No dia 13 de fevereiro de 1990, ano da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, é criada a Fundação Abrinq, por um grupo de empresários do setor de brinquedos. E nasce com a missão de defender os direitos da criança e do adolescente por meio da mobilização social. A apresentação pública como fundação acontece com o lançamento do livro “A Guerra dos Meninos”, do jornalista Gilberto Dimenstein. Ainda nesse mesmo ano, como forma de pressionar os líderes mundiais reunidos na sede da ONU, em Nova York, para a Cúpula da Criança, a Fundação Abrinq coordena, no Brasil, a Vigília Mundial “Candle Ligth” pelos Direitos da Criança, numa ação simultânea a outros 71 países.
A grave situação da infância no Brasil exigia ações da sociedade e suas organizações representativas. Foi assim que se seguiram campanhas como a “Pré-Natal é Vida: não empurre essa responsabilidade com a barriga”, com o objetivo de difundir e estimular o acompanhamento médico de gestantes.
Frente às elevadas taxas de mortalidade infantil, que afligiam as crianças brasileiras, a Fundação Abrinq produz e distribui, entre 1990 e 1993, cerca de um milhão de colheres-medida de soro caseiro num trabalho de combate à desidratação, com o apoio de empresas de brinquedos e de plástico.
Outras campanhas se seguiram: “Seja um Anjo da Guarda” (estimular a guarda de crianças em famílias substitutas), “Conselho Tutelar – Vote” (incentivar a participação comunitária na escolha dos conselheiros). A fundação participou da mobilização, junto a outras importantes organizações, pela regulamentação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).
Nestes 18 anos de trajetória, a Fundação Abrinq se propõe a ser uma ponte entre quem precisa de ajuda e aqueles que querem ajudar. Os recursos arrecadados na sociedade, entre pessoas físicas e jurídicas, são utilizados em ações que oferecem a crianças e adolescentes o acesso à educação, saúde, cultura, lazer, formação profissional e inclusão digital; protegem as crianças e os adolescentes que sofrem violação de seus direitos ou que estão em situação de risco, através do combate ao trabalho infantil, da violência doméstica e da exploração sexual, entre outras; facilitam o ingresso do jovem no mundo do trabalho, de acordo com a Lei do Aprendiz; sensibilizam e conscientizam a sociedade, o setor público, ONGs e as empresas sobre questões da infância e da adolescência.
Entendemos que investir na criança e no adolescente é o caminho para reverter as relações de desigualdade social do Brasil e desenhar um novo país para as próximas gerações. O investimento requer o engajamento dos governos federal e estaduais, do Ministério Público, do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do conjunto da sociedade civil.
O desafio continua e para enfrentá-lo a fundação tem como estratégias o fortalecimento de organizações para a prestação de serviços ou de defesa de direitos; o estímulo e pressão para a implementação de políticas públicas afins, bem como à responsabilidade social frente aos direitos da criança e do adolescente; a articulação política e social na construção e defesa desses direitos e o conhecimento da realidade da infância e adolescência brasileiras.
Ao completar 18 anos, a fundação acredita que somente a união de todos aqueles que se sentem ‘amigos da criança’ pode melhorar a realidade da população infanto-juvenil brasileira. Entendemos que o futuro do Brasil está no presente bem-vivido de todas as crianças e adolescentes, que esperamos que sejam um dia, de fato, prioridade das políticas públicas e sujeitos da nossa história.
CARLOS ANTÔNIO TILKAN é presidente do Conselho de Administração da Fundação Abrinq.