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Impactos da pandemia da Covid-19 no comércio de Manaus

Impactos da pandemia da Covid-19 no comércio de Manaus

Os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus e o fechamento em massa dos segmentos de comércio e serviços de bens não essenciais em Manaus podaram o faturamento de 90,9% do varejo local e brecaram completamente as atividades em pelo menos 44,2% das empresas. Impossibilitados de receber a clientela e com vendas praticamente zeradas, pelo menos 56,6% dos lojistas se viram obrigados a demitir.

Os dados estão em uma pesquisa realizada pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes de Lojistas de Manaus), no período de 21 a 29 de maio de 2020, com o intuito de monitorar os impactos econômicos gerados pela pandemia do novo coronavírus no setor comercial da capital amazonense.

No momento de participação de pesquisa, apenas 9,2% dos empresários disseram operar normalmente, 46,6% estavam funcionando com algum tipo de restrição e 44,2% estavam parados. Em relação ao impacto no faturamento operacional, 40% das empresas afirmaram que seu faturamento cessou por completo desde a pandemia e apenas 9,1% das empresas comerciais afirmaram que seu faturamento se manteve estável ou aumentou nos tempos recentes. As demais sofreram quedas em algum nível no faturamento.

Entre os principais problemas apontados para a queda de faturamento, a “impossibilidade de funcionamento normal por força de decreto do poder público”, foi apontada por 67,5% das empresas participantes, seguida pela “insuficiência de capital de giro e dificuldade de acesso à crédito financeiro” e “redução da demanda pelos clientes” – ambos apontados por 60,8% das empresas.

Em relação aos empregos, os resultados indicam que 56,6% das empresas participantes já haviam demitido até o momento da pesquisa, em contraposição à 43,3% das empresas que não demitiram. Contudo, 30,8% do grupo de empresas participantes que ainda não haviam demitido, admitiram a expectativa de demitir nos próximos 30 dias.

Como atenuante, 51,5% das empresas que já tinham demitido não tinham expectativa de realizar uma nova rodada de desligamentos nos próximos 30 dias. Em relação à expectativa de alteração do quadro de empregados nos 30 dias seguintes à participação da pesquisa, 59,2% das empresas participantes esperam manter seu quadro de funcionários, 34,2% acreditam que precisarão realizar alguma demissão, enquanto que 6,7% consideram contratar novos funcionários.

Compensação de custos

No entendimento do presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, o comércio se viu forçado a demitir em um primeiro momento, pela simples falta de alternativas, até que as medidas provisórias que permitiam suspensão de contratos de trabalho ou redução de jornada e de salários estivessem disponíveis. Segundo o dirigente, a iniciativa se deu em grande parte para compensar o peso de outros custos fixos, em tempos de quarentena forçada.

“Isso aconteceu principalmente nas lojas de rede. As empresas tinham que se manter de alguma forma e foram poucas as que conseguiram se manter com delivery. Os governos não relaxaram nos encargos e, no máximo, deram apenas uma carência nos prazos de pagamento. Além disso, apesar de termos conseguido negociar em alguns casos, muitos proprietários de imóveis não abriram mão do aluguel. Foi um momento muito ruim par ao comércio, mas esperamos uma melhora gradual, a partir de junho”, ponderou.

Sem inscrição

Em texto divulgado pela assessoria da autarquia, o superintendente em exercício na Suframa, Luciano Tavares, constatou que a pesquisa demonstra um cenário de forte impacto econômico no setor comercial. “Mais de 90% das empresas que responderam a pesquisa afirmaram ter redução do seu faturamento e alteração do funcionamento comercial padrão, que reflete diretamente no mercado de trabalho, de tal forma que mais da metade das empresas já demitiram empregados e 34% têm expectativa realizar alguma demissão nos próximos 30 dias”, afirmou.

O dirigente informa que a Suframa deve atuar em parceria com as entidades de classe para mitigar os impactos sofridos pelo setor identificados na sondagem. “Também verificamos que 32% das empresas não possuem inscrição na Suframa, apesar dos incentivos fiscais também beneficiarem este setor. Nossas equipes atuarão num reforço de divulgação desses benefícios para o cadastro das empresas, que já poderão, assim, obter algum tipo de vantagem fiscal. Além disso, somaremos esforços junto ao governo federal para adotar medidas que promovam a retomada da economia na região”, arrematou.

O levantamento foi realizado através de formulário eletrônico e obteve 120 respostas, das quais 86,7% das empresas se classificaram como varejistas e 13,3% como atacadistas. Todas foram questionadas sobre porte, regime de funcionamento, variação do faturamento, necessidade de realizar demissões do quadro de funcionários e os principais dificuldades enfrentadas. O resultado completo está disponível no site da Autarquia (gov.br/suframa).

O Jornal do Commercio procurou o presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, mas o dirigente se encontrava em uma reunião online, até o fechamento desta matéria.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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