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Indústria de duas rodas antecipa férias

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Fabricantes do polo duas rodas ainda amargam os resultados decorrentes da retração do mercado. Diferentemente do que ocorre anualmente, neste mês, as fabricantes de motocicletas adiantaram o período de férias coletivas, que geralmente inicia na segunda quinzena de junho, para as primeiras semanas do mês. A Moto Traxx da Amazônia enfrenta problemas mais sérios. Com apenas um terço do total de funcionários em atuação, a empresa enfrenta os impactos negativos gerados pela crise econômica e tenta manter a operação na capital. A diretoria da indústria chinesa informou que durante o primeiro semestre deste ano precisou adotar as diversas medidas trabalhistas que passam pelas férias remuneradas e pelo PDV (Plano de Demissão Voluntária) na tentativa de amenizar o índice de desligamentos.

De acordo com o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo, por conta da menor demanda, neste ano, maior parte das empresas que compõem o setor de duas rodas (entre fornecedoras e fabricantes de bem final) adiantaram as férias coletivas para as primeiras semanas de junho, com término até o dia 15 do mês de julho. Ele explica que os últimos acontecimentos envolvendo denúncias contra o presidente Michel Temer, fatos que podem ter como desfecho um possível impeachment do parlamentar, afetaram diretamente o cenário econômico nacional e consequentemente, estadual. Ele afirma que a produção se mantém estável, sem qualquer sinal de crescimento.

“Nas duas últimas semanas a situação se agravou e comprometeu a produção local. O que poderia estar em andamento estagnou. Os empresários esperam uma definição da situação vivenciada na política brasileira. O momento é grave. Esperamos que tudo se resolva porque precisamos ter segurança para que o ambiente de negócios possa se desenvolver”.

Segundo Azevedo, o segmento continua registrando demissões, mas em menor volume em relação a igual período de 2016. Levantamento do Sindmetal-AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas) mostra que de janeiro a maio deste ano, dentre todas as fabricantes do setor, somente a Moto Honda da Amazônia dispensou colaboradores, com o registro de 678 demissões. Em igual período do ano anterior, a única empresa que demitiu, do setor, também foi a Moto Honda com 819 desligamentos.

Para o empresário, a esperança de melhores resultados está na atração de novos investimentos ao Estado. “Vamos esperar pela próxima reunião do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas) e torcer para que na pauta conste a previsão de novas implantações industriais”, disse.
O gerente comercial da Moto Traxx da Amazônia, Zoghby Koury, relata que devido à retração do mercado a empresa opera há alguns meses com apenas um terço do quadro de colaboradores. Ele conta que ao longo de todo o primeiro semestre a indústria buscou negociar com os funcionários na tentativa de mantê-los nos postos de trabalho, mas o empresário ressalta que há dificuldades para a continuidade das operações.

Dentre as medidas adotadas pela Traxx nos últimos meses, em Manaus, estão as férias remuneradas e a adesão ao PDV (Plano de Demissão Voluntária).

“Os trabalhos continuam, mas com apenas um terço dos funcionários. Os demais colaboradores estão em regime de férias remuneradas e outros, em negociação ao PDV”, informou.

Koury destacou que a empresa opera na capital há dez anos e que durante esse período a indústria investiu US$25 milhões no Estado. O empresário ressalta que os incentivos tributários concedidos pelo Governo do Amazonas para a implantação de indústrias em Manaus são atraentes e incentivam qualquer fabricante a fazer parte do PIM. Por outro lado, ele relata que a política de incentivo trabalhista, que ampara o trabalhador amazonense se torna onerosa à empresa.

“O Amazonas oferece uma parte tributária muito agradável para as empresas nacionais e estrangeiras. Porém, o que pesa é o custo com a mão de obra, que em Manaus é um dos mais caros do Brasil. Um funcionário de Manaus gasta dois terços em relação aos funcionários das fábricas de outros Estados, isso por conta das exigências trabalhistas. Para um colaborador do mesmo nível de atividades, em Fortaleza (CE), a empresa paga quase um terço em relação ao valor investido na mão de obra de Manaus”, disse.
Conforme o presidente do Sindmetal-AM, Valdemir Santana, as demissões no polo de duas rodas ainda acontecem, mas em volume menos expressivo em relação aos números registrados nos dois últimos anos. Ele afirma que o caso da Moto Traxx é recorrente há pelo menos três anos. “A fábrica recebe quites fornecidos da China e monta peças das motos. A Traxx não mantém uma produção verticalizada porque as peças chegam semi-montadas. Tentamos falar com o Governo do Estado desde a última gestão para pedir ajuda na tentativa de amenizar o aumento no índice de desemprego. Mas, até agora não fomos recebidos”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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