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Intenção de consumo em Manaus cresce em novembro

Intenção de consumo em Manaus cresce em novembro

O consumidor de Manaus retomou a confiança, em novembro, mas a melhora não foi significativa, nem suficiente para retornar ao nível de satisfação. Com isso, o índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) subiu com menos força em nível local, quando comparado à média nacional. Apesar da relativa melhora, as incertezas quanto ao emprego e à carreira profissional ainda pesam mais do que as facilidades de crédito, contribuindo para um nível de consumo menor, especialmente para quem ganha menos. Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O ICF de Manaus voltou a subir em novembro, após a queda do mês anterior e subiu de 58 para 58,6 pontos. Apesar da suave alta em relação a outubro de 2020, o indicador ficou novamente bem aquém do patamar de 12 meses antes (104). Pela sétima vez seguida, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos), sendo a sexta ocasião em que não supera os 60 pontos. Na média brasileira, o indicador cresceu 0,8% (69,8 pontos). Foi a melhor marca desde maio de 2020 e o terceiro aumento seguido, mas também o pior desempenho para meses de novembro desde 2010. No comparativo anual, houve recuo de 26,7%. 

Dois dos sete componentes do ICF ficaram negativos em Manaus. Compra a Prazo/Acesso ao Crédito (-9,5%) e Emprego Atual (-2,2%) registraram performances piores do que as do mês anterior (-7,2% e -1,7%, respectivamente). Em contraste, os melhores dados vieram de Perspectiva Profissional (+17,5%), Nível de Consumo Atual (+9,8%) e Momento para Duráveis (+8%), embora Renda Atual (-7,3%) e Perspectiva de Consumo (+5,5%) também tenham avançado. Em outubro, os respectivos percentuais foram +7,1%, 8,5%, +1,9%, -7,3% e -5,1%. 

As intenções de compras foram novamente refreadas pelas percepções negativas sobre o consumo atual, que avançou, mas se ainda manteve em nível acentuado de insatisfação (24,9 pontos). Nada menos do que 84% dos entrevistados relatou estar comprando menos do que no ano passado – e esse percentual sobe para 84,3%, entre os que recebem menos do que dez salários mínimos. Apenas 8,9% dizem que estão comprando mais e 6,4% afirmam que está tudo na mesma. No mês anterior, os respectivos percentuais foram 85,6%, 8,2% e 5,7%.

A ida às compras é refreada também pelas perspectivas de consumo dos manauenses (48,3 pontos), que também ficou abaixo dos 50 pontos, de novo. Em torno de 71,7% das famílias considera que seus dispêndios serão menores nos próximos meses, em relação a 2019, sendo que aqueles que ganham menos de dez mínimos (72,6 pontos) são os mais pessimistas. Uma parcela de 19,9% aposta que ainda será maior e outros 7,5% avaliam que seguirá igual – contra 72,6%, 20% e 6,6%, em setembro. 

Emprego e crédito

Outro fator que limita as intenções de consumo vem da situação atual do emprego (88,6 pontos). Embora se mantenha no nível de satisfação, o indicador piorou na comparação com outubro (90,5) e setembro (92,1). A maioria ainda se sente “menos segura” (31,3%) ou simplesmente está desempregada (24,4%), enquanto apenas 19,9% estão “mais seguros” – 28%, 29,2% e 18,5%, em outubro. 

O mesmo se deu nas perspectivas profissionais (59,8 pontos), onde a percepção majoritária (68,4%) é negativa, em detrimento dos otimistas (28,1%). Apesar de os dados se manterem em patamares desfavoráveis, houve melhora sensível na comparação com os resultados de outubro (73%, 23,9%). Mas, assim como nos meses recentes, a insegurança presente é maior para quem ganha mais, enquanto as perspectivas são piores para quem recebe menos. 

Apesar da queda ante outubro (115,8 pontos), a percepção dos manauenses em relação ao crédito se manteve satisfatória em novembro (104,7 pontos). Para 49,7% dos entrevistados, o acesso está mais fácil, enquanto 45% já dizem que ficou mais difícil – contra os 55,5% e 39,8% do mês anterior, respectivamente. O cenário de piora se reflete na perspectiva de aquisição de bens duráveis (42,8 pontos): 78,2% das famílias garantem que este não é o momento adequado para isso e apenas 21% acham que sim. Em ambos os casos, a percepção é mais negativa para os que têm renda maior.

Quadro recessivo

O assessor econômico da Fecomercio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), José Fernando Pereira da Silva, considera que, a pesquisa confirma “claramente” que o quadro atual da economia ainda é recessivo. Em sintonia, o economista reforça que mais de 30% dos consumidores de Manaus aparecem no estudo cravando que o emprego está menos seguro, enquanto outros 24% estão sem ocupação remunerada. 

“Isso é um indicador muito claro de que as famílias estão muito preocupadas com o futuro imediato. Da mesma forma, um número bastante elevado vê de forma negativa suas perspectivas profissionais, apontando para perspectivas ruins de emprego. Em torno de 84% dizem que estão consumindo menos, embora as compras a crédito tenham ficado mais fáceis. Esperamos que essa situação seja passageira e que, muito em breve, nossa economia se recupere”, ponderou.  

Poder de compra

Em texto distribuído à imprensa, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, observa que o item relacionado à renda se destacou nos números nacionais da pesquisa, voltando a subir (+0,2%) depois de sete quedas consecutivas e chegando a 77 pontos – após atingir o menor patamar da série histórica em outubro. “Os dados mais positivos da economia estão incentivando as famílias a ficarem mais confiantes em relação ao seu poder de compra futuro, o que explica este avanço no indicador da renda atual”, ressaltou. 

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, aponta que os resultados da pesquisa reforçam a confiança dos brasileiros na recuperação econômica. “A melhora das percepções em relação ao mercado de trabalho e a continuidade do auxílio emergencial, mesmo em valor menor, foram o suficiente para levar segurança para os consumidores, principalmente no longo prazo”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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