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Impasse das cooperativas de profissionais liberais

Este estudo se passa em torno de um assunto emer­gente. A Cooterma (Coo­pe­rativa de Trabalho e As­sis­tência em Engenharia, Agro­­­nomia, Veterinária e Mei­­­o Ambiente), outro em­­­preendimento objeto deste estudo, foi fundada em 1993, por “um grupo de técnicos que ficou desempregado e alguém teve a bri­­­lhante idéia de criar a co­­operativa”.

No início do empreendimento, ninguém celebrava contrato com a Cooterma porque o seu ca­­­­pital social era pequeno. Le­­­­onardo lembra que eles foram à Suframa “oferecer o nosso serviço, eles olharam o nosso capital social e disseram: olha, o capital social de vocês é muito baixo para que vocês façam o mesmo serviço que a Fucada fazia”. Para o fortalecimento do cooperativismo­ é importante que haja intercâmbio de informações e divulgação de produtos e serviços pa­­­ra dinamizar o empreendimento como atividade socioeconômica. É preciso, portanto, realizar pesquisa sobre essa modalidade de tra­­­balho para fazer rodar o co­­­­­nhecimento, dando cre­­­­­­­­­­­­­­­di­bilidade a esses empreendimentos solidários. De acor­­­­do com Singer (1998) “a economia solidária deve ser um outro espaço livre para a experimentação or­­­­ganizacional”. Hoje, a Co­oter­­ma realiza consultoria, elaboração de projetos, ela­­­boração de relatórios de impacto ambiental, inven­tário florestal, plano de ma­­nejo, atividades de qualifica­ção profissional financiadas pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e serviços para a Suframa. Mas a organização ainda enfrenta sérios problemas­.

Dos 34 cooperados, aproximadamente 18 a 20 comparecem à sede do empre­­en­­­­dimento, conforme informações obtidas juntos ao representante da entidade que nos revela: “Nem todos os cooperados são atuantes. Infelizmente, o Amazonas ainda não tem essa consciência cooperativista. A maioria dos nossos cooperados são pessoas que, quando tem serviço, fazem o trabalho, mas eles não vão atrás dos trabalhos. Sempre tem que ter uns dois, três, quatro cooperados correndo atrás de recursos para todos executarem (…)”. Então é um número bem pequeno de cooperados que capta recursos e os outros estão se aproveitan­­­do disso. Não que seja ruim para nós, mas porque poderiam ser ampliadas as fontes e com isso agregar mais pessoas à cooperativa.

A cultura cooperativista não é cons­truída num curto espaço de tempo, é preciso investir na formação de seus membros incluindo as técnicas e ferramentas utilizadas no pro­­­cesso produtivo e comer­­­cial, associadas a temas­ do humanismo e da cidadania. Ao mesmo tempo, é ne­­cessário informar o pú­­­bli­­co sobre as vantagens da coopera­ção organizada, es­­­­timulando o ensino do coo­­­perativismo aos jovens e líderes de opinião. As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao mo­­­ vimento cooperativo se o trabalho for realizado em conjunto.

O cooperativismo dá ênfase à educação e se apóia na crença de que cada um tem enormes potencia­lidades e o direito de desenvolvê-las ao máximo. Cada pessoa é um centro gerador de desenvolvimento de si mesmo e da coletividade a que pertence. É necessário que sejam criados ambien­tes propícios ao desenvolvimento dessas potencialida­des permitindo que o sis­­­­te­­­­ma opere no mercado com eficiência, trazendo be­­­­nefícios reais para os seus asso­­­ciados. A razão de seu sucesso é a inovação sob os princípios da democracia e da solidariedade. Por toda essa análise podemos inferir que tem tudo para dar certo em nossa sociedade.

Celso Torres é economista e pro­­­fessor de pós-graduação da Uni­versidade Gama Filho.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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