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Inadimplência em Manaus acima da média nacional

Inadimplência em Manaus acima da média nacional

A inadimplência acelerou em Manaus, na passagem de outubro para novembro, seguindo trajetória inversa à da média nacional. A quantidade de consumidores da capital com pelo menos um compromisso vencido e não pago chegou a 999.009, número 0,32% superior ao do mês anterior (995.846). Em todo o Brasil, houve decréscimo de 0,48% –de 62,2 milhões para 61,9 milhões. A comparação com os dados de novembro de 2019 (1.044.834 e 63,8 milhões, respectivamente), por outro lado, rendeu quedas de 4,38% e 2,98%.

O Amazonas, por sua vez, experimentou uma virtual estabilidade na taxa de inadimplência entre outubro (1.453.103) e novembro (1.453.407), dado que o incremento relativo não passou de 0,02%. Em sintonia com a capital e o país, o Estado experimentou retração de 3,55% no confronto com os capturados 12 meses antes (1.506.878). É o que revelam os dados do Indicador Serasa Experian, fornecidos pela própria empresa à reportagem do Jornal do Commercio.

Um cruzamento dos dados da Serasa e do IBGE indica ainda que o peso local da inadimplência supera o da média nacional. Em torno de 45% da população de Manaus (2,219 milhões) com idade de trabalhar –e, em tese, também de consumir –está nessa condição, enquanto o Amazonas aparece com proporção pior, de 48,30% (de 3,009 milhões). Já a quantidade de inadimplentes contabilizados de Norte a Sul do país corresponde a 35,26% do contingente de brasileiros economicamente ativos estimado para o país (175,55 milhões).

O indicador da Serasa contempla a totalidade dos consumidores que estão com contas atrasadas há mais de 90 dias e que tiveram o CPF incluído na base de dados da empresa verificadora de situação de crédito. As dívidas inclusas na base de dados incluem compromissos com bancos e cartões; utilities (serviços públicos essenciais de água, eletricidade e gás); telecomunicações; varejo; serviços; financeiras, securitizadoras e “outros segmentos”.

No Amazonas, a maior parte dos débitos em atraso diz respeito às utilities de água, eletricidade e gás (31,4%). Na sequência, estão varejo (22,6%), bancos/cartão (19,4%), telecomunicações (10,8%), serviços (6,8%), outros segmentos (4,4%), financeiras (4,2%) e securitizadoras (0,6%). A base de dados da Serasa Experian não dispõe do mesmo detalhamento para Manaus.

Na comparação com os números de novembro de 2019, o único segmento que aumentou de participação foi o de utilities (+54,68%), enquanto securitizadoras (-57,14%) e financeiras (-40%) responderam pelas maiores quedas relativas. Já a participação do varejo amazonense no bolo foi 2,59% do que a registrada em 2019 (23,2%). Em contrapartida, bancos e cartões (27,8%) lideraram a lista nacional de pendências, sendo secundados pelos serviços públicos de eletricidade, água e gás (22,8%).

Auxílio e juros

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, salienta que, apesar de ser “bem expressivo”, o número brasileiro de inadimplência tem caído nos últimos trimestres, especialmente entre abril e novembro do ano passado, quando 4 milhões de brasileiros foram tirados da lista negra dos maus pagadores. O especialista aponta, contudo, que os dois fatores que permitiram que isso acontecesse, mesmo em ano de pandemia e desemprego em alta, não devem estar no radar, em 2021.

“Um deles é o ingresso do auxílio emergencial, que possibilitou às pessoas que perderam seus empregos terem renda para quitar e renegociar dívidas. O outro é a redução das taxas de juros, que facilitou esse processo. Esses dois elementos ainda estavam presentes nesse período. A grande interrogação é o cenário para 2021, já que o auxílio não deve vigorar neste ano, por uma questão orçamentária. E a inflação deve fazer o BC (Banco Central) voltar a elevar os juros”, avaliou.   

Vendas menores

Já o presidente em exercício da Fecomércio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, observa que há uma correlação inversa entre vendas e inadimplência e aponta que, a despeito das apostas dos lojistas, estas desaceleraram em novembro, fazendo com que o desempenho do último trimestre de 2020 ficasse aquém do de 2019. De acordo com o IBGE, o volume de vendas encolheu 1,2%, entre outubro e novembro, embora tenham avançado 9,6% na variação anual.

“Achávamos que o Black Friday iria gerar um grande incremento de vendas, e isso não aconteceu. Em dezembro, ocorreu o mesmo, apesar de nossas expectativas. Isso tem uma correlação muito forte com a tendência de crescimento de volume da inadimplência, que aumentou. A explosão de vendas do final de 2019 tinha nos jogado em 2020 com muito otimismo, mas essa onda foi abatida pelos impactos da pandemia”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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