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Imóveis, arte, joias, carros, marcas: os leilões oferecem a oportunidade de bons negócios

A relação dos brasileiros com os leilões é curiosa. Ao mesmo tempo em que procuram saber mais, em razão dos descontos prometidos, ficam desconfiados porque não conhecem bem o funcionamento ou como ter acesso às sessões. Seja para proveito próprio ou para investimento, o fato é que esse tipo de negócio chama a atenção.

Os leilões sempre estiveram envolvidos com o nome de gente famosa. Ao longo do tempo, os leilões de peças de roupas ou objetos de Michael Jackson, Marylin Monroe, ou John Lennon, por exemplo, ou do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, viraram notícia.

É possível fazer leilão de diversos itens. Entre os mais comuns, no Brasil, estão os de imóveis, carros, joias e os de arte, por exemplo. E a pandemia não atrapalhou o mercado de forma significativa, já que, mesmo antes da covid-19, os leilões eram feitos de forma on-line.

As pessoas que têm recursos e que encaram o leilão de imóveis como investimento são as que podem se dar bem. De acordo com o advogado especializado em leilão de imóveis Bence Pal Deák, quem arremata um bem com o objetivo de morar nele pode ter problemas. Mas, se não houver pressa, o negócio tem tudo para valer a pena. “A desocupação pode demorar cinco dias ou 10 anos. Por isso não se pode usar uma parte importante do capital para essa destinação”.

Deák afirma que, há algum tempo, existiam ofertas muito vantajosas. O mercado não era organizado, não havia grupos especializados, com bom capital disponível, trabalhando na aquisição de imóveis. “Por isso os preços dos imóveis não saem hoje por um valor tão vantajoso. O que a gente nota é que, só quem tem paciência e procura, encontra ótimas oportunidades. O valor do imóvel pode ser mais em conta até 50%, com relação ao verificado no mercado.

Entre as dicas para conseguir um bom negócio, além de fazer uma pesquisa detalhada, para saber o valor real do imóvel é descobrir se ele vale a pena. Além disso, é preciso ler atentamente o edital do leilão, que está na internet, fazer avaliação, e conhecer a própria necessidade – se tem capital suficiente (ter certeza de que pode pagar por ele) e se quer um imóvel residencial ou comercial. Os detalhes podem parecer desnecessários, mas não devem ser deixados de lado.

É preciso ficar de olho se o imóvel está ocupado – normalmente os bancos já avisam sobre isso. E se o processo de desocupação já foi iniciado ou se terá que ser feito pelo arrematante. O comprador pode perder dinheiro, já que terá de arcar com o pagamento do IPTU e do condomínio até tomar posse do bem.

Para Isabela Nascimento, advogada do escritório Perdiz de Jesus Advogados, a pandemia deu força ao “reaquecimento” dos leilões de imóveis. É que várias pessoas que tiveram impacto na renda não conseguiram manter o pagamento das parcelas de financiamento.

“Isso acabou gerando um cenário de acumulo de patrimônio recuperado para as instituições financeiras que concediam os financiamentos. Houve um alto índice de inadimplência por conta da pandemia e a recuperação de bens acabou tendo escala maior”, diz Isabela.

Os maiores interessados, segundo ela, são mesmo os investidores. O aquecimento acontece quando há grande oferta. Desta forma, é mais fácil encontrar preços melhores. O preço, para a advogada, varia de caso a caso: a redução, por ser um leilão, pode ser até mais de 50%.

O melhor é contar com uma assessoria jurídica para fazer o negócio. Mas, se a pessoa quiser fazer o negócio sem esse apoio, deve prestar atenção principalmente nas entrelinhas do edital.

A matrícula do bem pode revelar outras informações que não estão nesse documento. A existência de terceiros, que tenham vínculo com imóvel, por exemplo. Se um casal está se divorciando e o imóvel estiver indo a leilão por conta de um débito de um dos cônjuges, o outro poderá entrar na justiça e evitá-lo. Pode acontecer até a anulação.

Quem trabalha com leilão de imóveis não tem do que reclamar. O Zukerman Leilões registou aumento de 10% no faturamento em 2021, em comparação ao ano anterior. Os imóveis mais procurados, segundo André Zukerman, presidente da empresa, são os imóveis residenciais (81%). Entre as profissões dos interessados, estão advogados, empresários, comerciantes, aposentados e administradores.

“Uma das principais vantagens do leilão é a venda rápida, já que não está se negociando com incorporadoras ou corretores”, ressalta Zukerman.

Arte

O leilão de arte, além de render bons negócios, é cercado de beleza e muito charme. No Brasil, os negócios começaram a ser tradição nos anos 60 e se solidificaram nos últimos 30 anos. Com a pandemia, houve a redução de catálogos, e quem quiser saber mais sobre as obras, admirá-las e comprá-las tem que entrar no mundo virtual.

Antigamente o leilão de arte era um evento social. Os interessados frequentavam as sessões, que geralmente eram feitas à noite, a partir de 20 horas. “As pessoas tinham que se deslocar, ir à galeria, como se fossem a um teatro”, diz James Lisboa, leiloeiro oficial. Ele lembra bem que quem estivesse interessado em uma peça, poderia enviar um representante e ambos ficavam falando durante os lances, até o negócio se concretizar.

Hoje, o leilão on-line é transmitido ao vivo. O lance pode ser dado entre 15 segundos e 30 segundos no conforto de casa. Quem dá o maior lance compra sentado no sofá, com tranquilidade. “Isso manteve os leilões ativos na pandemia”, detalha Lisboa.

O “sistema” não manteve o negócio apenas funcionando. O número de galerias e casas de leilão dobraram durante a pandemia, segundo os cálculos do especialista. Mas ele faz um alerta: comprar à distância requer cuidados. A pesquisa sobre o nome do leiloeiro e de todos os envolvidos é imprescindível.

Antes da pandemia James Lisboa fazia entre três e quatro leilões por ano. Hoje são realizados até seis anualmente. “Para quem compra é oportunidade; para quem vende, liquidez”.

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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