer maneira, acompanhado apenas de baião de dois e vinagrete.

“Mas aqui na Taberna ele recebe um tratamento especial, uma roupagem nova, e se supera em sabor. Ainda assim, o preço continua popular”, garantiu.

Cláudio destacou que o jaraqui preparado por ele é crocante, empanado com farinha de trigo e fubá, num processo que é só seu. Frita o peixe duas vezes e o tempera com limão e um tempero feito à base de especiarias amazônicas, também resultado de sua criatividade.

“O meu maior prazer é receber no restaurante pessoas humildes ao lado de clientes vestidos com terno, saboreando nossos peixes da mesma forma. Um dos meus clientes assíduos é o desembargador Mário de Mello, presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado), um dos apreciadores do meu jaraqui empanado. O jaraqui é unanimidade”, revelou.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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