Pesquisar
Close this search box.

Horário de bares e restaurantes ainda gera críticas em Manaus

Os donos de bares e restaurantes de Manaus consideraram que a nova flexibilização de horários concedida pelo Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 foi positiva, mas bem aquém do esperado e necessitado pelo setor. Às vésperas do Dia das Mães, a expectativa do setor de capitalizar os negócios com o tradicional jantar da data comemorativa foi frustrada pela limitação do horário de funcionamento ao turno vespertino. Os empresários seguem apostando na recuperação lenta dos negócios, mas demonstram receito quanto a uma terceira onda e expressam preocupações sobre o ritmo das vacinações.  

As novas regras definidas pelo governo estadual, em conjunto com representantes de outros poderes e órgãos de controle, passaram a valer nesta segunda (3). Restaurantes e bares que funcionam como restaurantes, assim como lanchonetes e similares, passam a funcionar aos domingos, de 7h a 18h. As praças de alimentação dos shoppings funcionam nos mesmos horários dos malls – 9h às 22h (segunda a sábado) e 11h a 18h (domingos). O toque de recolher de 0h e 6h, contudo, segue valendo até 16 de maio, e limitou um maior alcance para mudanças.  

O sócio proprietário do grupo Alemã, Sergio Band, é um dos empresários do segmento que considerou que a flexibilização concedida para os estabelecimentos no Amazonas veio “muito pequena”. Ele salienta ainda que as mudanças chegam em tamanho “bem inferior” ao que vem concedido em outras praças do país, a despeito de a pandemia já apresentar números locais “bem melhores” do que os registrados pela média nacional.

“Por outro lado, me parece que estas medidas seguem sendo inócuas, pois fechamos os shoppings e os grandes varejos de rua, onde os cuidados e os protocolos são muito mais rigorosos, levando as pessoas as buscar opções nos estabelecimentos menores, que podem correr o risco de abrir contra o que diz o decreto e onde os protocolos são menos rígidos. E o foco na vacinação, parece estar em segundo plano, quando poderia e deveria ser o inverso”, argumentou.  

“Situação desconfortável”

Em sintonia, o proprietário do Salomé Bar, do All Night Pub, Rodrigo Silva, o novo decreto está “muito aquém do que poderia avançar” para bares e restaurantes. A expectativa, de acordo com o empresário é que a flexibilização fosse maior, já que os números relativos a pandemia “são muito favoráveis” para o Amazonas, apesar de ainda não ter acabado a pandemia. “Só foram acrescentadas duas horinhas aos domingos, o que não muda nada. Quem estava sem poder abrir para jantar aos domingos, continua assim. De uma forma geral, o impacto para o Dia das Mães vai ser mínimo”, lamentou.

Sobre o andamento dos negócios, Rodrigo Silva assinala que a dívida parou de aumentar, com o fluxo de caixa mais positivo em virtude das graduais flexibilizações, mas em um ritmo ainda baixo para repor as perdas. O empresário informa que o faturamento médio em abril correspondeu a uma faixa de 70% a 80% do normal, para os restaurantes. Mas, para o flutuante e a casa noturna do grupo, a situação é muito pior.

“Os flutuantes ainda estão muito prejudicados pela grande limitação de horários. Fechar às 16h mata muito do faturamento e os nossos resultados estão correspondendo a 30% do que eram no passado. Decidimos continuar fechados, porque não tem viabilidade econômica e só faz aumentar a dívida. No caso do All Night Club, não há nem sinal de quando vamos poder reabrir. Ainda estamos em uma situação bastante desconfortável, mas é muito melhor do que fechar fechados”, ponderou.

A expectativa do proprietário do Salomé Bar, do All Night Pub é que a próxima revisão do decreto traga mais avanço e flexibilizações nos horários de atendimento, e até mesmo um menor espaçamento nas mesas, o que traria maior clientela em potencial. Rodrigo Silva ressalta, entretanto, que tudo vai depender do entendimento das autoridades se a pandemia está controlada, se as vacinas estão tendo o efeito desejado e se a imunização dos grupos de risco está completa, entre outros fatores. 

“Esperamos sempre o melhor, mas sinto que o governo, por retaliação, já que parte da população não cumpre os decretos, acaba continuando com essa política de restrição, muito mais como um indicativo para as pessoas de que a pandemia não acabou e que pode ter uma terceira onda. Parece-me que a situação está mais controlada, mas a gente ainda mantém essas ressalvas, como o limite de circulação de meia noite às 6h. Minhas estimativas, como empresário, é que a situação melhore. Mas, como cidadão, as expectativas não são muito boas, não”, opinou.  

Momentos desafiadores

Na mesma linha, o sócio proprietário dos restaurantes Mercato Brazil e Expresso 73, Rodrigo Zamperlini, destaca que a mudança foi “muito pequena” e que o setor esperava uma flexibilização maior. Segundo o empresário, o setor aguardava uma mudança no horário de fechamento dos bares, de 23h para 1h, nos dias de semana, e um prolongamento da jornada até o período noturno aos domingos, fechando perto das 23h. 

“Infelizmente, essa mudança não veio. Vamos aguardar o que virá no próximo decreto. O impacto para o Dia das Mães é praticamente nulo, porque os restaurantes já estavam fechando à noite, durante a semana, e o que foi mudado para os domingos não soma para quem tinha a esperança de poder trabalhar o jantar da data comemorativa, como as pizzarias e as demais casas que trabalham à noite”, apontou.

O empresário assinala que o balanço de abril apontou para uma melhora gradual, semana a após semana, no movimento dos dois restaurantes do grupo – Mercato Brazil e Expresso 73, ambos situados no Manauara Shopping. Mesmo assim, e levando em conta que “cada negócio tem sua particularidade”, o grupo fechou o mês com um retração de 55% na comparação com o mesmo mês de 2019 – já que há um ano, o segmento estava quase que inteiramente fechado.

Rodrigo Zamperlini diz que o endividamento da empresa ainda está alto e já vinha assim desde o início do ano, mas ressalta que a proximidade do vencimento das carências dos empréstimos realizados é um fator que “preocupa” e sinaliza “momentos ainda desafiadores”. Quanto aos empregos, houve uma redução de 15% nos quadros dos dois restaurantes, neste ano, sem sinais de recontratações no curto prazo. 

“A melhora nas vendas é lenta e gradual, mas a gente percebe no movimento. Vamos continuar torcendo para os números da saúde melhorarem, para que a gente possa continuar melhorando. As pessoas vão se sentindo mais seguras e voltam ao trabalho presencial. Tudo isso contribui para uma melhora nos resultados do setor”, finalizou.  

A reportagem do Jornal do Commercio procurou ouvir a Abrasel-AM (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seção Amazonas), por meio de sua assessoria de imprensa, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar