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Grupo francês vai assumir aeroporto Eduardo Gomes

A concessão do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes foi arrematada, nesta quarta (7), no primeiro dos três leilões de concessões em infraestrutura que o Ministério da Infraestrutura batizou de InfraWeek e a sexta rodada de concessões aeroportuárias da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A vencedora foi a empresa francesa Vinci Airports, que ganhou o direito de administrar, pelos próximos 30 anos, um total de sete aeroportos na região Norte – Manaus, Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga (AM) e Tefé (AM).

Em comunicado à imprensa, a nova concessionária manifestou a intenção de implantar aeroportos verdes e manter sinergia com sua operação na Guiana Francesa – com voos diretos para Paris. Também disse que visa apoiar a recuperação da economia brasileira, desenvolvendo o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, o terceiro maior em volume de cargas, em todo o país. “Pilar do desenvolvimento econômico e comunitário da região amazônica, Manaus tem um papel estratégico na economia do país, particularmente pelo alto crescimento da indústria de eletrônicos”, assinalou o texto.

A Vinci Airports, cuja rede global agora abrange 52 aeroportos – incluindo Portugal, Brasil, Chile, Costa Rica e República Dominicana –, anunciou que vai se basear na política ambiental que implementa desde 2018 no “Salvador Bahia Airport”. Lideranças classistas ouvidas pela reportagem do Jornal do Commercio foram unanimes em apontar que troca da guarda no comando do quase cinquentenário aeroporto da capital amazonense deve trazer ganhos econômicos para a região e maior eficiência na gestão do aeródromo manauense.   

O grupo francês, que já opera o aeroporto de Salvador (BA), ofereceu inicialmente R$ 420 milhões pelo bloco, contra R$ 50 milhões do consórcio Aerobrasil, grupo que administra o aeroporto de Belo Horizonte junto com os operadores Zurich Airport International (Suíça) e Munich Airport International (Alemanha). O compromisso de investimento nos sete aeroportos da região Norte arrematados pela multinacional europeia – que receberam 4,7 milhões de passageiros em 2019 – será de R$ 1,4 bilhão.

Na mesma nota à imprensa, o grupo informou que pretende assegurar a operação, manutenção e modernização dos terminais e pistas, além de transformar os aeroportos em infraestruturas ecoeficientes, com meta de zero emissões líquidas, instalação de fazendas fotovoltaicas, gestão da água e de resíduos sólidos, implantação de laboratórios de diversidade e projetos para redução da pegada de carbono em parceria com ONGs locais.

Hub em Manaus

No entendimento do presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, a privatização do Aeroporto Internacional de Manaus sinaliza trazer ganhos para o varejo e turismo da região, assim como conectar mais a capital amazonense à malha aérea nacional e internacional. O dirigente não exclui a possibilidade de aumento de custos, mas avalia que a relação custo benefício ainda será positiva.

“Com certeza, uma empresa privada desse porte não iria entrar em uma operação dessas, se não soubesse exatamente como rentabilizar o seu investimento. E, com isso, a região Norte toda sai ganhando. Os preços dos alugueis em aeroportos são altos no mundo inteiro e não deve ser diferente com eles. Mas, se houver um aumento na frequência de voos, Manaus pode se tornar um hub. Aí, pode ser uma boa alternativa, mesmo com um custo alto”, avaliou.

“Elefante branco”

Na mesma linha, o presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, assevera que a região sai ganhando com a troca do setor público pelo privado, ao apontar que a Infraero é um “elefante branco” que puxa os custos para cima. Mas, o dirigente diz não esperar um acréscimo significativo nos custos operacionais, a partir da implantação das mudanças anunciadas pela multinacional.

“Agora, vamos ter competitividade. Os serviços já são caros, com muitos empregados e muitas indicações. Com a iniciativa privada vai ter mais rigor e fiscalização. Espero que os preços de cargas e passageiros não sofram alta. Essa empresa francesa está em muitos lugares e a privatização é muito importante para a economia. Ainda mais na Zona Franca de Manaus, que sofre um distanciamento muito grande do Sul do país. Só temos as vias marítima e aérea, enquanto a rodoviária também depende de balsas”, justificou. 

“Questões burocráticas”

Na avaliação do presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, a mudança de gestão no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes em favor da iniciativa privada internacional é uma boa notícia, mas não deve gerar grandes mudanças para o dia a dia da logística na indústria incentivada da capital amazonense.   

“A empresa francesa foi responsável pela aquisição de todo o bloco Norte que também inclui os aeroportos de Porto Velho (RO), Rio Branco e Cruzeiro do Sul (AC), Tabatinga e Tefé (AM) e Boa Vista (RR). A expectativa é positiva. Sabemos que o poder público possui algumas questões burocráticas que, por vezes, implicam em um trâmite mais demorado. Mas, entendemos que não devem ocorrer alterações substanciais nos processos em si de entrada e saída de mercadoria, os quais continuarão sob responsabilidade dos órgãos competentes”, ponderou.

“Manaus – Paris”

Embora assinale que o setor não tem nenhuma queixa a respeito das atuais condições operacionais, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, se mostra mais otimista e diz que tudo aquilo que se pensar em melhorar o retorno para o investidor deverá ser feito pela nova concessionária, embora o dirigente não descarte a possibilidade de que não ocorram “grandes mudanças”, “se já der o retorno esperado”.

“Dos órgãos fiscalizadores já tivemos queixas, mas isso não depende do operador do aeroporto. Espero que se aplique na gestão uma filosofia de alavancar atividade. Ninguém vai colocar dinheiro sem pensar em fazer negócios. Quem sabe podemos ter uma ponte entre Manaus e Paris, ligando o Amazonas à Europa? Tanto na questão logística, quanto na de passageiros, para dar dinheiro, tem que ter movimentação. E é isso que espero que aconteça”, comentou.

“Experiências de sucesso”

Indagado sobre eventuais expectativas e demandas do setor a partir da privatização do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em virtude dos tracionais nós logísticos da região, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Jose Jorge do Nascimento, disse que não tinha maior conhecimento sobre a questão, mas se mostrou igualmente otimista quanto à novidade. 

“Não temos, até o momento, nenhuma informação de associadas sobre esses assuntos. Isso é mais operacional e não tratamos desse tema mais específico, na Eletros. Mas, é natural que, em novas administrações, se implementem melhorias. Sendo assim, penso que essa nova gestão trará experiências de sucesso”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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