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Índice de novas empresas no Amazonas se mantém positivo em abril

A estabilização da segunda onda e a flexibilização gradual das medidas de isolamento social foram acompanhadas por uma redução na rotatividade de empresas amazonenses, entre março e abril. Tanto a taxa de mortalidade, quanto a de natalidade, sofreram refluxo. Os números, no entanto, seguem exponenciais em relação a abril de 2020, período em que a primeira onda de covid-19 ainda subia em âmbito local. Os dados estão no mais recente relatório do SRM (Sistema Mercantil de Registro), divulgados nesta semana, pela Jucea (Junta Comercial do Estado do Amazonas).

O Estado registrou o encerramento das atividades de 246 pessoas jurídicas, no mês passado, configurando uma retração de 17,17% ante março de 2021 (297) e uma escalada de 89,23% sobre abril de 2020 (130). Já a abertura de novos empreendimentos (730) caiu 14,52% na comparação com o mês anterior (854) e avançou 163,54%, no confronto com o mesmo mês do ano passado (277). Os dados citados não incluem os microempreendedores individuais, que são constituídos de forma virtual, por meio do portal do Empreendedor, do Governo Federal.

De acordo com o levantamento mensal da autarquia estadual, entre as 246 pessoas jurídicas amazonenses que formalizaram encerramento no mês passado, a maioria (158) estava na categoria de empresário individual – número 14,13% menor do que os 184 de março do mesmo ano. As sociedades empresariais limitadas (72) vieram na segunda posição, seguidas pelas empresas individuais de responsabilidade limitada (e de natureza empresarial), com 16 registros – contra as respectivas 84 e 27 do mês anterior, queainda teve o registro de dois consórcios de sociedades.

O movimento em torno da formalização de abertura de novos negócios no Amazonas (730) priorizou os empresários individuais (307) em detrimento das sociedades empresariais limitadas (276). Na sequência, vieram as empresas individuais de responsabilidade limitada (147) vieram em seguida. Em março, de acordo com a mesma base de dados, os respectivos números foram 233, 195, 222, além de um consórcio de sociedades.

Apesar da maior severidade da segunda onda da pandemia em relação à primeira, o saldo do acumulado dos quatro meses iniciais deste ano se manteve positivo. De janeiro a abril de 2021, o Amazonas somou o registro de 2.702 novos empreendimentos, 45,90% a mais do que o apresentado em igual intervalo do exercício anterior (1.852). A mesma comparação entre períodos indicou, por outro lado, uma diminuição de 7,65% nos registros de baixas de empresas, entre 2020 (-980) e 2021 (-905).

Em sintonia com os números globais de demais portes de empresas do Amazonas, os números de constituições de MEIs sofreram refluxo de 10,54%, entre março (3.452) e abril (3.088) de 2021, embora ainda tenham avançado 54,79% na comparação com o dado de 12 meses antes (1.995). Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, as extinções diminuíram na variação mensal (de 666 para 574), embora tenham mantido a tendência de alta sobre o mesmo mês de 2020 (326), com diferenças respectivas de 0,14% e de 76,07%.

A análise dos dados do acumulado de janeiro a abril deste ano, no entanto, aponta um panorama menos promissor para os microempreendedores individuais amazonenses. O número de abertura de novos MEIs no Estado aumentou 34,62%, entre 2020 (9.497) e 2021 (12.785), mas a quantidade de encerramentos manteve igual ritmo de expansão, com 2.301 (2021) contra 1.709 (2020) e uma diferença de 34,64%. 

“Junta digital”

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a Junta Comercial do Estado do Amazonas destaca que abril foi o segundo mês deste ano em termos de quantidade de emissões de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica para novos empreendimentos constituídos no Estado, em uma série histórica de cinco anos, tendo perdido apenas para março (+854). 

A autarquia destaca ainda que, assim como as novas linhas de crédito oferecidas pelo governo estadual, a redução no tempo médio para registro de novas empresas têm fortalecido o ambiente de negócios do Amazonas. Em janeiro, conforme a Jucea, o tempo decorrido para a formalização de novos negócios decorria uma média de 13 horas e 23 minutos. Em março, o prazo de registro empresarial já havia recuado para 9 horas e 38 minutos, número que se manteve em abril.

Na análise da presidente da Jucea, Maria de Jesus Lins, os números do mês passado resultam do trabalho de modernização, simplificação e desburocratização na abertura de empresas. “Pela segunda vez colhemos números positivos neste ano. É resultado de uma junta 100% digital, que investe em tecnologias e mão de obra qualificada, e que traz grande retorno para a sociedade amazonense, mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia”, comemorou, sem entrar em considerações sobre o panorama econômico por trás do balanço de abril. 

Vacinação de estímulos

O conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, ressalta que a comparação com o ano passado não é ideal, uma vez que a economia estava ainda sobe o efeito da primeira onda de covid-19 em abril de 2020, com lojas e indústrias fechadas. O economista observa, por outro lado, que toda vez em que há crise e desemprego, o empreendedorismo aumenta, sendo favorecido pelas tecnologias online.

“Há uma grande mudança e o novo normal se impõe, principalmente depois de uma segunda onda e, talvez de uma terceira também. O empreendedorismo vem correndo também para uma linha que é a abertura de negócios utilizando internet. Antigamente, havia mais necessidade de dinheiro, aluguel de imóvel, estoque, etc. Hoje, não há mais necessidade de todos esses custos e as mídias sociais estão aí para ajudar o empreendedor a desenvolver o novo negócio”, comentou.

Em relação aos dados do acumulado, Francisco de Assis Mourão Junior assinala que visão de longo prazo se impõe, com destaque para uma tendência de cautela dos empreendedores, em face de um cenário de incertezas, que pode incluir um novo período de fechamento de empresas, caso se confirme uma terceira onda. No entendimento do conselheiro do Corecon-AM, a efetividade do combate à crise da covid-19 seguirá sendo decisivo no processo decisório dos empresários.  

“A forma como se dará o processo de vacinação pode ser uma luz no fim do túnel. Deve determinar a volta ou não da atividade econômica, e se esta se ela se dará de forma parcial. Ainda há vários setores que ainda estão sentindo os efeitos da pandemia e isso também impacta nos novos negócios. Os estímulos que o governo está fazendo tardiamente, como suspensão de contratos de trabalho e novas linhas de crédito não ajudam tanto quem está abrindo uma empresa, quanto a volta do auxilio emergencial, que faz a economia girar. Mas podem adiar o encerramento de atividades”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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