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Hiana Magalhães mostra outro lado de Parintins em livro

Quem já ouviu falar desses nomes: Fred Góes, Paulinho Du Sagrado, José Carlos Portilho, Inaldo Medeiros e Tony Medeiros? Sim, são compositores parintinenses, autores de muitas das belas toadas do Festival Folclórico de Parintins que permanecerão para sempre marcadas em nossas mentes. Mas eles não compõem apenas toadas, conforme poderá ser conferido no livro ‘O Festival da Canção de Parintins – por meio das narrativas dos compositores – história, memória e identidades – 1985/1991’, da professora Hiana Magalhães, que terá lançamento online no sábado, 8, pela Editora Valer, a partir das 10h.

“O ‘Festival da Canção de Parintins’ foi idealizado para estimular a produção da música parintinense e realizou-se com essa denominação de Fecap, de 1985 a 1991, embora outros festivais tenham sido realizados na cidade, desde 1979. Dessa forma, a problematização que nos propusemos foi investigar qual a importância do Festival na trajetória desses narradores e como eles contam suas experiências, e, ao mesmo tempo, qual a avaliação que eles fazem da importância do Festival da Canção para a comunidade de Parintins”, explicou a professora.

Hiana é mestra em História Social, pela Ufam, e professora assistente no curso de História Presencial Mediada por Tecnologia, na UEA.

Hiana Magalhães conta histórias sobre a composição musical de personagens parintinenses
Foto: Divulgação

É autora, em parceria, dos livros ‘Encontro com a história e as suas deliciosas contradições’, publicado pela Edua (Editora da Ufam), em 2015; ‘History whispers and intrigues’, também pela Edua, em 2018; e ‘Um rio de histórias: conexões entre memória, cultura e patrimônio no Baixo Amazonas’, publicado pela Editora CRV, este ano.

Compositores inovadores    

Como historiadora, Hiana tem se dedicado a fazer pesquisas no campo da teoria do conhecimento em história oral. Atuou como educadora no Instituto Adventista Agro Industrial, Instituto de Educação do Amazonas, Colégio Amazonense Dom Pedro II, Escola Estadual Nilo Peçanha e Escola Estadual Jacira Cabocla.

“O livro é resultado da minha dissertação de mestrado, defendida em 2019. Inscrevi a proposta da pesquisa acadêmica no Prêmio Encontro Das Artes, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Aldir Blanc, na modalidade ‘Memória e pesquisa cultural, pesquisa histórica’, direcionado para os municípios do interior. No meu caso, estou representando o município de Parintins. Fiquei em 6° lugar e fui contemplada”, informou.

O conteúdo de ‘O Festival da Canção de Parintins’ é um estudo historiográfico com embasamento teórico na história oral, e sobre a história cultural de Parintins. O recorte ocorre de 1985 a 1991. Esse é o contexto pesquisado pela autora, período no qual os festivais aconteceram com grande efervescência na ilha Tupinambarana. O Festival da Canção foi o palco de toda uma vanguarda musical naquele período, em meio às contestações políticas pelas quais o país passava, especialmente no finalzinho do governo militar, quando efervesceu em todo o Brasil a campanha pelas ‘Diretas Já’. Em Parintins, que também acompanhava toda aquela situação, organizou-se o Festival, com críticas musicais inovadoras que balançaram os pilares da sociedade de então.

“A importância desses festivais, com certeza, se deu na canção, nos estilos musicais trabalhados por estes compositores inovadores”, disse.

Festivais maravilhosos

Os cinco compositores, mais Erivaldo Maia, organizador e produtor executivo dos festivais, foram ouvidos por Hiana e suas escutas orais, transcritas. Naquela época eles já eram compositores de prestígio na cidade de Parintins.

“Eu, com a intenção de escrever sobre um pouco da nossa história cultural, acabei descobrindo que Parintins realizou festivais de música maravilhosos, aliás, segundo as fontes orais apresentadas, os compositores me relataram que se compunha bem mais para a MPB do que para o campo dos bumbás. Mas como tudo que é inovador, o ‘novo’, o Festival da Canção chegou ao fim, e aí começou a diáspora destes compositores para o campo das toadas de bois-bumbás. Essa foi a grande contribuição do Fecap: a vanguarda por uma identidade musical, em que as narrativas refletem muito esse momento de florescimento cultural para cada compositor que passou pelo palco do Festival”, destacou.

Para Hiana, seu mais recente livro, realizado com total embasamento teórico na história oral, tem como público alvo a comunidade acadêmica, professores e pessoas, principalmente da área musical, que gostam de saber sobre coisas novas por novos vieses da história.

“Entendo que a história dos festivais de MPB pode ser vista como a própria aventura, apontando para os dilemas que foram muito além da área musical e atingiram diretamente o cerne da nossa história social, política e cultural, e por esta razão tenha germinado em muitos lugares do país, como no município de Parintins”, concluiu.

O lançamento do livro poderá ser acompanhado pelas redes sociais da Editora Valer.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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