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Gelo no setor pesqueiro

O gelo é um item fundamental na cadeia produtiva da pesca profissional/artesanal, bem como na alimentação dos profissionais embarcados, tal qual o combustível. Mais a industrialização e comercialização do gelo, especialmente no interior do Amazonas, exigem uma maior atenção das autoridades pertinentes, porque o produto é indispensável na manutenção da qualidade do pescado, mas pode ser transformado em um importante agente da contaminação.
No que pese o serviço de inspeção sanitária dos produtos de origem animal e vegetal ser de uma importância sem precedentes para a saúde pública, no Amazonas, a estruturação dessa logística tropeça na burocracia. O controle sanitário efetivo de toda a fabricação de gelo, ainda é expectativa. Isto se não bastasse o gargalo que representa a tarifa do consumo de energia das fábricas de gelo, qualificado como industrial, o que eleva a taxa absurdamente gerando complicadores de gestão.
É bom observarmos que estes elementos que implicam sobre a saúde pública somam-se a tantos outros que contribuem para o comprometimento da qualidade do produto pescado. Não tem como sair para pescar sem o gelo. Se o produto, muitas das vezes, for feito por um único fabricante, o monopólio resulta em exploração econômica impondo preços absurdos à tonelada do gelo.
As lideranças dos pescadores na sua eterna e constante busca de melhorias para a pesca profissional/artesanal, insistem na expectativa de sensibilizar o governo do Estado e os prefeitos municipais, sobre o funcionamento e gestão das 14 fábricas de gelo espalhadas pelo interior financiadas, algumas pelo governo federal, via Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e outras pelo executivo estadual.
A pesar da importância destas fábricas para os pescadores que trabalham na região e, consequentemente, para a qualidade do produto pescado, a maioria delas, administradas pelas prefeituras, estão paradas por falta de manutenção. As Colônias de Pescadores e a Fepesca (Federação dos Pescadores), em histórica audiência em palácio do governo, quando o titular da Sepror ( Secretaria de Estado da Produção Rural) era o deputado Luiz Castro (PPS), obtiveram, entre outras conquistas asseguradas pelo governador Eduardo Braga (PMDB), a de que a responsabilidade de administração destas fábricas de gelo seriam repassadas em termos de comodatos, para as Colônias de Pescadores. Isto, depois de restauradas e colocadas em funcionamento.
Até os dias atuais nenhuma fábrica de que se tratou foi colocada em funcionamento. É triste testemunhar que muitas delas estão se acabando pelo absoluto abandono na extensão dos anos. Agora, seria uma irresponsabilidade dos pescadores e suas lideranças atribuir a responsabilidade ao mandatário estadual, quando o pecado é dos seus técnicos e assessores da área, que não conseguem traduzir a realidade técnica, sem levar em consideração interesses pessoais.
Na foz do lago Canumã, no limite dos municípios de Borba e Nova Olinda do Norte – um dos maiores produtores de Jaraqui e Curimatã do Amazonas -, existe uma fábrica de gelo, assim como na cidade de Nova Olinda. Ambas não estão funcionando. Os pescadores destas regiões estão sendo obrigados a se abastecerem de gelo em Itacoatiara, em deslocamento desnecessário que eleva as despesas operacionais das embarcações pesqueiras. O quadro mostra literalmente a questão do gelo no setor pesqueiro.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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