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Inpa, os cortes do atraso

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Nos próximos dias 06/07 de junho, Manaus abrigará a 2ª Conferência Internacional sobre os Processos Inovativos na Amazônia para promover interfaces entre Institutos de Ciência e Tecnologia, empresas e novos investidores. Este evento, planejado pelo INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, antes do anúncio de cortes de 25% em suas verbas, o que traduz o desconhecimento de sua importância estratégica e vocação de transformar a realidade amazônica. O Instituto existe há 66 anos, graças à insubordinação de alguns cientistas brasileiros que se recusaram a entregar o inventário e os benefícios da biodiversidade aos interesses internacionais do Instituto da Hileia Amazônica. Pena que o país ainda não tenha acordado para esse presente dos céus. 

Hoje, essa história de brasilidade se repete a cada dia na medida em que a instituição sobrevive graças aos esforços heróicos de seus estudiosos, todos atentos para ver seus estudos e coleções colocados à disposição da sociedade. A maior parte das pesquisa têm foco nos meandros da ecologia, zoologia e botânica. Seu herbário registra mais de 240 mil exemplares registrados – quase a mesma quantidade que os ingleses levaram da Amazônia para o Museu Botânico de Kew Gardens, nos arredores de Londres, no Século XIX. 

O mundo civilizado precisa de madeira de origem manejada e certificada. Para dar um exemplo, a Xiloteca do INPA disponibiliza aproximadamente 11 mil amostras de madeira. E seus programas são reconhecidos e prestigiados pela comunidade científica mundial: a Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) e sete Projetos da Rede de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCTs, todos com linhas de investigação urgente na ótica das demandas da Humanidade.

 Qualquer país sério aportaria recursos de toda ordem para estruturar, sofisticar e redimensionar as pontes de interação deste Instituto com o mercado, para atendimento das demandas globais de alimentos funcionais, dermocosmética integral e fitoterápicos na direção de uma medicina preventiva e holística. 

A Conferência ocorre depois de quatro anos em que os Ministérios da Ciência e Tecnologia, em conjunto com o Meio Ambiente e do Desenvolvimento, perceberam a necessidade de flexibilizar o acesso à biodiversidade, como premissa sagrada de instalação de uma cultura inovadora na área de Bioeconomia. O evento, também, foi planejado antes do anúncio do corte e da condenação da pesquisa e inovação tecnológica como vetor da prosperidade geral, daí sua importância. 
 
Há muito o que caminhar nessa direção de negócios, sobretudo porque os produtores da burocracia, que regem a atividade local e regional, redigem portarias extensas e quase sempre incompreensíveis, a partir  de Brasília, para ordenar as transações econômicas em nossa região. As portarias impõem dificuldades e dão brechas às operações de desembaraço com facilidades. Longe de estimular a fluidez das oportunidades, são portarias pródigas em geração de taxas, impostos e multas que assustam o investidor. A cultura arrecadatória é infinitamente mais ativa do que a fomentadora de empreendimentos. 

Para agravar, os gargalos continuam sendo a pouca disponibilidade de recursos financeiros e de políticas claras de C&T&I que foquem o estudo e o desenvolvimento tecnológico a partir dos saberes consolidados de nossa biodiversidade para ajudar o Brasil a empinar. Um mutirão de parcerias se impõem para demonstrar nossas habilidades em harmonizar economia com os acervos da ecologia em nome da prosperidade regional. Vida longa ao INPA!!!

* Alfredo é filósofo e ensaísta 
 

Alfredo Lopes

Escritor, consultor do CIEAM e editor-geral do portal BrasilAmazoniaAgora
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