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Indústria do PIM fecha julho no azul

Indústria do PIM fecha julho no azul

O Amazonas registrou, em julho, sua primeira variação anual positiva na produção industrial desde a eclosão da pandemia, com incremento de 6% sobre o mesmo mês de 2019. A expansão foi ainda maior sobre junho, mês de reabertura do comércio em Manaus e em diversas capitais no país. O desempenho, contudo, ainda é insuficiente para repor as perdas do ano, que ainda se situam na casa dos dígitos. É o que mostram os dados da pesquisa mensal para o setor, divulgada pelo IBGE, nesta quarta (9).

Depois de avançar 67,3% no levantamento anterior, a atividade industrial amazonense reduziu a marcha, mas manteve crescimento de dois dígitos, com alta de 14,6%, na passagem de junho para julho de 2020. O setor também fechou no azul na comparação com o mesmo mês de 2019 (+6%), pela primeira vez desde janeiro. Os acumulados do ano (-15,9%) e dos últimos 12 meses (-4,8%), no entanto, ainda ficaram devendo.

O crescimento da industrial amazonense na variação mensal de julho superou a média nacional (+8%), mas não impediu que o Estado caísse do primeiro para o terceiro lugar, entre as 14 unidades federativas pesquisas pelo IBGE. O Amazonas só ficou atrás do Ceará (+34,5%) e do Espírito Santo (+28,3%). Na outra ponta, Mato Grosso (-4,2%), Espírito Santo e Bahia (ambos empatados com -0,3%).

O crescimento sobre julho de 2019 fez a indústria local subir da oitava para a segunda posição do ranking mensal do IBGE, em um patamar bem acima da combalida média brasileira (-3%). O Amazonas só perdeu para Pernambuco (+17%), mas ganhou de Goiás (+4%). Em contraste, os piores desempenhos vieram de Espírito Santo (-13,4%), Paraná (-9,1%) e Pará (-7,5%).

Apesar da retração apresentada no acumulado dos sete meses iniciais do ano, o Amazonas se segurou na 12ª colocação, mas perdeu para a média brasileira (-9,6%). O Estado só ficou à frente do Espírito Santo (-19,7%) e do Ceará (-18,2%). Em contrapartida, os melhores desempenhos vieram do Rio de Janeiro (+2,1%), Goiás (+1,7%) e Pernambuco (-0,7%), em um panorama com apenas duas unidades federativas com crescimento de produção.  

Discos e barbeadores

Na comparação de junho com o mesmo mês do ano passado, a produção das indústrias extrativas despencou 15,3%. A indústria de transformação foi puxada para baixo apenas pelas linhas de produção de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com 21,1%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (gás natural, com -7,6%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, micro-ondas, condutores e baterias, com -6%).

Seis dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas conseguiram fechar no azul, na mesma comparação: impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com +90,1%), produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear e estruturas de ferro, com +24,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares e computadores, com +18,8%), bebidas (-8,7%),“outros equipamentos de transportes” (motos, com +3,7%), e produtos de borracha e material plástico (+0,4%). 

No acumulado do ano, as únicas atividades da indústria de transformação que alcançaram incremento foram impressão e reprodução de gravações (+33,9%) e máquinas e equipamentos (+2,8%). Do outro lado, as principais influências negativas vieram das divisões industriais de “outros equipamentos de transportes” (-23%) e bebidas (-18,4%) e produtos de borracha e material plástico (-16,3%). 

Desafio de crescer

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, não soube apontar o motivo do descolamento do subsetor de impressão e reprodução de gravações, lembrando que este “cresce por demandas”. O pesquisador salientou, por outro lado, que os números globais da manufatura amazonense apontam para um saldo positivo, em que pesem as perdas acumuladas do setor.

“Os dados de julho mostram que a indústria local continua em crescimento. Tivemos mais segmentos com aumento de produção do que com queda de nível de atividade. O comparativo com igual mês do ano passado já foi positivo em julho. Agora, temos apenas cinco meses para crescer 16% e fechar o ano de forma positiva. É um desafio que dependerá de muitas circunstâncias nos próximos meses”, avaliou.

“Novo tempo”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, disse que os dados apresentados pelo IBGE são mais uma pesquisa que vem comprovar a recuperação que ocorre na indústria amazonense, mas reforçou que a tendência ainda é de crescimento gradativo – embora consistente. Os resultados positivos mês a mês, lembra o dirigente, ainda estão longe de recuperar as perdas provocadas pela “crise pandémica”, embora a expectativa do setor seja de dados mais favoráveis com a proximidade das festas de fim de ano.

“Isso, apesar das várias restrições de aglomerações e fluxo mais intenso de pessoas. É um novo tempo, de adaptações e oportunidades, que haveremos de superar. Em julho, já tivemos um crescimento de faturamento de 10,6% conforme pesquisa por amostragem das empresas mas representativas do PIM, levantadas pela CNI. É um resultado comprovado agora, com a pesquisa do IBGE, que apresenta um aumento de produção de 14,6%. Com paciência e trabalho suplantaremos todas as dificuldades, contando também com a ajuda divina”, afiançou.

“Demanda reprimida”

No entendimento do presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge Nascimento Júnior, ainda pairam dúvidas se o crescimento é consistente ou pontual. “Temos que ver se isso decorre de uma demanda reprimida, ou se realmente é sustentável. O valor do auxílio emergencial foi reduzido e as medidas de proteção ao emprego também acabaram. Vamos ver como a economia vai se comportar sem essas medidas. Os números de agosto e setembro devem nos dar uma ideia melhor do que está acontecendo”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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