Durante quase todo o ano de 2007, conforme carta do Iedi, o índice de expectativas dos empresários mostrou variações muito acima do índice de consumidores, numa curiosa, porém explicável, diferença entre expectativas de um lado e do outro.
Para os primeiros, o processo econômico cotidiano, que veio mostrando melhoras flagrantes e significativas mês após mês ao longo de 2007, se fazia sentir prontamente, na medida em que se traduzia em aumento de vendas.
Maiores vendas e maior confiança dos empresários, especialmente no que diz respeito à sua avaliação sobre a situação atual, caminham juntos.
Já do ponto de vista dos consumidores, o processo não é tão simples assim. Para que uma economia que cresce mais aumente o otimismo do consumidor, é necessário que se traduza em coisas concretas, como, por exemplo, melhora do emprego, aumento do rendimento real e/ou do poder de compra, que pode também ser obtido com ampliação do crédito.
Neste ano o quadro do emprego nas grandes regiões metropolitanas mostra sinais de melhora, mas isso somente veio a ocorrer de forma mais intensa, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), após o mês de setembro.
O emprego no país reagiu mais lentamente do que os demais indicadores econômicos, o que não deve causar surpresa, pois há uma defasagem entre a variação das vendas e da produção e o emprego.
A razão disso, conforme apontam analistas do Iedi, é que os empresários brasileiros, normalmente, aguardam a confirmação das mudanças do quadro econômico para tomarem decisões mais definitivas e que tenham custos, como as relacionadas à contratação de mão-de-obra. Entre quatro e seis meses se prolonga esse período de retardo do emprego.
Recuperação econômica
Uma outra razão explica ainda o baixo crescimento do emprego nos primeiros meses da recuperação da economia: o fato de que, embora fosse indubitável a retomada do crescimento desta em termos médios, alguns dos setores muito representativos do emprego industrial ainda atravessavam uma retração. De fato, segmentos como vestuário, têxtil, calçados, madeira dispensavam mão-de-obra, enquanto a economia mostrava claros sinais de sua reativação.
Quanto ao rendimento médio real, esse cresceu expressivamente na primeira metade deste ano, mas passou a crescer bem menos desde então, sendo ainda afetado por um aumento da inflação entre os meses de julho de agosto.
Quanto aos problemas do atraso na recuperação do emprego, como já mencionado, aparentemente foram superados, ao passo que a perda de rendimento real, devido a uma maior inflação, parece ter sido estancada com os recuos nos últimos meses dos preços de alguns produtos agrícolas e de derivados do leite.
Em outras palavras, avalia o Iedi, sendo consolidada a recuperação da economia, tendo início a fase de uma mais acentuada melhora do emprego e removido o fator que vinha corroendo o rendimento real, as expectativas dos consumidores passaram a crescer mais, refletindo mais proximamente o desempenho econômico.
Confiança varia
De qualquer forma, se se compara a confiança dos consumidores no mês de novembro com o mesmo mês do ano passado, de acordo com a pesquisa da FGV (Fundação Getulio Vargas), a variação para melhor foi de 4,6%, enquanto a mesma fonte indica uma variação da confiança do empresário industrial de 13,2% no mesmo período. É provável que essa diferença se reduza ao longo dos próximos meses.
No mês de novembro, o ICC (Índice de Confiança dos Consumidores) aumentou 1,3% em comparação com outubro, sendo muito maior a variação quanto à situação atual, cujo aumento foi de 4,3%, enquanto o índice de expectativas caia num patamar de 0,2%.
Esses resultados espelham, pelo menos em parte, o contentamento da população com o 13º salário, cuja primeira parcela foi paga em meados de novembro. Ademais, deve estar refl