Pesquisar
Close this search box.

Indústria 4.0 exige agora mais qualificação, aponta CNI

https://www.jcam.com.br/Upload/images/Noticias/2019/2Sem/08Ago/10/A6.jpeg

Um levantamento feito pelo CNI (Confederação Nacional da Indústria),  divulgado na segunda-feira (12), estima que o aumento do processo de robotização das atividades manufaturada nas indústrias vai exigir cada vez mais mão de obra qualificada no setor. O estudo aponta que a ocupação de condutor de processos apresentará o crescimento percentual de 22,4% até 2023. Já o crescimento previsto para os novos postos de trabalho nas fábricas é de 8,5%. Para especialista, as indústrias do PIM (Polo Industrial de Manaus) precisam se reinventar na qualificação da mão de obra local para conseguirem atender às exigências do mercado.

Na análise do  economista Farid Mendonça Júnior,  o grande desafio do trabalhador do século XXI é ter a visão de que seu trabalho não pode mais se limitar aos aspectos meramente físicos. Cada vez mais ele precisará desenvolver o seu intelecto, ampliar seus conhecimentos a fim de atingir cada vez mais um estágio multidisciplinar para saber lidar com a relação homem-máquina. Ele ressalta, que esses pontos são fundamentais para o trabalhador se adequar ao  novo aspecto organizacional das novas empresas que estão surgindo.

  “A indústria passa por uma grande transformação no mundo todo. O mercado está oferecendo cada vez mais produtos e serviço com atividades, que incluem o uso de novas tecnologias com alto grau de automatização e robotização interligados. Com uma nova forma de produzir, alicerçada em tecnologias altamente disruptivas, a base da pirâmide está cada vez mais se fragmentando. Isso faz com que diversas funções tidas como simplórias não existam mais, cedendo cada vez mais espaço para os robôs. Neste sentido, a qualificação exigida do trabalhador passa por diversos conhecimentos misturados e que juntos possam dar a resposta que a nova realidade mercadológica exige”, disse.

De acordo com o Mapa do trabalho industrial elaborado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) o Brasil terá de qualificar 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação profissional e aperfeiçoamento até 2023. A maior parte dos trabalhadores que vai procurar qualificação já estão empregados e apenas 22 % são pessoas que precisam de capacitação para entrar no mercado de trabalho.

Dentro do contexto das mudanças no mercado de trabalho no setor da indústria, Farid destaca a importância de se buscar qualificação dentro dos novos nichos que a indústria 4.0 vem oferecendo. Para isso, ele ressaltou  que o Estado poderá dar a sua contribuição ao formular políticas públicas e redirecionar recursos para as novas necessidades de preparação desta nova mão de obra.

”Muitos trabalhadores do PIM estão neste processo, principalmente os que estão desempregados. Eles precisam identificar novos nichos de atuação, precisam se qualificar ainda mais, deixar de fazer tarefas simplórias e cada vez mais partir para atividades que exijam análise crítica e conhecimentos mais aprofundados que saibam lidar com o novo nível tecnológico. Precisamos, neste cenário, de físicos-filósofos, matemáticos-sociólogos, engenheiros-antropológicos. Precisamos cada vez mais de um trabalhador qualificado em exatas e humanas ao mesmo tempo. Neste contexto, o Estado sempre será requisitado para contribuir neste mister”, explica.

Segundo o presidente do CIEAM (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), WIlson Périco, a inovação tecnológica tem exigido das indústrias melhores e diferentes qualificações. Com o investimento em novas tecnologias em seu processo fabril, as fábricas do polo industrial de Manaus estão investindo mais no qualificação de seus colaboradores.

“A inovação tecnológica já exige e continuará exigindo melhores e diferentes qualificações . Essas tecnologias estão provocando o desaparecimento de algumas funções e o surgimento de outras necessidades quanto a qualificação dos trabalhadores. Precisamos ‘desde ontem’ rever as grades curriculares de todos os níveis de ensino, desde o primeiro nível, para termos pessoas preparadas a absorver os conhecimentos, as qualificações para um mercado de trabalho que demandará expertises que nem imaginamos serão demandadas no futuro.

Novos empregos

Outro ponto destacado pelo Mapa do Trabalho Industrial foi o crescimento de novos empregos dentro da área de atuação que te o uso da tecnologia como princípio básico. Entre eles estão pesquisadores de engenharia e tecnologia (17,9%); engenheiros de automação e mecatrônicos (14,2%); diretores de serviços de informática (13,8%); e operadores de máquinas de usinagem CNC (13,6%). 

Para o economista Nilson Pimentel, o atual cenário de recuperação econômica que o Brasil passa tem contribuído para uma reindustrialização lenta. Acompanhando a esse fator, a queda na qualidade da formação técnica profissional e o baixo índice de aproveitamento da formação superior no Brasil nos últimos 8 anos cresceram. Na sua visão, caso o país queira retomar a industrialização será necessário começar outro modelo de capacitação e formação da mão de obra que atua no mercado, além de oferecer novas oportunidades de requalificação da mão de obra desempregada.

“Temos recebido essa maldita herança do passado que se terá que suplantar se quisermos que o Brasil volte ao crescimento industrial. Por outro lado, o que se vê é a não convergência adequada dessas qualificações e formações do nosso capital intelectual voltadas às necessidades do mercado. Os especialistas entendem que há necessidade de se reformar o sistema de ensino no Brasil, urgentemente. Será uma tarefa árdua para qualquer Governo, Federal e Estadual. O governo estadual tem uma responsabilidade imensa. Somos uma ilha em qualificação, capacitação e formação”, frisou.

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar