Pesquisar
Close this search box.

Impacto do 13º deve gerar expansão do comércio no Estado

Impacto do 13º deve gerar expansão do comércio no Estado

O comércio varejista do Amazonas está comemorando as antecipações dos pagamentos de 13º salário e folhas salariais dos funcionários da Prefeitura de Manaus e do Governo do Amazonas, que devem injetar mais de R$ 1,51 bilhão na economia do Estado, no último bimestre de 2020, período tradicionalmente mais aquecido para o setor. Com, isso, os lojistas aguardam expansão de 3% a 4% nas vendas de dezembro – marcado pelo Natal e Reveillon – e um empurrão extra na reta final da Black Friday. 

A despeito da liquidez extra proporcionada pelos benefícios e rendimentos, lideranças classistas do setor ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio apontam que o varejo não deixará de enfrentar problemas, nos dois últimos meses do ano, para consolidar crescimento no período de sua sazonalidade mais favorável. Os obstáculos vêm da resiliência no desabastecimento, das limitações impostas pelos protocolos anti-covid e pelo repique inflacionário – que deve ajudar a inflar os resultados, pela receita nominal.  

Só o governo estadual deve injetar em torno de R$ 1,2 bilhão na economia amazonense, em dezembro, beneficiando mais de 78 mil servidores estaduais. Os recursos virão pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário dos servidores públicos, nos dias 15 e 16; e antecipação do salário de dezembro, efetuada nos dias 28 e 29. A informação foi anunciada pelo próprio governador Wilson Lima, na semana passada, em coletiva de imprensa. 

A Prefeitura de Manaus, por seu lado, já havia dado a largada inicial nesse processo, ao anunciar, há duas semanas, a antecipação dos pagamentos de novembro e dezembro, bem como o da segunda parcela do 13º salário a 33 mil funcionários públicos e 6.900 inativos. De acordo com a Semef (Secretaria Municipal de Finanças e Tecnologia da Informação), só o benefício deve injetar R$ 56,4 milhões na economia da capital, que devem se somar ao capital referente às folhas salariais do bimestre (R$ 260 milhões), totalizando R$ 316,4 milhões em liquidez potencial para o varejo local.  

Reforço nas vendas

De acordo com o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, o comércio está muito focado nas vendas do Black Friday e a entidade ainda não tem uma projeção oficial em relação aos comportamentos das vendas no Natal e Ano Novo, mas a antecipação dos pagamentos governamentais certamente será um diferencial importante para os resultados do bimestre.  

“O pagamento do 13º salário é sempre muito aguardado pelo comércio e esses quase R$ 1,52 bilhão vêm em um momento bom da economia. Não temos ainda o crescimento esperado para o bimestre, pois as outras pesquisas são feitas mais para o final do mês, mas já estamos aguardando a entrada de parte desse 13º, que já deve ocorrer nesta sexta [27]. Acreditamos que isso vai ser bom e deve ajudar a alavancar as vendas do Black Friday também”, declarou.

Questionado se acreditava que a maior parte dos recursos pagos pela prefeitura e governo estadual iria para consumo, quitação de dívidas ou formação de poupança, o presidente da FCDL-AM ressalta que é difícil afirmar isso sem uma pesquisa, mas avalia que a parte majoritária deve ir mesmo para compras, em virtude da diminuição dos níveis locais de endividamento e de inadimplência. Azury não vê, contudo, horizonte positivo para a situação de desabastecimento no varejo local, neste ano.

Inflação e inadimplência

O presidente da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ralph Assayag, reforça que o pagamento do 13º é sempre muito bem vindo pelo setor, dado o seu potencial de alavancar o volume de vendas das lojas. O dirigente lembra ainda que, no ano passado, o Estado deixou para pagar o salário de dezembro de 2019 em janeiro de 2020 e, com isso, deve haver alguma compensação pelo número ainda elevado de desempregados e o repique inflacionário de itens diversos. 

“Com isso, vamos ter o salário todo dezembro nesse período, além do décimo. E isso vai reforçar bem as vendas. Porém, não podemos aglomerar, nem fazer grandes promoções. Então, teremos todo o cuidado para evitar fiscalização e multa. Não tenho o dado do bimestre, mas acreditamos que devemos crescer de 3% a 4% em dezembro. Os preços aumentaram e, com o volume maior de salários, as vendas acontecem, mesmo com o número ainda muito grande de desempregados”, explanou. 

Na análise do presidente da CDL-Manaus, dado o aumento do valor pago em 13º salário, em torno de 40% dos recursos injetados na economia local pelo benefício devem ir para o pagamento de dívidas. “Tivemos um volume muito grande de inadimplência, principalmente nas concessionárias de água, luz e telefone. O comércio não teve tanto problema, porque esteve fechado [por 100 dias] e sempre vende com muito cuidado critério. Acho que muita gente vai pagar para se colocar no cadastro positivo”, complementou.

Efeito moderado

Já o presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge Lima, concorda que a injeção de recursos é significativa para a economia do Estado e da capital, sendo direcionada especialmente para o consumo. O dirigente ressalva, no entanto, que o impulso será proporcionalmente menor do que o dos anos anteriores, já que ambas as instâncias de governo já adiantaram a primeira parcela do 13º em junho deste ano, como ação preventiva aos impactos econômicos da crise da covid-19.

“Anteciparam muito os pagamentos dos funcionários, então não vejo isso com muita euforia. Mas, acredito ainda vai ser bom para as festas de fim de ano, já que a maior parte desse dinheiro deve ir para as vendas do comércio. O povo é muito consumista e compra muito nessa época, até ficar devendo para os meses do começo do ano. Mas, as coisas podem ficar ruins em 2021, quando não tiver mais auxílio emergencial e os programas do governo”, finalizou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar