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Inadimplência sobe em abril, com previsão negativa para maio

Divulgação

Um dos muitos efeitos colaterais da paralisia econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil foi a interrupção dos levantamentos periódicos de inadimplência do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). A última taxa divulgada do Amazonas foi a de fevereiro (3,4%), que já havia voltado a subir. A CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas), contudo, projeta taxas de maiores que 5% para abril e espera um número próximo a 7% para maio.

Segundo a entidade, diferente do ocorrido nos meses anteriores, os números são turbinados pelos efeitos da crise do Covid-19. O atraso na quitação de compromissos seria decorrente das dificuldades geradas pelo fechamento de lojas em um período superior a 30 dias e das perspectivas da renovação do período de suspensão de atividades por mais um mês. O setor já dá como certo que voltará a operar apenas a partir de 1º de junho, na melhor das hipóteses.  

“Em termos de inadimplência, não posso dar muitos detalhes, pois estou focado em outras coisas. Mas, posso dizer que a taxa deu uma crescida. Esse mês, ela deve estar passando dos 5%, mas no Brasil foi mais. Os lojistas não sabem nem como vão pagar e estão dando prioridade à folha de pagamento. Então, vão ficar inadimplentes”, lamentou o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag.

Na avaliação do dirigente, os históricos de inadimplência também devem sofrer baixas e serem “deturpados”, em decorrência do Covid-19, já que muitas empresas já estão informando à entidade que não vão negativar clientes no momento, postergando a operação para o período de retorno às atividades. “Teremos uma quebra de história e de procedimentos, dentro do Sistema SPC. Como em todos os sistemas, sendo que em alguns será muito pior”, frisou.     

O presidente da CDL-Manaus acrescenta que, tanto a distorção, quanto os números efetivos de inadimplência serão maiores em abril e maior, em função de as empresas não terem como cobrar dívidas atrasadas e pelo fato de as próprias organizações terem ciência do fato. “Com isso, teremos uma demora. Principalmente com os decretos que proíbem a negativação por falta de pagamento de água, luz e telefone”, completou.    

Portas fechadas

Assayag reforca que as perspectivas de curto prazo para os lojistas não são nem um pouco positivas, tanto em termos de inadimplências, quanto em termos da própria sobrevivência dos negócios. Isso porque os segmentos não essenciais de comércio e serviços já contabilizam mais de um mês com as portas fechadas e já há a certeza de uma renovação da suspensão do atendimento presencial nos estabelecimentos por mais 30 dias.

Os números locais da pandemia esvaziam argumentos de uma abertura dos negócios, ainda que parcial, como foi feito no Sul do Brasil. O Amazonas registrou mais 464 casos de Covid-19 nesta quarta (29), totalizando 4.801 registros, conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde. Também foram confirmadas mais 29 mortes pela doença, elevando os números para 380. As elevadas taxas de ocupação no sistema de saúde e o colapso funerário completam o quadro estadual.

“Estamos há mais de 30 dias fechados e deveremos ficar mais 30 dias assim, para diminuir o número de mortos. Acho que o governo falhou, porque poderíamos ter mil leitos aí, em dois ou três hospitais. Demorou, e agora está correndo atrás de um equipamento que não tem. No Amazonas, o pessoal não tem cuidado e não quer usar máscara. A gente até brinca e diz que vamos nos mudar para a zona Leste, que não tem coronavírus. Porque o que se vê lá é um número muito grande de empresas pequeninhas abertas. E depois, querem hospital”, desabafou. 

Dificuldades e esperança

Assayag diz que sua maior preocupação é que as pessoas estão passando fome e entende que, embora os auxílios emergenciais federal (R$ 600) e estadual (R$ 200) não cheguem para todos os amazonenses que vão precisar de âmparo econômico durante a crise, em torno de 80% do público alvo deve ser beneficiado pelas medidas.

“Quanto aos 20% restantes, temos que fazer algo e já estamos fazendo. A Amase [Associação Amazonense de Supermercados] e a CDL-Manaus já doaram quase 7.000 cestas básicas para pessoas que não têm nada, e o governo do Estado já se comprometeu a dar mais 10 mil cestas para quem passa fome. Mas, os amazonenses também têm que se educar e ter, no mínimo, uma máscara. Pode ser feita a partir de uma camisa, de um pano velho, ou de qualquer coisa. Temos de diminuir o impacto nos hospitais”, ponderou.  

No entendimento do dirigente, os setores de comércio e serviços poderão sair da crise em tempo hábil e fazer a diferença no impulso econômico que o país necessitará para a retomada econômica no período pós-pandemia, caso os números sofram refluxo e deem guarida para uma reabertura das lojas, a partir de 1º de junho 

“Países como a China e o Japão, que passaram por uma guerra e perderam seus imóveis em totalidade com as bombas que receberam, se recuperaram. Por que não o Brasil, com tanta coisa que nós temos? Principalmente quando o agronegócio está dando supercerto, com safras maravilhosas, sendo vendidas a R$ 5, por dólar. Vamos perder uns seis meses, mas podemos recuperar no semestre seguinte”, encerrou.

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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