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Inadimplência maior na população do Amazonas

No período pré-pandemia dificilmente as famílias encerraram o ano sem algum tipo de pendência no orçamento. Com a economia fora de compasso em razão da crise sanitária de Covid, esse comportamento ainda é mais evidente. Levantamento divulgado pela Serasa Experian indica que em dezembro de 2020, o Amazonas registrou o maior índice de inadimplência 51%, ainda que represente a queda de 3 pontos percentuais com relação ao mesmo período de 2019. São quase 1,5 milhão de negativados em todo o Amazonas. Em números nacionais, essa situação chegou a 61,4 milhões, 3,1% menor que no mesmo período do ano passado.

Segundo a Serasa, esse rol corresponde a mais de 61 milhões de brasileiros, entre os jovens de 18 a 24 anos, ao menos  40% desse grupo estão ou estiveram com o nome nessas listas, aponta estudo da CNDL (Câmara Nacional dos Dirigentes Lojistas) e do SPC.

Amazonas registrou o maior índice de inadimplência com 51%
Foto: Divulgação

A publicitária Ketlen Silva, faz parte do grupo dos inadimplentes que encerrou o ano no vermelho. O curioso é que no mês de outubro ela liquidou as dívidas que estavam pendentes, mas voltou ao patamar no último mês do ano. “Tive gastos desnecessários que custaram muito. Este ano eu já fiz até promessa para equilibrar as minhas finanças e não cair em tentação O cartão de crédito é a nossa armadilha. Nos amarramos na falsa sensação de comprar para pagar depois quando na verdade ele é o grande vilão”. 

Mas a publicitária não está sozinha, a motorista Meire Cruz, também reforça que o cartão é o inimigo para quem tenta evitar gastos. Em determinadas situações ela não tem dinheiro  e recorre ao cartão até para comprar uma água mineral. “Quando chega a fatura a gente leva um susto. Há três meses eu estou pagando o valor mínimo da fatura, e quanto eu tento quitar, eu acabo realizando outros gastos. Com isso, a conta só aumenta, é uma bola de neve”, descreve.

Ao avaliar o cenário, o especialista em finanças Nahan Said, acredita que a  maioria das pessoas entram no cartão de crédito por ser o recurso disponível. Além disso,  ocorreram muitos atrasos de pagamentos em vários negócios. E com cartão a família posterga o pagamento para trinta dias, alguns negociam depois já sabendo que não conseguiram pagar no vencimento, então enxergam o cartão como empréstimo.

“Mas também têm as pessoas que não sabem usar corretamente o cartão e somam a renda do cartão com os rendimentos do trabalho. O cartão é uma forma diferente de pagar com o poder de compra do seu trabalho e não um aumento no poder de compra”. 

Efeitos nos negócios 

Um outro aspecto evidenciado pelo especialista é o reflexo da inadimplência nas empresas Segundo ele, foi possível identificar que tanto na primeira, como na segunda onda da pandemia, o Amazonas foi pioneiro e expoente na situação calamitosa da área da saúde pública. Com isso, os decretos governamentais que se sucederam para combater esse problema, ordenaram o fechamento de várias atividades econômicas. “Alguns negócios tinham capital para se manter, mas os pequenos negócios não, isso foi como um efeito cascata causando demissões. Em 2020 houve auxílio federal, mas em 2021 ainda não. Foi necessário a situação problemática na saúde pública se estender para o restante do país de forma que o governo federal autorizasse uma segunda rodada de recursos públicos para as famílias desamparadas”. 

Ele reitera que as empresas de tecnologia e vendas online cresceram no mundo todo. Mas as forças nacionais de empresas desse setor são sediadas fora do Amazonas, eles aproveitam as vendas do país, mas alguns estados somente colhem os impostos e a esfera federal. No caso do Amazonas algumas empresas já estavam “engatinhando” no online então foram forçadas a se adaptar e as que tinham mais recursos conseguiram fazer uma transição melhor para esta esfera. Mas ainda assim a porcentagem desse tipo de venda no Amazonas é muito baixa, proporcionalmente falando com o tamanho do estado

“O que pode ser feito para melhorar esse percentual é liberar gradualmente os negócios com rígidas regras de controle em relação aos protocolos de segurança contra a Covid 19. O estado deve trabalhar apoiando financeiramente o pequeno empreendedor e fazer investimentos mais certeiros no âmbito da saúde. Buscar parcerias com grandes empresas tecnológicas para o distrito também é fundamental. O povo precisa ser consciente para fazer a sua parte no combate ao vírus, seguindo as medidas de segurança”. 

O presidente da CDL Manaus, Ralph Assayag, lembra que o ano passado foi um ano atípico e destaca que houve uma inadimplência menor porque muitos segmentos estavam fechados. E a queda de três dígitos no percentual de negativados confirmados pela pesquisa da Serasa,  podem ser atribuídas a este isolamento, mas  ainda ao pagamento do auxílio emergencial. “Naquele período só haviam três setores abertos,  então as pessoas não podiam comprar e nem viajar. O auxílio emergencial com valores diferenciados fez com que algumas pessoas pudessem ir às compras. Isso refletiu no resultado mais baixo no número de inadimplentes. Em dezembro subiu um pouco e com salário mais estendido por conta do 13º salário, as pessoas se prepararam para adquirir um bem ou comprar presentes”, avaliou.

Ações

A gerente de marketing da Serasa, Nathália Diarni, afirmou que existe um cenário crítico de inadimplência em  Manaus e que a cidade figura como a quarta com o maior número de inadimplentes na escala do país. E observando esse cenário de mais de 200 empresas e milhões de dívidas ativas, a Serasa encerrou no último dia 31 uma ação inédita promocional  chamada Queima Total de Dívidas onde os consumidores puderam renegociar e quitar  as suas dívidas. Algumas das ofertas chegaram a 99% de desconto no valor devido. A ação faz parte da Serasa Limpa Nome, plataforma de renegociação de dívidas da empresa. 

Conforme Nathália, esse tipo de ação tem ajudado milhões de brasileiros que já negociaram. Ela reforça que uma vez que a pessoa está inadimplente, é mais difícil que a pessoa tenha o tão sonhado financiamento e essas diversas ações realizadas pela empresa visam tirar essas pessoas dessa situação. “Tem grandes possibilidades de quitar as dívidas com descontos ou com condições de parcelamento atrativas e voltar ter acesso ao credito”. 

Por dentro

De acordo com a análise da organização baseada nos resultados mensais da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), 66,5% dos brasileiros encerraram o ano com dívidas ou contas atrasadas – aumento de 2,8 pontos percentuais, em comparação com 2019, e o maior número desde que a série começou, em 2010.

Foto/Destaque: Divulgação

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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