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Guido Mantega fala em ‘ano da virada’

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que 2013 foi o “ano da virada”, mas evitou fazer previsões muito otimistas para 2014. Disse que seria “mais modesto” dessa vez.
Ele não se arriscou a estabelecer metas de crescimento. Há três anos os resultados ficam abaixo do prometido. Questionado se seria possível o Brasil crescer 4%, como estava previsto na proposta de Orçamento para 2014, disse que “tem dúvidas”.
“Não sei se dá para chegar em 4%, tenho dúvidas, mas dá para fazer mais do que neste ano. Vamos ser mais modestos e perseguir uma crescimento maior do que esse ano, aquilo que for possível”, declarou, em café da manhã com jornalistas.
A previsão de economistas é de que a expansão do PIB neste ano deve ficar pouco acima de 2%, superando o resultado de 2012 (1%). Segundo Mantega, o bom resultado do ano que vem vai depender da recuperação da economia mundial.
Para ele, há fortes indícios de recuperação generalizada dos países, o que deve ajudar o Brasil a exportar e crescer mais. “A boa notícia é que estamos num ano de virada. Talvez o último ano da crise”, disse.
Ele destacou também como aspectos positivos de 2013 a manutenção da taxa de desemprego em patamares baixos no Brasil, o início das concessões de obras de infraestrutura e a redução da inflação ao longo do ano. A elevação média dos preços, no entanto, está acumulada em 5,77% nos últimos 12 meses, apenas levemente abaixo da inflação de 2012 (5,84%).

Contas públicas

Após uma ano de fortes críticas à política fiscal (gestão de receitas e despesas do governo), Mantega reafirmou que alguns impostos que haviam sido reduzidos voltarão a subir para reforçar a arrecadação, como o IPI que incide sobre eletrodomésticos e automóveis. A Cide -cobrada sobre combustíveis- também pode ser elevada, mas não é certo.
Ele também voltou a prometer reduzir gastos com seguro-desemprego. Até agora, porém, o governo não apresentou nenhum medida concreta. Na quinta-feira, haverá uma reunião de Mantega com o ministro Manoel Dias (Trabalho) e as centrais sindicais para discutir o assunto.
Apesar da cobrança do mercado de que o governo seja mais transparente ao estabelecer e cumprir sua meta de economia (superavit primário), Mantega disse que a definição dos valores para 2014 só sairá no início do ano. Prometeu, porém, perseguir uma meta superior ao piso mínimo que estava na proposta de Orçamento, de 1,1% do PIB.
“Nós sofremos muito em 2012 para fazer uma meta que tinha que ser exatamente aquela meta. Então, nós estamos com graus de liberdade. Não quer dizer que vai ser 1,1%. Seria o mínimo. Teria que ter uma catástrofe para que isso acontecesse”, explicou.
A dificuldade do governo em cumprir as metas de economia do setor público alimentou ao longo do ano a desconfiança do mercado com a política fiscal, que é essencial para auxiliar no controle da inflação e evitar a alta dos juros.
Para Mantega, no entanto, a forte entrada de investimentos estrangeiros para o setor produtivo -foram mais US$ 8,4 bilhões em novembro -mostra que os investidores estão confiantes no Brasil.
“Nesse ano tivemos dificuldade com a questão da confiança. Acho que houve exagero”, disse. “Isso [a entrada de investimento produtivo] mostra a confiança na economia brasileira. O pessoal não vem investir à toa”, acrescentou.

Atraso

Mantega chegou ao café marcado para às 9h apenas às 10h40. Não pediu desculpas pelo atraso, mas chegou fazendo piada, como de costume. “Tivemos que fazer uma vaquinha com recursos pessoais [para bancar o café]”, disse.
Num ano em que o governo teve que apertar os gastos nos últimos meses devido à arrecadação mais fraca do que o esperado, Mantega disse que está sendo “xingado” nos demais ministérios.
Diante da solicitação dos jornalistas para que o ministro revelasse detalhes de suas reuniões com a presidente Dilma Rousseff, ele reagiu: “Você quer que eu termine o ano desempregado”. Acerca de um quilômetro dali, no Palácio do Planalto, a presidente reafirmava mais uma vez que Mantega segue firme e forte em seu cargo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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