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Fotografando com o lápis

Fotografando com o lápis

Se para alguns artistas o isolamento social foi péssimo, para outros, ficar confinado em casa só fez aumentar seus trabalhos e ganhos. É o caso do artista plástico Marcelo Augusto, manauense, mas com um ateliê na cidade de Anamã, distante 161 km de Manaus, em linha reta.

“Há cinco anos resolvi morar em Anamã, pela tranquilidade da cidade, e resolvi abrir meu ateliê de produção de desenhos e pinturas. Não pensei que a demanda seria tão boa”, comemorou.

Marcelo, como todo bom desenhista, começou rabiscando qualquer papel que caía em suas mãos e, à medida que crescia, seus desenhos se aproximavam da perfeição de uma fotografia.

“Era engraçado, na escola, eu só queria saber de desenhar, e meus traços já eram tão bons, que atraíam a atenção das pessoas. Ficava um monte de gente à minha volta me vendo desenhar. Foi nesse período que comecei a desenvolver os desenhos realistas, retratando os rostos das pessoas”, lembrou.

“Meu pai chegou a ser chamado algumas vezes na escola, porque eu só queria saber de ficar rabiscando papéis em detrimento das outras matérias”, disse.

Mal sabia a direção da escola que todo aquele interesse do menino em ficar com o lápis e o papel nas mãos estava moldando seu futuro profissional.

“Adolescente, comecei a vender meus trabalhos. Foi então que vi que aquilo que gostava tanto de fazer poderia me dar um bom dinheiro. E não parei mais”, revelou.

O artista ressaltou que nunca frequentou nenhuma aula ou curso de desenho, e que sua técnica foi se apurando a cada desenho que procurava fazer cada vez mais parecido com quem estava sendo retratado.

Colecionando desenhos

Em Anamã, Marcelo aceita qualquer tipo de trabalho que envolva pintura e desenhos artísticos, de fachadas de prédios, placas de propaganda, a quadros com paisagens, mas o seu interesse maior é pelo desenho com lápis sobre papel A3.

“Consegui formar uma legião de pessoas que admira e compra meus desenhos realistas, sempre nesse padrão de lápis sobre papel. Acredito que o sucesso seja pela perfeição que dos trabalhos. Tenho clientes tanto em Anamã, quanto em Manaus, de pessoas comuns a empresários e políticos, e não raro, muita gente está fazendo coleção dos meus desenhos, sempre encomendando novos trabalhos”, explicou.

Marcelo revelou que a complexidade de um desenho varia de acordo com as características do rosto do modelo.

“Por exemplo, de uma criança, que ainda tem o rosto liso e sem marcas, consigo fazer o desenho em umas cinco horas, agora, de uma pessoa adulta, que tenha sinais e marcas, e pior ainda se tiver rugas, o desenho pode durar mais de um dia para ficar pronto”, contou.

O artista garantiu que tem a mesma facilidade para desenhar um rosto tanto de uma fotografia quando de forma presencial.

“As pessoas preferem mandar fotos, porque presencialmente teriam que ficar horas, na mesma posição, para eu poder desenhá-las. Hoje, com a facilidade em se tirar uma foto, ficou tudo mais prático. Acho que o sucesso dos meus desenhos é porque as pessoas gostam de se ver desenhadas. Todos se admiram quando veem o trabalho pronto. Penso que seja a minha valorização como artista”, concluiu.

Sempre foi home office

O que Marcelo não esperava é que a quarentena, depois o isolamento social, fossem fazer aumentar os pedidos por seus desenhos.

“Hoje eu tenho clientes, além de Anamã, em Anori e Beruri, e quando venho a Manaus, não faltam pedidos. Estou montando um ateliê, em Manaus, para poder trabalhar com mais facilidade quando estiver aqui”, adiantou.

Em Anamã, o artista tem dificuldade em conseguir material para os desenhos. Os lápis são exclusivos para desenhos, bem como o papel, que ele manda buscar no Rio de Janeiro, é o Fabriano, especial, 100% feito de algodão. E ainda tem o boleador, próprio para fazer detalhes brancos, como fios de cabelo; e o esfuminho, lápis próprio para acabamentos como sombras e efeitos. O esfuminho é o principal responsável em transformar um desenho numa quase foto.

“Agora estão falando muito em home office, mas eu sempre trabalhei como home office muito antes dessa forma de trabalho se popularizar. O tempo todo do isolamento social eu não fiquei sem trabalho. O único contato que tenho com o cliente é na hora de entregar o desenho, e receber”, falou.

Quem quiser conhecer, e solicitar, os trabalhos de Marcelo, pode visitar seu Instagram (marcello29nascimentoo8), canal no YouTube (Desenhos Realistas Marcelo Augusto), com vídeos produzidos por ele mesmo, ou passar um WhatsApp para (9 9444-6122). Estes dias o artista estará em Manaus, organizando a construção de seu ateliê na capital amazonense.

“Mas podem fazer pedidos. Estou cheio de trabalhos, mas eu não recuso nenhum”, garantiu.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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