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Greve estabelece caos na cidade e nos parlamentos

Enquanto o sistema de transporte coletivo entra em seu pior colapso nos últimos anos, tanto os órgãos e instituições ligadas ao sistema, quanto a prefeitura de Manaus se isentam de culpa pelo problema. Quem está pagando pela crise, são os mais de 400 mil usuários existentes na capital do Amazonas e o comércio em geral, cuja maioria dos funcionários depende do transporte coletivo. Mesmo diante do caos instalado com a paralisação dos rodoviários, a promessa da classe é manter a greve por mais 15 dias. Diante do problema, vereadores entram em rota de colisão, estabelecem nova guerra entre oposição e situação, mas ações concretas, a população não vê.
Lojas esvaziadas, não apenas pela falta do consumidor, como também pela ausência de funcionários, e estações de ônibus lotadas de pessoas a espera de um coletivo, fazem parte da realidade de Manaus, desde a última sexta-feira. Enquanto Sinetran (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Amazonas), STTR (Sindicatos dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário) e prefeitura de Manaus (poder concedente do serviço) ocupam espaço na mídia para dizer que não tem nada a ver com o problema, os rodoviários mantêm a decisão de parar as atividades pelo reajuste salarial de 10%, mais participação nos lucros e resultados, a inclusão de plano odontológico, o aumento no valor da cesta básica e ticket refeição saindo dos atuais R$ 286,00 para R$ 390,00, além da redução da jornada de trabalho de 7h20 para 6h. Atualmente, o motorista recebe R$ 1.449,00, e o cobrador R$ 724,00.
Representantes diretos da população no poder público, os vereadores, entraram apenas discretamente na briga pelos direitos da sociedade, uma vez que a maioria dos parlamentares fazem parte da bancada de sustentação do governo municipal. Esta semana, a greve dos trabalhadores do setor de transporte tomou todo o expediente da CMM (Câmara Municipal de Manaus), que acabou decidindo por uma reunião de emergência com o prefeito Amazonino Mendes, visando encontrar uma alternativa para o problema.
Um grupo calculado em 200 motoristas e cobradores esteve na CMM em encontro com os vereadores.

Muita briga e pouca ação

Enquanto a população é seriamente penalizada, parlamentares e lideranças políticas ocupam as tribunas das Casas Legislativas, blogs da internet, sites de relacionamentos e a mídia, em geral, para criticar, opinar e defender uma ou outra personagem, mas ação concreta, não acontece.
O assunto está gerando nova crise política entre parlamentares da oposição à prefeitura de Manaus e os que compõem a base governista.
Para o vereador Ademar Bandeira (PT) a questão do transporte coletivo está entrando em colapso por falta de administração na cidade de Manaus. Bandeira salientou que a paralisação no transporte público vem causando sofrimento para a população que chega a ficar cinco horas em pontos de ônibus. Para o petista, os rodoviários têm o direito de reivindicar reajustes salariais e a prefeitura tem o dever de exigir dos empresários que sejam cumpridos os direitos legais dos trabalhadores. “Foi dado um verdadeiro presente de grego aos trabalhadores da nossa cidade, mas não podemos deixar a população sofrendo, por isso precisamos chamar o prefeito para que assuma a responsabilidade que o cargo impõe”, destacou. Durante os debates, o vereador Marcelo Ramos (PSB) ameaçou ingressar com ação na Justiça contra o prefeito Amazonino Mendes pelo suposto cometimento de crime de responsabilidade e o vereador Hissa Abrahão (PPS) reclamou porque sua proposta de uma CPI para apurar os problemas do setor de transporte público, acabou engavetada.
Os situacionistas defendem a tese de que os problemas do transporte coletivo são muito antigos e jamais resolvidos. Por sua vez, Wilker Barreto (PHS) criticou os membros da oposição que não participam das audiências públicas onde os problemas da cidade são debatidos. Ele disse que na semana passada ocorreu uma audiência sobre a questão do transporte público, onde os que hoje cobravam providências não apareceram. “Nem sempre quem é bom de discurso na tribuna é bom de trabalho”, afirmou.
Eleito, em sua maioria pela classe dos rodoviários, o vereador Jaildo dos Rodoviários (PRP) criticou a declaração do prefeito Amazonino Mendes ao referir-se à greve dos trabalhadores do transporte como ‘politicagem’. Para Jaildo, a greve será mantida até que os trabalhadores tenham suas solicitações atendidas. “Fica aqui minha indignação diante da atitude do prefeito que lavou as mãos para o problema enfrentado pelos rodoviários”, lamentou Jaildo.
Por sua vez, o vereador Elias Emanuel (PSB) agradeceu ao vereador Jaildo por ter citado a imediata intervenção do ex-prefeito Serafim Correa durante as greves do transporte coletivo que aconteceram em sua gestão. Elias também criticou a declaração do prefeito Amazonino Mendes de que os motoristas e cobradores de ônibus da cidade de Manaus estão entre os mais bem pagos do país. “Quando a prefeitura diz que não tem nada a ver com isso, dois milhões de pessoas em Manaus vivem momentos de tumulto. Como é que uma cidade que se candidata a ser sede da Copa do Mundo pode estar enfrentando esta crise? Não dá para ter mais um dia em Manaus com um trânsito caótico e sem transporte coletivo, estamos vivendo em uma cidade desgovernada”, provocou o vereador.
Mesmo alegando que não é de sua competência interferir na greve, a prefeitura de Manaus incentivou o aumento de ônibus executivos nas ruas da cidade, em uma tentativa de amenizar o problema.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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