Os gastos do consumidor americano cresceram 0,6% em agosto, maior alta em quatro meses, enquanto os salários no país tiveram alta de 0,3%, também em agosto (abaixo do esperado). Os dados foram divulgados na sexta-feira pelo Departamento do Comércio.
O indicador do núcleo da inflação (que exclui os preços de alimentos e energia) atrelado à leitura dos gastos, por sua vez, teve alta de 1,8% no mês passado, na comparação com agosto de 2006. Foi o menor avanço no indicador desde fevereiro de 2004, quando foi registrada a mesma variação.
Os gastos do consumidor superaram as expectativas dos analistas, que previam uma alta de 0,4%, e foram vistos como sinal de que a economia americana tem condições de superar o impacto da crise imobiliária -em particular, dos problemas causados pelo aumento da inadimplência no mercado de hipotecas de risco- sobre o mercado de trabalho, que perdeu 4.000 vagas no mês passado.
Com o indicador de inflação divulgado hoje abaixo dos 2% considerados adequados pelo FED (Federal Reserve, o BC americano) para a inflação -vistos como sinal de que as pressões inflacionárias estão sob controle-, a expectativa é de que o banco prossiga reduzindo sua taxa básica de juros a fim de estimular a economia.
Cerca de dois terços de toda a atividade econômica dos EUA são movimentados pelo consumo. Com as condições de acesso ao crédito mais restritas, devido à crise das hipotecas de risco, o temor entre analistas e investidores é que a desaceleração seja acentuada e jogue o país em uma recessão.
Gastos em construção
Os gastos em construção tiveram um ligeiro aumento em agosto, com elevação de 0,2%. Os gastos no setor não-residencial diminuíram o impacto causado pelo atual cenário de declínio no mercado de residências no país. Segundo o departamento, os gastos totais em construção no mês passado atingiram a taxa anualizada de US$ 1,166 trilhão.
No segmento de construção de prédios comerciais e de escritórios, shopping centers e outros projetos não-residenciais houve aumento de 2,3% no mês passado, maior alta em seis meses.
Já no setor de construção residencial, houve queda de 1,5%, marcando o 18º mês consecutivo de declínio.