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Gestões do cooperativismo no Amazonas

Este estudo pretende mostrar que a cultura paternalista é venal porque acostuma mal os indivíduos, deixando-os impotentes diante dos desafios. Estamos de fato diante de algo novo, de emergência de uma nova cultura do trabalho pautada na perspectiva autogestionária que desafia o trabalhador a dar conta do próprio negócio.

A cultura cooperativa é um movimento que requer efetiva participação nos debates locais, nacionais e internacionais. Requer reflexão e autocrítica na busca de uma práxis transformadora, daí a necessidade de participação nos fóruns e instâncias que propiciam um debate aberto sobre esta questão.

A OCB tem assento em fóruns interessantes como o FMPE (Fundo de Fomento às Micro e Pequenas Empresas), no Conselho do Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária), nos assentamentos administrados pelo Procera, que é uma linha de financiamento do Incra, no Conselho do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e tem participação no Sescoop (Serviço Social das Cooperativas). A OCB também participa de eventos nacionais e internacionais constantemente.

Esse processo reflexivo é importante porque contribui para com a formação dos próprios gestores.

A Unitrabalho (Rede Interuniversitária de Estudo e Pesquisa sobre o Trabalho) fundada em 1995, é uma entidade que também propicia debates nacionais sobre economia solidária.

Em 1997, o Grupo de Trabalho de Economia Solidária coordenado pelo professor Paul Singer (USP), realizou um evento nacional onde compareceram dirigentes da Anteag, da ITCP/UFRJ, do MST, da Fase e de algumas outras entidades promotoras ou associativas da economia solidária. A esta reunião compareceram colegas da Unitrabalho de todo o país e foi esclarecedor ouvir os relatos sobre cooperativas de novo tipo que estavam se formando em muitos Estados.

Ao lado da ITCP/UFRJ e Anteag, também o MST estava criando cooperativas de produção e de comercialização nos assentamentos de reforma agrária (Singer, 2000).
Apreender bem esse processo e apropriar-se de conhecimentos metodológicos da gestão e autogestão, é fator primordial para a viabilidade dos empreendimentos cooperativos que vêm se formando em todo o país. Para uma cooperativa se manter no mercado é preciso que os seus gestores olhem para dentro de si mesmos, para certificar-se da sua predisposição para inserir-se numa nova cultura onde tem que gerir o próprio negócio.

Segundo Singer (2002) as pessoas não são naturalmente inclinadas à autogestão, assim como não o são à heterogestão (…). Mas irmanar-se com os iguais, insurgir-se contra a sujeição e a exploração constituem experiências redentoras. Quando reiteradas, modificam o comportamento social dos sujeitos.

É preciso reinventar as classes trabalhadoras, a sua estrutura organizacional, retroalimentada na democracia e na possibilidade de novas relações de trabalho que atendam aos desafios dos novos tempos. Do mesmo modo, é preciso recriar novas formas de sociabilidade entre os trabalhadores fundadas nos princípios de solidariedade, equidade e democracia. Por tudo isso precisamos fomentar esse tipo de geração de emprego e renda em nosso Estado.

Celso Torres é economista, Mestre em Sociologia do Trabalho pela UFAM. E-mail: [email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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