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Indígenas articulam para minerar suas terras

Indígenas de São Gabriel da Cachoeira almejam exploração agro-mineral em suas terras

O presidente da Ciernm (Cooperativa Indígena de São Gabriel da Cachoeiras), José Lucas Tukano, espera que o relatório sobre mineração em terras indígenas, apresentado ontem na Aleam (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), ajude a acabar com a imagem de que “todo índio é preguiçoso”. O líder tukano se pronunciou durante a apresentação do documento, elaborado pela comissão de mineração da Aleam, em parceria com a CPRM e o DNPM.
“Queremos atenção e prioridade na questão de exploração agromineral e ter uma oportunidade de desenvolvimento econômico na região, com as riquezas que estão nas nossas terras. Enquanto isso, não podemos usar nossas riquezas porque a lei impede. Depois dizem que índio não é trabalhador”, declarou.
A Ciernm tem cerca de 800 integrantes e é a maior cooperativa indígena da região. A cidade fica a 851 quilômetros de Manaus e é conhecida por ter a maior população indígena do Brasil em um único município, onde há 40 mil indígenas em 70 aldeias.
Como forma de contribuir com o debate e esclarecer aos povos indígenas sobre os aspectos legais de mineração em suas terras e também buscar caminhos para que o tema retorne à pauta do Congresso Nacional, a comissão da Aleam, já realizou este ano duas audiências públicas no município de São Gabriel da Cachoeira. “Os povos indígenas não podem continuar como mendigos sem poder retirar para seus usufrutos as riquezas minerais de suas terras. Nossos irmãos índios se consideram uns mendigos de luxo, repousam em áreas ricas em minérios, mas não usufruem da riqueza. Muitos vivem em estado de miséria. Por isso, eu defendo a exploração mineral em área indígena de forma consciente, responsável e com mínimos danos ao meio ambiente”, afirma o deputado Sinésio Campos, que é o presidente da comissão.
“No Canadá existe exploração mineral. Os indígenas trabalham com isso e vivem de forma digna e respeitosa, não são tratados como coitados que dependem de ajuda do governo”, declarou Sinésio.

Congresso
O relatório será entregue à Comissão Especial da Câmara dos Deputados destinada a proferir parecer ao PL (projeto de lei) nº 1.610/1996, que aborda o assunto. “Nesta legislatura a comissão foi reinstalada nesta terça-feira e nós do Amazonas já nos adiantamos ao assunto. Estamos enviando nossa contribuição à discussão, que diz respeito não só ao Amazonas, mas a todos os indígenas da Amazônia e do Brasil”, declarou Sinésio, que também é presidente do Parlamento Amazônico.
O titular da Seind (Secretaria de Povos Indígenas do Amazonas), Bonifácio Baniwa, espera que o relatório coloque em evidência a opinião de indígenas em questões que envolvem extração mineral.
“Os povos indígenas quase nunca são consultados sobre assuntos econômicos dentro de nossas próprias terras, e com exploração mineral não é diferente. Esperamos que isso mude e que o Congresso olhe para nós de uma forma mais aberta, para podermos opinar”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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