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Insegurança fragiliza investimentos

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O cenário de instabilidade política no Estado e também no país gera insegurança ao empresário que projeta investir no PIM (Polo Industrial de Manaus) e no comércio amazonense. Representantes da indústria afirmam que a determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, de suspender o pleito eleitoral no Amazonas e manter a permanência do governador interino David Almeida, no cargo, resultou no cancelamento de encontros que poderiam desencadear a atração de novas indústrias ao polo. Conforme os consultores, os investidores nacionais e estrangeiros continuam demonstrando interesse pela operação no parque fabril, porém, os contratos não chegam a serem fechados e assinados.

De acordo com o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, o clima de tensão vivenciado pelos amazonenses nos últimos dois dias, decorrentes da determinação delegada pelo ministro Lewandowski, somado à possibilidade de interrupção no mandato do presidente Michel Temer, afeta quase que de forma instantânea as ações de fomento à atração de novos investimentos. Ele relata que reuniões que deveriam acontecer na próxima semana entre os representantes da federação e empresários nacionais, foram canceladas sem motivos considerados por ele como justificáveis. Para Silva, a interrupção nas tratativas empresariais foram motivadas pelas turbulências do cenário político local.

“Esses acontecimentos deixam qualquer investidor inseguro. A indústria fica à deriva em meio a todos os fatos políticos e tudo isso afeta a economia como um todo. Houve uma mudança de governo e consequentemente uma alteração em secretarias, como a Sefaz (Secretaria do Estado da Fazenda), o que poderá acontecer novamente em caso de mudanças”, disse. “As reuniões que tínhamos agendado por meio da federação com investidores para a próxima semana, foram canceladas a pedido dos empresários nacionais. Tudo o que está acontecendo gera insegurança”, completou.

O economista e consultor, José Laredo, comenta, com base nas consultorias que ele realiza, que os empresários nacionais e estrangeiros continuam demonstrando interesse pela instalação das empresas na capital com o usufruto da concessão dos incentivos fiscais. Porém, boa parte dos contratos não são fechados.

“Os empresários mais esclarecidos observam a situação política do Estado, analisam, antes de trazer investimentos. Mas, outros investidores não buscam tantas informações. Quando recebemos indagações tentamos amenizar esses efeitos relacionados à economia porque sabemos que são ocorrências passageiras e a ZFM (Zona Franca de Manaus) tem vigência até 2073, conforme constituição. O que determina a vida de empresas para o PIM , ou não, é a economia. Registrei aumento de 10% nas consultas por parte de empresários no primeiro semestre deste ano em relação ao primeiro semestre de 2017, mas esse volume total não chegou ao fechamento”.

Segundo o presidente da assembleia geral e do conselho superior da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra, o comércio também sente o impacto negativo decorrente de instabilidades nos segmentos político e econômico. Ele prevê que a vulnerabilidade a qual o Brasil está submetido poderá afetar negativamente os números do comércio local nos próximos meses.

“A vulnerabilidade gera insegurança para projetos futuros. O prejuízo que o Amazonas está sofrendo vai repercutir fortemente no futuro. Como um empresário vai decidir investir em um local conturbado. Logo, se não há investimento é impossível ter aquecimento na economia e geração de emprego e renda”, analisou.

Para o presidente da FCDL-AM (Federação do Comércio das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury Benzion, o comércio sente os impactos decorrentes das mudanças políticas no Amazonas desde a saída do ex-governador José Melo do cargo, isso somado ao efeito crise econômica nacional. O empresário considera que a entrada de um novo governador, neste período, pode deixar a classe empresarial ainda mais apreensiva devido a expectativa dos acontecimentos e definições posteriores determinadas pelo novo gestor. “Quando aconteceu a transição entre Melo e David Almeida houve impacto com relação aos investimentos. Agora, se tivermos um novo governador ainda neste ano teremos que aguardar para ver o que vai acontecer. Dependemos muito da economia nacional para que a indústria produza e gere capital, emprego para que aumente o consumo”, analisou.

Insegurança atinge setor termoplástico
O presidente do Simplast (Sindicato da Indústria de Material Plástico de Manaus), Celso Zilves, comenta que o setor de fabricantes de material plástico também sofre com as alterações constantes na economia e na política tanto do Estado como do Brasil. “Os últimos acontecimentos no Amazonas têm gerado pessimismo no setor industrial e o subsetor plástico sofre um pouco mais porque fabrica itens considerados como supérfluos como peças para motocicletas e ar-condicionados. Em meio ao cenário de incertezas o consumidor retrai as compras com receio do desemprego. Todos esses novos acontecimentos podem afetar ainda mais a demanda e gerar mais desemprego”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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