O segmento motorizado do polo de duas rodas do PIM começou 2024 com o pé direito. Em janeiro, o Polo Industrial de Manaus fabricou 141.224 motocicletas, gerando uma escalada de 14,9% sobre o patamar do mesmo mês do ano passado (122.917). Foi a melhor marca para o mês, desde 2015. Em sintonia com a recuperação gradual da indústria incentivada em relação aos impactos da vazante histórica, e na contramão da sazonalidade do setor, as montadoras também conseguiram decolar 19,7% na comparação com dezembro (118.011).
No mesmo período, as vendas domésticas também bateram recorde e chegaram a 143.357 unidades – o melhor número para janeiro, desde 2008. A nota negativa veio das importações, que voltaram a declinar. Os dados foram divulgados nesta quinta (8), pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). A entidade manteve suas projeções para 2024. A expectativa é fechar o ano com alta de 7,4% na produção e 1,69 milhão de unidades. As apostas são positivas também para os emplacamentos (+7,5% e 1,70 milhão) e vendas externas (+6,3% e 35.000).
“Janeiro foi um mês bastante positivo, com mais dias úteis e sem os impactos da estiagem, o que permitiu com que as fabricantes trabalhassem em uma condição favorável. Com isso, a produção acompanhou o mercado, que segue aquecido”, declarou o presidente da Abraciclo, Marcos Bento, no texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade.
Durante a mais recente coletiva de imprensa, realizada em janeiro, o dirigente explicou que a projeção se baseia nos cenários macroeconômicos do Brasil, considerando fatores como as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto, inflação, variações nas taxas de juros e confiança do consumidor. “Nossa meta é seguir crescendo de forma sustentável e retornar ao patamar de produção de dois milhões de unidades nos próximos anos”, afirmou, ressaltando que o polo de motocicletas de Manaus é o maior do mundo, “fora do eixo asiático”.
Entre os potenciais entraves estão os reflexos dos “conflitos globais” no aumento do preço do barril de petróleo e do custo do frete. “No âmbito nacional, apesar da aprovação do texto da reforma Tributária, ainda vai haver muita movimentação na sua regulamentação. É um ano de eleição municipal, mas há uma retomada econômica, uma inflação mais estabilizada e geração de emprego e renda. Ainda há uma expectativa de continuidade na redução da taxa de juros”, ponderou, acrescentando que a mudança climática pode impactar também nos custos logísticos e de produção
Varejo e exportações
O volume de motos do PIM comercializado no varejo interno subiu 8% entre dezembro de 2023 (132.797) e janeiro de 2024 (143.357). A comparação com janeiro do exercício anterior (110.561) apontou para uma decolagem de 29,7% e o melhor número para o mês desde 2008. O Sudeste concentrou 38,3% (42.300) das vendas do primeiro mês de 2024. Na sequência estão Nordeste (30,9% e 33.100), Norte (11,8% e 14.000), Centro-Oeste (9,9% e 10.700) e Sul (9,1% e 10.500). A maior taxa de crescimento veio novamente dos Estados nordestinos (+33,8%), seguidos de perto pelo Centro-Oeste (+32,7%).
Motocicletas de baixa cilindrada (até 160) representaram 79,6% (97.800) da oferta. Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por 17,9% (21.500) – e também a maior alta (+17,7%). Os veículos acima de 450 cilindradas contribuíram com 2,5% (3.600). A categoria Street voltou a reinar absoluta, contribuindo com 48,4% (61.200) dos licenciamentos, sendo seguida pela Trail (19,2% e 25.000) e pela Motoneta (16,8% e 15.800). Em torno de 64,5% (80.700) da produção do PIM é de modelos bicombustível (etanol/gasolina), e os 35,1% restantes são movidos exclusivamente por gasolina.
Durante a coletiva, Marcos Bento salientou ainda que o mercado de motocicletas brasileiro é favorecido por diversos fatores, que ensejam potencial para continuidade no aumento de volumes de produção. A lista inclui a “continuidade demanda por mobilidade logística urbana (delivery)” e o fato de que a motocicleta é o modal de transporte automotor que mais cresceu no varejo em 2023. Outro ponto positivo é o aumento das compras a vista (30%) e por consórcio (35%), ajudando o segmento a driblar os entraves na concessão de crédito.
Em contrapartida, as exportações, seguem em baixa. As vendas até escalaram 133,5%, na virada de dezembro (1.069) e para janeiro (2.496). Desta vez, a Abraciclo não informou quais foram os principais destinos da produção do PIM. Dados do portal Comex Stat confirmam, por outro lado, que os principais mercados para a exportação de motocicletas ‘made in ZFM’ foram Argentina (US$ 5.97 milhões), Estados Unidos (US$ 1.80 milhão) e Canadá (US$ 655.200), em uma lista de 13 países.
Apostas para 2024
As principais montadoras do PIM também se mostram otimistas em relação ao mercado. Por intermédio de sua assessoria, o gerente de Relações Institucionais da Yamaha, Afonso Cagnino, disse que janeiro já foi um mês menos impactado pela estiagem, o que permitiu à empresas cumprir com a produção prevista de 32.131 motos – contra 30.061, em janeiro de 2023. A expectativa da multinacional japonesa é de um crescimento de 7% na produção deste ano.
“A Yamaha superou os impactos da vazante e, neste janeiro, com muito empenho de todos os setores da fábrica, conseguimos atingir aos números planejados, que representam 22% do total de motos produzidas no primeiro mês de 2024. O mercado de motocicletas segue aquecido, e a previsão é de crescimento gradual, e totalmente sustentado nas qualidades que a motocicleta oferece, como veículo prático, eficaz e de baixo custo de manutenção”, frisou.
Em texto distribuído por sua assessoria de imprensa, a Moto Honda informa que projeta um crescimento “gradual e consistente” para 2024, com um volume até 10% superior a 2023. A montadora ressalta que mantém investimentos constantes para a qualidade do negócio no longo prazo e que segue acreditando na relevância da motocicleta para o Brasil. “Neste momento, o foco da empresa é investir no fortalecimento do line up, com 10 novos modelos que serão lançados até 2025, em uma das maiores renovações da linha de produtos em toda história da Honda”, encerrou.