Pesquisar
Close this search box.

Indústria do Amazonas tem a maior alta do país em março

A indústria amazonense interrompeu uma série de três quedas mensais seguidas e registrou a maior alta do país, entre fevereiro e março, em sintonia com as flexibilizações dos decretos. O crescimento anual de dois dígitos foi puxado pelos segmentos de bebidas, plásticos e motocicletas, entre outros – sendo fortalecido também pela fraca base de comparação. O desempenho do Estado seguiu na contramão da média nacional e dos impactos do avanço da segunda onda de covid-19 nas demais unidades federativas. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE e foram divulgados nesta terça (11).

A produção industrial do Estado voltou ao campo positivo em praticamente todas as comparações, no terceiro mês de 2021. A atividade avançou 7,8%, na passagem de fevereiro para março deste ano, e ficou 22,5% acima do patamar de março de 2020 – contra -0,7% e -9,9%, no levantamento anterior. Com isso, a indústria amazonense conseguiu voltar ao azul no desempenho do primeiro trimestre (+0,3%), mas ainda ficou devendo no acumulado dos últimos 12 meses (-5,2%). 

Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas (+7,8%) bateu com folga a média nacional (-11,6%), entre fevereiro e março de 2021, levando o Estado a decolar do sexto para o primeiro lugar do ranking nacional do IBGE, que analisa as indústrias de 14 unidades federativas. Pará (+2,1%) e Minas Gerais (+1,7%) vieram na sequência, enquanto Ceará (-15,5%), Rio Grande do Sul (-7,3%) e Bahia (-6,2%) ficaram no rodapé.

O acréscimo registrado na variação anual de março (22,5%) fez o Estado superar a média brasileira (+10,5%) e escalar da 11ª para a segunda posição. Ganhou do Rio Grande do Sul (+21%) e perdeu de Santa Catarina (+36,5%). Na outra ponta, Bahia (-18,3%), Rio de Janeiro (-4,8%) e Mato Grosso (-1,7%) amargaram as últimas posições em uma lista com apenas cinco desempenhos negativos.  

No acumulado do trimestre, a performance do setor foi suficiente para fazer o Amazonas subir da 13ª para a sexta colocação do ranking, mas não para superar o número brasileiro (+4,4%). Santa Catarina (+17,8%), Rio Grande do Sul (+12,3%) e Minas Gerais (+9,1%) ocuparam o pódio. Em contrapartida, Bahia (-17,9%), Mato Grosso (-7,7%) e Goiás (-5,5%) amargaram as retrações mais acentuadas da lista.  

Bebidas e plásticos

Em relação a março de 2020, a indústria extrativa ficou praticamente estagnada (+0,1%), enquanto a indústria de transformação teve uma nova elevação de dois dígitos (+23,8%). Dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas, apenas dois acabaram fechando no vermelho, com o pior resultado novamente em impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -71,8%), seguido de longe por derivados do petróleo e de biocombustíveis (gás natural, com -5,7%).

Em contraste, o subsetor de “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +30%) retornou ao campo positivo. Os melhores números, contudo, vieram de produtos de borracha e matéria plástico (+101,8%), bebidas (+61,6%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +51,5%), máquinas, equipamentos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +30,7%), além de produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +11,1%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +9,6%). 

Na comparação do primeiro trimestre de 2021 com igual acumulado do ano passado, no entanto, o quadro ainda é menos encorajador. A indústria extrativa segue negativa (-4,1%) e a de transformação (+0,5%) mal se moveu. Cinco atividades fecharam no azul: produtos de borracha e de material plástico (+55,4%), máquinas e equipamentos (+19,8%), bebidas (+9,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+9%) e produtos de metal (+8,9%).

Efeito pandemia

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou que o desempenho da indústria amazonense em março “ajudou muito” o setor a “finalmente” sair do vermelho no acumulado do ano, fato que não ocorria desde fevereiro de 2020. No entendimento do pesquisador, a flexibilização do governo estadual proporcionou às indústrias melhor desempenho, mas ainda há incertezas quanto ao curto e médio prazos. 

“Ainda resta uma certa insegurança ara o que pode acontecer nos próximos meses, principalmente levando-se em conta que os grandes centros consumidores estão enfrentando fortes restrições no tocante à pandemia. No entanto, o fato de que a maioria das atividades teve bom desempenho no Amazonas, pode ser sinal de retomada gradual e consistente para a indústria local”, ponderou.

Em texto divulgado no site Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida, destaca que o Amazonas não só teve o maior avanço do ranking nacional, como também a maior influência positiva para o resultado global do indicador. Ao comparar os números, o representante do órgão federal de pesquisa também aponta o efeito pandemia e suas consequentes medidas restritivas como principais fatores para explicar o contraste do crescimento amazonense com as quedas acentuadas de Estados como Ceará e Rio Grande do Sul.

“Após três meses com resultados negativos, com 16,6% de perda acumulada, o Estado do Norte teve crescimento graças ao setor de ‘outros equipamentos de transportes’ e às indústrias de bebidas. (…) A queda [do Ceará] tem influência direta do comportamento dos setores de couros, artigos para viagens, calçados, além do setor de bebidas. Na indústria gaúcha, veículos e ‘outros produtos químicos’ geraram os maiores efeitos negativos (…) É um impacto direto da pandemia na atividade industrial”, analisou. 

Alento e cautela

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, concorda que o crescimento da indústria local, “a despeito de todas as dificuldades impostas pela crise”, é um fato positivo. Ressalta, contudo, que os números do Amazonas estão deslocados em relação ao restante do país em função da cronologia diferenciada da pandemia, que só começou a se agravar no restante do país a partir de março, quando o Estado já estava no declive da segunda onda. O dirigente alerta, contudo, que o momento ainda é de prudência. 

“Não diria que foi um novo fôlego, mas é um alento à economia do Amazonas. Março foi quando as atividades retornaram, após a paralisação dos dois primeiros meses do ano. Por isso, é natural que os números representem essa demanda reprimida. É preciso cautela, contudo, em relação à sequência do ano. A crise sanitária e econômica ainda permanecem causando problemas em toda a cadeia, do abastecimento à entrega. Além disso, nossa economia é sobejamente dependente da nacional, e a propagação da pandemia em território brasileiro deve ter impacto direto nos nossos indicadores”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar