Você gosta de insetos, não aqueles que nos perturbam, mas os que ajudam a manter o equilíbrio da natureza, sim, porque até o menor deles dá sua contribuição para o planeta. Então vai a dica: ler o livro ‘Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia’, cuja primeira edição foi lançada pela editora do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), em 2012, e agora retorna em segunda edição, revisto e ampliado.
“A importância desse livro é que ele fornece informações entomológicas básicas, atualizadas, sobre morfologia, biologia, métodos de coletas e de fixações, fisiologia, filogenia, biogeografia, e principalmente classificações e chaves para identificação da fauna dos insetos do Brasil”, explicou o pesquisador José Albertino Rafael, editor sênior da editora do Inpa. Albertino é entomólogo (pesquisador de insetos) com mais de 40 anos de atuação na Amazônia.
Essa nova edição reúne, ainda, conhecimentos gerais sobre a excelência dos insetos para o setor agrícola e as áreas médica e veterinária, referentes às 28 ordens e 679 famílias de insetos com registros para o Brasil.
“Demoramos mais de dez anos para lançar a segunda edição porque foi necessário atualizar tudo o que havia sido publicado na primeira. A ciência é dinâmica e as informações de hoje estão passíveis de mudanças, principalmente as classificações. Então, depois de 12 anos houve a necessidade de organizar a segunda edição, atualizada e ampliada, para que sirva de base na formação de futuros pesquisadores e professores”, falou.
O livro foi organizado por cinco editores, os mesmos da primeira edição: José Albertino Rafael (Inpa), Gabriel Augusto Rodrigues Melo (UFPR), Claudio José Barros de Carvalho (UFPR), Sônia Casari (USP) e Reginaldo Constantino (UnB). Possui 880 páginas e é composto pelo trabalho conjunto de 97 autores, todos especialistas com atuação em diversas instituições do Brasil e do exterior.
Espécies desconhecidas
Em ‘Insetos do Brasil’, os editores destacam que muitas espécies de insetos ainda são desconhecidas pela ciência e podem desaparecer sem nunca serem catalogadas pelos taxonomistas. Antes que esta fauna desapareça é preciso de uma base sólida para a formação de especialistas a fim de que se possa conhecer o máximo possível da riqueza que ela representa, onde as espécies habitam e como interagem na natureza.
“Os insetos são fundamentais para o equilíbrio ambiental e a sobrevivência das demais espécies, dentre elas, a humana”, afirmou Albertino.
“Porém, é muito difícil avaliar o efeito da extinção de uma espécie, se benéfica ou maléfica. Certo é que todas as espécies têm sua função na natureza, mas o homem ainda não conhece as funções de todas as espécies, mesmo porque, milhões de espécies, principalmente de insetos, ainda são desconhecidas e precisam ser descritas e nomeadas. É importante realçar que o homem tem a obrigação moral de conhecer todos os organismos com os quais convive na natureza, saber seus papéis, saber onde vivem e porque lá vivem. Isso inclui desde os organismos invisíveis ao olho humano até os grandes animais”, completou.
O livro destaca a fauna brasileira, independentemente do bioma onde ocorrem, não realçando a fauna deste ou daquele bioma, mas passando informações gerais sobre todos os grupos, sem omitir nenhum deles com registros para o Brasil, o país mais diverso na fauna de insetos.
Lançado em breve
O Brasil possui a maior riqueza de espécies de insetos do mundo, atualmente com cerca de 91 mil espécies conhecidas, 73% de um total de cerca de 125 mil espécies de animais registradas para o país. Os insetos têm grande impacto sobre todas as atividades humanas, especialmente na produção de alimentos, com a polinização, na saúde pública, os transmissores de agentes causadores de doenças, e até contribuindo com investigações policiais, ajudando na resolução de crimes por meio do conhecimento da biologia dos insetos necrófagos, e na ciclagem de nutrientes eles exercem um importante papel na manutenção do equilíbrio ambiental e da vida.
“Com certeza ‘Insetos do Brasil’ é um livro útil a qualquer pessoa interessada em conhecer mais sobre os insetos, desde colecionadores amadores, professores e profissionais de outras disciplinas da área biológica”, concluiu.
Os editores salientam que um dos principais desafios para conhecer a nossa biodiversidade e seu potencial é investir na formação sólida de cientistas especializados em taxonomia. Segundo eles, o déficit atual agrava a avaliação da perda de biodiversidade causada pelas alterações ambientais.
‘Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia’ será lançado durante o 35º Congresso Brasileiro de Zoologia, que acontecerá de 26 a 28 de fevereiro, em Porto de Galinhas/PE e qualquer pessoa pode adquiri-lo gratuitamente, baixando o pdf no link: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/40223. Em breve estará disponível na versão impressa.
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