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Indústrias triplicam acordos trabalhistas em fevereiro

Em fevereiro, o número de acordos das empresas com os funcionários, incluindo a redução de jornada e suspensão temporária dotrabalho, triplicou em relação a janeiro, alcançando 916 postos, mas com tendência a atingir pelo menos mais 300 até metade de março.
A produção de eletroeletrônicos, setor que mais procedeu com esse tipo de acordo, foi a mais afetada pela crise no PIM (Polo Industrial de Manaus).
O diretor de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos, Sidney Malaquias, explicou que, apesar do posicionamento contrário em relação à suspensão temporária de contratos, a entidade representativa dos operários entende a medida como uma saída razoável para evitar demissões em massa no Distrito Industrial. Efeito da turbulência no mercado financeiro ou apenas ação preventiva para inibir espasmos no faturamento, a suspensão do contrato de trabalho dá indícios de que o setor eletroeletrônico pode se retrair ainda mais até o início de julho, segundo frisou o representante sindical dos trabalhadores.
Malaquias divulgou que além da Phillips, que pôs em compasso de espera 230 trabalhadores em janeiro, Proview (250), Salcomp (466) e Moto Traxx (200) foram as que mais consolidaram a medida em fevereiro. Esse número pode sofrer alterações até o fim de março, entretanto, segundo foi apurado no próprio Sindicato dos Metalúrgicos, que já recebeu o sobreaviso da Panasonic, que pretende suspender temporariamente de 200 a 300 contratos. “Dentro desse número de contratos suspensos, foram salvos quase 1.300 empregos, cuja rescisão já havia sido redigida. Se todas as empresas de eletroeletrônicos do Distrito Industrial tivessem tomado essa mesma iniciativa, talvez os números de demissões tivessem sido menor em janeiro”, considerou.

Suspensão temporária é vantajosa para as duas partes, diz executivo

Na opinião do diretor da Proview Eletrônica, Giovanni Nóbrega, a suspensão temporária do contrato de trabalho tem caráter particularmente bom para ambas as partes envolvidas, já vem acompanhada com a garantia do pagamento de salários e a contagem do tempo de serviço para fins de aposentadoria. Segundo o executivo, a grande vantagem para a empresa que adere à medida está na possibilidade de os trabalhadores aumentarem a capacitação através de novos cursos de tecnologia e manutenção.
Nóbrega explicou que, nos últimos três anos, houve reajustes salariais coletivos com ganhos reais aos empregados entre 1% e 2% acima dos índices de inflação do período. No entanto, contou o diretor, em função do agravamento da crise econômica, a maioria das empresas (cerca de 62%, segundo o boletim da Fipe) trabalha com a expectativa de apenas reposição plena da inflação. “Seria inquietante afirmar que a crise não atingiu os níveis de produção da Proview, mas é justamente através de medidas como as suspensões de trabalho que queremos minimizar os efeitos para o trabalhador. Claro que, nesse primeiro momento, para a adequação do volume fabril atual, é necessário algum ajuste no número atual de funcionários”, revelou.
Na avaliação do economista e diretor da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), Nicola Tingas, desconsiderando as movimentações (contratações e demissões) do quadro de empregados na indústria, a previsão para o crescimento da folha de pagamento em 2009 situa-se em torno de 7% para o mercado geral, ou seja, percentual superior à meta de inflação estabelecida pelo governo de 4,5% para o IPCA. Em nota, citando a Pesquisa de Remuneração Total no Brasil (Strategic Compensation Survey), na qual se contempla os reajustes salariais coletivos e individuais realizados entre junho e novembro de 2008, bem como as previsões para 2009 de entidade como CNI e Ministério do Trabalho, o especialista disse que, enquanto nas economias mais desenvolvidas, os impactos da crise tendem a ser mais significativos, as indústrias nacionais tem visão mais otimista em relação ao evento. “Observa-se que, por enquanto, os profissionais de recursos humanos no país possuem uma visão mais otimista, pois 62% das empresas reportaram com expectativa a manutenção dos postos de trabalho, enquanto outras 21% esperam um aumento de quadro. Em relação às novas vagas previstas para 2009, somente 2% das empresas acreditam que estas sejam eliminadas. Essa é uma boa notícia para os trabalhadores”,considerou o economista.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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