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Indústria imobiliária do Amazonas bate recorde no 2º trimestre

A indústria imobiliária do Amazonas encerrou o segundo trimestre de 2021 com faturamento recorde de R$ 304 milhões, segundo dados divulgados pela Ademi-AM (Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas), nesta terça (3). A entidade destaca que este foi o melhor trimestre da série histórica – iniciada em 2016 – em termos de comercialização de imóveis novos. O número mais próximo desse resultado foi o do terceiro trimestre de 2020 (R$ 297 milhões) – registrado em meio ao boom das vendas, no período pós-primeira onda.

Na comparação com os números apresentados no trimestre iniciado em janeiro – em meio ao começo da segunda onda de covid-19 no Amazonas – e encerrado em março deste ano (R$ 162 milhões), o crescimento foi de 87,65%. No confronto com os registros do segundo trimestre do ano passado (R$ 221 milhões), o incremento no VGV (valor geral das vendas) do setor imobiliário do Amazonas foi de 37,56%.

De janeiro a junho deste ano, a indústria imobiliária amazonense contabilizou R$ 466 milhões em vendas de imóveis, o que corresponde a um crescimento de 9,39% sobre a base do primeiro semestre de 2020. Na análise da Ademi-AM, os resultados superaram as expectativas do setor, dado o cenário comparativamente pior do começo de 2021, impactado pelo rescaldo econômico da segunda onda da pandemia e da escalda da inflação nos insumos da construção civil. 

A Ademi-AM aponta ainda que o acumulado de abril a junho de 2021 não foi crescente para as empresas do Amazonas apenas em valores, como também na quantidade de unidades imobiliárias vendidas (1.419), sendo o maior trimestre já registrado desde o início da série histórica, nesse tipo de comparação. A comparação com o trimestre anterior (724) apontou alta de 95,99%, enquanto o confronto com o mesmo período de 2020 (995) indicou aumento de 42,61%.

Do total das vendas, 90,63% (1.286 unidades) eram unidades residenciais e 1,83% (26) eram voltadas para fins comerciais. No primeiro o caso, o destaque veio novamente do padrão econômico (887), que respondeu por 68,97% dessa fatia. Na sequência vieram os demais padrões verticais (399) e horizontais (107), que corresponderam a parcelas respectivas de 31,02% e de 8,32%, do volume comercializado no segmento residencial. Em relação às vendas dos bancos, foi vendida uma única unidade dos demais padrões. 

Os bairros e conjuntos de Manaus que representaram juntos 69,2% das unidades vendidas foram Parque Mosaico (507), Colônia Nova Terra (147), Jardim Manaus (142), Tarumã (125), Novo Israel (109) e Lago Azul (106). Cinco bairros da capital amazonense representaram 70,2% das unidades distratadas: Tarumã (50), Lago Azul (34), Jardim Manaus (31), Lírio do Vale (25) e Colônia Terra Nova (16).

“Apetite dos bancos”

Na análise do diretor da Comissão da Indústria Imobiliária da Ademi-AM, Henrique Medina, assinala que vários fatores contribuíram para o resultado do segundo trimestre de 2021, um período. Um deles foi o represamento das vendas do trimestre anterior, em função da segunda onda de covid-19 no Amazonas. “Desde 2016 que não vendemos tanto em um trimestre. Vínhamos de vendas muito baixas e aquém de nossa capacidade. Março começou a melhorar, mas tivemos ainda um primeiro trimestre ruim”, acrescentou.

Outro motivo listado pelo dirigente é a taxa de juros ainda relativamente baixa e “extremamente atrativa”, a despeito do movimento ascendente do Copom (Comitê de Política Monetária) com a taxa básica de juros, nos últimos meses.  No entendimento de Medina, o “apetite dos bancos” continua sendo um grande motivador para o mercado, seja pelo crédito de FGTS voltado para produtos econômicos do programa Casa Verde e Amarela, seja pelos recursos do SBPE (poupança) direcionados a imóveis acima de R$ 190 mil. 

“Os bancos estão hoje em uma concorrência muito grande para atrair clientes. Isso é muito bom, porque a cada mês temos uma nova modalidade de crédito. A Caixa Econômica está querendo aumentar seu share de participação no financiamento imobiliário, visto que o banco libera no segmento do FGTS. É uma briga muito grande que faz com que o maior beneficiado seja o cliente”, salientou.

Outro fator citado pelo diretor da Comissão da Indústria Imobiliária da Ademi-AM é a inflação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Médio), que atualiza os preços dos aluguéis e que está em uma posição “extremamente elevada” e acima da marca dos 20%, fazendo com que muitos locatários queiram trocar o aluguel pelo sonho da casa própria. Os juros ainda comparativamente baixos para os padrões brasileiros ajudariam na transição.

As mudanças nos hábitos de consumo trazidas pela pandemia, com o “ressignificado da moradia”, também teriam ajudado a inflar o mercado, conforme o executivo. “Depois da primeira onda, o mercado vem mudando bastante, com muita gente fazendo home office e muitas escolas ainda trabalham na modalidade híbrida. As pessoas precisam de um espaço maior e mais seguro em suas casas”, justificou.   

“Passos largos”

Os lançamentos imobiliários do Amazonas andam “a passos largos”, de acordo com Medina. No segundo semestre, foram lançados cinco empreendimentos, sendo um convencional e quatro do Casa Verde e Amarela. O estoque, por outro lado, seguiria em sintonia com o ritmo da oferta, para diminuir no trimestre seguinte, ao sabor das vendas. “Nosso estoque atual é de 5.000 unidades, entre Manaus e Iranduba. Quando comparado com a velocidade de venda, e o tempo de duração desse estoque, o número é baixo. Se não lançarmos mais nenhum empreendimento nos próximos meses, vamos zerar esse estoque em aproximadamente nove ou dez meses”, acrescentou.

As projeções da Ademi-AM para o terceiro e quarto trimestre seguem positivas, seja pela sazonalidade, seja pelo represamento de empreendimentos pela burocracia no licenciamento ambiental. Mas, Medina vê obstáculos no caminho, como a retomada dos reajustes da Selic e a falta de insumos para a construção civil – com impactos nas margens de lucros e nos preços dos imóveis. “É importante seguirmos otimistas, mas atentos a esses problemas. Nossa expectativa é encerrar o ano com R$ 1,05 bilhão em vendas e aumento de 10,52% em relação a 2020. É um número satisfatório. Agora, para que isso aconteça, precisamos reunir as condições para o mercado avançar”, encerrou.  

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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