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Incertezas do auxílio emergencial geram apreensões

Enquanto o governo federal não ‘bate o martelo’ sobre a concessão de uma nova rodada do auxílio emergencial, muitos beneficiários convivem com as incertezas se serão ou não contemplados nesta segunda fase do programa. Isso porque nos discursos do Ministro da economia Paulo Guedes apenas parte de quem recebeu o subsídio na primeira fase deve ter acesso ao pagamento. 

A proposta, que segue sem definição, preocupa o autônomo e pai de dois filhos, Tiago Barroso, ao afirmar que sem o pagamento nesta nova fase o sustento da família vai ficar comprometido. Ele recebeu os valores previstos na primeira fase, mas diz que a esposa, apesar de efetuar o cadastro e as informações estarem corretas, não teve acesso a quantia.

“Até hoje o dinheiro não entrou na conta dela. Estamos tensos porque a pandemia acabou com as nossas alternativas de sustento. Não sabemos o que esperar. O auxílio ajudou bastante nas nossas despesas. Se não fosse esse dinheiro eu e a minha família tínhamos passado necessidades”.

A beneficiária Rose Freitas, 36, que conseguiu receber três parcelas do auxílio, enfrenta um outro desafio, além da dificuldade em encontrar um serviço, ficou totalmente desamparada com a chegada da  segunda onda da Covid. A pouco mais de um ano trabalhando como diarista foi dispensada porque os patrões ficaram com medo de serem infectados. Apesar de entender a decisão deles, ela conta que foi pega de surpresa e agora somente poderá contar com a ajuda do governo, isso é, se for contemplada. “Essa situação tira o sono do brasileiro. Estamos totalmente vulneráveis. Se eu não fizer parte da lista de beneficiários neste novo ciclo não vou ter condições de sobrevivência”. 

Se não bastasse as incertezas que traz o cenário, muitos aptos a receberem o benefício de R$600 ano passado, informaram que  um dos maiores empecilhos durante todo o processo foram as pendências irregulares no CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e quando a solicitação era aprovada, ainda assim não havia a  liberação do benefício. 

É o caso do assistente de almoxarifado, Diogo Arnoldo, que também é MEI e não conseguiu ter acesso ao benefício. Além do sistema de cadastro lento, foi atestado erro no cruzamento de informações.

“Eu já soube que a  modalidade dos profissionais que atuam como MEI vai ficar de fora dessa nova fase. Espero que o governo avalie a situação porque muita gente vai precisar desse auxílio e com o pagamento de R$ 600. Se for reduzido não tem como sobreviver”, declara. 

Um grande desafio

Pela ótica do economista Martinho Azevedo, a modelagem inicial do subsídio foi acertada, mas teve muitas falhas. Muitas pessoas não atendiam o perfil estabelecido pelas autoridades, mesmo assim se cadastraram, receberam e se apropriaram do dinheiro indevido. Agora, infelizmente, com  um novo pico da pandemia, os reflexos negativos para toda população é algo que deve ser tomado uma decisão com maior critério e responsabilidade. “Na economia quando se gera um crédito deste por parte do governo ele está se endividando. Quem paga a conta é a sociedade e muitas das vezes parte da população que mais sofre é a de menor poder aquisitivo, através da inflação ou através da arrecadação de impostos. E justamente é onde existe a dificuldade de encontrar aquele modelo mais equilibrado para decisões desta natureza”.

Modelagem inicial do subsídio foi acertada, mas teve muitas falhas
Foto: Divulgação

Ele lembra que as pessoas precisam desse apoio  porque existe a dificuldade de manter o seu sustento, muitos estão desempregados, outros estão sendo empurrados para o subemprego, uma condição complicada. “Agora o ideal seria que de fato esse benefício fosse aprovado pelo Congresso, mas que chegasse ao destino correto dessas pessoas que realmente estão precisando”. 

Sobre a redução do valor ela tem sido tratada muito em função do número de pessoas a serem beneficiadas a nível Brasil é um público muito grande cerca de 60 milhões, ou seja, é um dinheiro que não dá mais para atender esse número.

“É muito recurso que o estado brasileiro precisa disponibilizar para atender. O valor de R$200 reais já é uma ajuda sim, mas claro, não é o valor ideal, para você manter minimamente uma família é um valor muito baixo, mas é melhor do que nada ou buscar uma outra alternativa”. 

Considerando que grande preocupação do governo é o impacto desse valor, o economista, esclarece que no setor público trabalha-se com orçamento. Para que possa melhor atender essa população será necessário tirar esse recurso de algum lugar. “O governo brasileiro tem um desafio muito grande. Além de precisar vacinar as pessoas, o que é muito caro é preciso ajudar também quem precisa do benefício para sobreviver. As pessoas que estão enfrentando uma condição muito difícil. As decisões não são tão simples assim todo mundo gostaria que as pessoas tivessem uma condição de vida melhor, mas infelizmente estão sendo afetados por esse vírus que assolou o mundo”.  

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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