O deputado estadual Orlando Cidade (PTN) confirmou ontem, 29, a suspensão da importação de sacaria de juta e malva oriundas da Índia e de Bangladesh, situadas no sul da Ásia. Segundo ele, a decisão do governo federal preserva 40 mil empregos na região Norte, sendo 22 mil no Estado do Amazonas, e é consequência das gestões conduzidas pelo parlamentar, presidente da Comissão de Agricultura e Pesca da Assembleia Legislativa, junto ao Mdic (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comercio Exterior). O Decex (Departamento de Operações e Comércio Exterior) suspendeu por 60 dias a importação de sacaria de malva e juta, informa o deputado.
De acordo com Orlando Cidade, a importação do produto foi superior a 4 milhões de unidades até o fim deste semestre. “Até junho a importação foi maior do que nos últimos seis anos, o que deixou o mercado sufocado”, disse Orlando, que, no entanto, faz questão de advertir que, apesar do gesto exemplar do Palácio do Planalto, a crise do setor de sacaria, envolvendo o Amazonas, vai perdurar até dezembro “porque muita coisa já foi despachada da Índia e o país não tem como conter isso, o que compromete a indústria nacional”, afirma.
Orlando Cidade destaca a postura da secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Lacerda, que se mostrou “sensibilizada” em relação à concorrência desleal por parte da Índia e Bangladesh quando da reunião ocorrida em Brasília com os membros da Comissão de Agricultura da Aleam na semana passada. O deputado afirma que a situação estava ficando insustentável e o governo federal teria que suspender ou sobretaxar a sacaria asiática o mais rápido possível, já que o produto entra no Brasil abaixo de R$ 2, enquanto o mesmo produto fabricado no país não sai por menos de R$ 4,50.
Sepror
Além dos esforços de Orlando Cidade em Brasília, defendendo medidas contra a importação de sacos fabricados no sul asiático, a Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) acionou, no início de agosto, os ministérios da Agricultura, da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio forçando-os a limitar a importação de sacaria da Índia. A importação havia sido liberada no final de 2010 pelo Decex (Departamento de Operações e Comércio Exterior), do Mdic.
O Amazonas é o maior estado produtor da matéria-prima, beneficiada e enviada a quatro indústrias fabricantes de sacos que servem para armazenar produtos agrícolas como café, cacau e castanha-do-pará. Números da Sepror indicam que o Amazonas produz em torno de 11 milhões de toneladas de fibra de juta e malva por ano, enquanto o Brasil precisa de 20 mil toneladas para suprir suas demandas internas. A indústria nacional de juta faturou cerca de R$ 30 milhões neste semestre.
Preocupado com os problemas do setor e o perigo que corriam os 40 mil postos de trabalho nos Estados do Norte, Orlando Cidade levou o assunto à tribuna da Assembleia Legislativa e denunciou os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, grandes produtores de café, que preferiam importar sacos da Índia que custam R$ 2, ao invés de comprar da região amazônica a R$ 4,50. “Passamos a viver uma situação difícil, com dificuldades de vender os sacos produzidos no Estado”, revelou Cidade.