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Investimentos estrangeiros superam US$ 4.8 bi

Durante o primeiro semestre deste ano, as empresas estrangeiras demonstraram o firme desejo de se manter na liderança do ranking das que mais investiram no Amazonas.
Dos mais de US$ 8.18 bilhões injetados na capital pelas empresas do PIM (Pólo Industrial de Manaus), US$ 4.84 bilhões são de origem estrangeira. Esse volume financeiro representa 22,24% a mais que o observado no mesmo período do ano passado e é 47,56% superior aos seis primeiros meses de 2006.
Segundo dados da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), através da Coordenadoria Geral de Informações Socioeconômicas, as 34 empresas de capital japonês continuam sendo as que mais investem no Amazonas, ampliando de 38% para 39,24% suas aplicações na região, cujo volume alcançou US$ 1.90 bilhão até junho.
Apesar de serem a maioria entre as estrangeiras e terem saltado de 15,83% para 16,36% nos investimentos, as 41 indústrias estadunidenses foram apontadas pela Suframa na segunda colocação, com US$ 793.39 milhões injetados.
Os dados divulgados pela autarquia levam a crer que o aumento de capital investido colaborou para que a indústria local obtivesse o segundo melhor desempenho semestral dos últimos cinco anos em termos de emprego. No acumulado dos seis primeiros meses, segundo a Suframa, a média mensal de mão-de-obra, entre efetivos, temporários e terceirizados, saltou de 98.666 (2007) para 103.196 neste ano.

Banco Central

Mas analisando os dados divulgados pelo Banco Central, o professor e analista econômico Paulo Rodrigues Franco vê com ressalvas esse crescimento nos investimentos diretos de empresas estrangeiras no Amazonas, pois enquanto as entradas de capital foram apenas um pouco mais do que o dobro, as remessas de lucro para o exterior quadruplicaram.

Maior volume

O especialista argumentou que, apesar do maior volume de investimento direto em relação a outros anos, o país não leva vantagem em relação a outros anos, já que o aumento das remessas de lucros, mesmo nesse período de enxurrada de capital estrangeiro, foi maior do que o aumento das entradas de investimento direto.

Lucro às matrizes

Em nota, Franco apontou que “esta é naturalmente a tendência para os próximos semestres pela simples razão de que o interesse do capital estrangeiro é lucrar aqui para enviar esses lucros às suas matrizes. Não há outra razão econômica para que o dinheiro de fora entre no país para comprar empresas brasileiras ou instalar novas empresas. Aliás, o principal motivo para que uma empresa instale uma filial em outro país ou compre empresas de outro país, é porque pode lucrar mais nesse país do que no seu – devido à mão-de-obra barata ou porque pode colocar nesse outro país as máquinas que já estão obsoletas ou porque recebe favorecimentos do governo desse outro país, ou por todos esses e outros motivos ao mesmo tempo”.

Lucros para o exterior é questão prevista em lei

O presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Maurício Loureiro, entretanto, rebateu a análise do consultor afirmando, também em nota, que a remessa de lucros para o exterior é uma questão prevista em lei. O executivo explicou ser necessário entender que o capital de investimento fabril não se limita somente às fronteiras do país e que o fluxo desses investimentos na área de produção deve ser crescente, assim como seus resultados, traduzindo bons negócios para quem decidir por investir. “Ou seja, se as empresas estrangeiras fazem investimentos no Brasil em dólares, euros ou outra moeda estrangeira e internam recursos no país, estes precisam ser registrados junto ao Banco Central como investimento estrangeiro, que programa as remessas de lucros ao exterior. Diga-se de passagem, essas remessas têm gravames tributários, logo não há o que temer com a chamada ‘fuga’ de dólares ou euros, pois existe previsão legal e limites para elas”, disse Loureiro em nota.
Além do Japão e EUA, seguem no ranking dos que mais investiram no Amazonas, segundo a Suframa, os Países Baixos (US$ 554.62 milhões) com participação de 11,44% do total de investimentos, Finlândia (US$ 437.29 milhões) com 9,02% e Coréia do Sul (US$ 244.57 milhões) com 5,04% do total de investimentos.
O resultado da entrada de capital estrangeiro nos últimos cinco anos é que o próprio Banco Central projeta para 2008 um déficit de USS$ 21 bilhões nas transações correntes, o qual espera que seja financiado através de IED, estimado em US$ 35 bilhões. Caso se confirme esta previsão, isso significaria mais remessas de lucros, sempre aumentando em grau maior do que a entrada de capital estrangeiro, sobretudo quando a matriz está em crise. Porém, apesar das perspectivas do Banco Central, já neste primeiro semestre os investimentos estrangeiros diretos (US$ 16.70 bilhões) não foram suficientes para cobrir o rombo de US$ 17.40 bilhões nas contas externas, causado principalmente pe­la remessa de lucros.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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