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Novas cadeias globais de valor e o fim do PPB

Por Nelson Azevedo* 

Na verdade, toda crise esconde uma janela de oportunidades. Aliás, a palavra crise, da qual se origina a palavra crítica – no sentido do discernimento e análise de um fato – nos remete ao ato de distinguir, interpretar, avaliar e decidir, de acordo com cada ocasião. Neste contexto, a despeito da tragédia mundial causada pela pandemia da Covid-19, e suas variações, perdas de vidas e graves sequelas, a crise aí embutida nos trouxe lições preciosas, descobertas de problemas e o imperativo inteligente de múltiplas saídas nas janelas escancaradas de oportunidades. Precisamos debater exaustivamente essas questões pois aí temos um acervo imensurável de sugestões de revitalização econômica para o país e de, modo especial, para nossa região.

Roteiro de atuação 

A propósito, o último artigo de Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, publicado no Valor Econômico, Brasil no novo modelo das cadeias globais de valor, se constitui num verdadeiro roteiro de avaliação, discernimento e encaminhamento de medidas para a indústria assumir metas inovadoras para o novo ano que se avizinha. Entre as sugestões postas à mesa, as necessidades de que uma nova política pública seja ajustada a esta realidade de reconfiguração das cadeias globais de produção e valor.

“Quem sabe faz a hora” 

Aprendemos muito com os apuros e premência urgentes dos EPIs no início da pandemia, mas também descobrimos que dispúnhamos de uma potencialidade de produção industrial esquecida, literalmente abandonada em sua criatividade fabril. A crise nos empurrou a fazer máscaras de diversos tipos e um conjunto de artefatos que a situação exigia. Aprendemos a fabricar do dia pra noite, para distribuir e atender emergências do combate à pandemia. Passado o momento crítico, vimos que podíamos mais do que sabíamos. Por isso não faz sentido não avançar. A este respeito redigimos reflexões e alertas no estilo “quem sabe faz a hora”, lembrando a todos que nosso Programa Zona Franca de Manaus de redução das desigualdades regionais existe, coincidentemente, para a “substituição de importações”.

O lado escuro da globalização 

É gratificante, também, confirmar que, em diversas regiões do planeta, a crise da escassez gerou reações mais ou menos idênticas, acendendo a luz amarela do “presta atenção” com o lado escuro da globalização. Segundo estudos da CNI, desde o início deste século, “…o valor dos investimentos externos do Brasil foi de US$ 47,5 bilhões, enquanto os da China atingiram US$ 1,4 trilhão, os da Rússia chegaram a US$ 587 bilhões, os da Índia alcançaram US$ 181,8 bilhões e, os do México, US$ 146,1 bilhões.”. Nossos ativos predominantes são as commodities do agronegócio, que cumprem um papel destacado e admirável no desempenho de nossa balança comercial. Deixamos em segundo plano, entretanto, outros itens de nossa potencialidade e habilidade Industrial. E é exatamente este desafio que nos compete enfrentar, em âmbito industrial nacional e local.

“Mais Brasil e menos Brasília”

É necessário reavaliar, neste novo desafio, quais os embaraços que nos travam o avanço deste novo propósito: um deles é a remoção imediata dos embargos disfarçados aos novos investimentos regionais. Estamos falando dessa trava inconstitucional, arbitrária e nociva chamada PPB, a exigência descabida que impede a instalação, diversificação, adensamento e consolidação do Polo Industrial de Manaus. Atualmente, o “Mais Brasil e menos Brasília” – uma estratégia inteligente e producente que era aguardada ansiosamente pelo setor privado e que já implicou em avanços significativos e robustos resultados – ainda não nos alcançou.

Direto ao ponto

E qual das demandas e gargalos mais nos atrapalha e impede evolução na geração de emprego e oportunidades? Direto ao ponto, queremos, sem tardança nem novos entraves, o fim do PPB, hoje entregue a funcionários da burocracia federal, distantes e descomprometidas com as demandas fundamentais de urgente oferta de postos de renda e diversificação de nossa matriz econômica.

Qualificados e comprometidos

A Suframa tem, atualmente, um quadro de gestores/colaboradores de destacada competência e reconhecida responsabilidade civil. Apta, portanto, a definir e decidir no âmbito de seu Conselho de Administração, onde tem assento os ministérios correlatos, para equacionar esse imbróglio inaceitável, substituindo-o por medidas justas e adequadas ao interesse nacional e, sobretudo, regional.

Despesa por nossa conta

E assim restarão ajustes tributários e de modernização e ampliação da infraestrutura – despesa por nossa conta como um dos 5 estados que mais recolhe tributos ao Brasil – para acolher os investimentos em adensamento industrial e diversificação produtiva da Bioeconomia, da indústria de fruticultura, mineração sustentável e segurança alimentar. O tempo urge, nossa independência chega ao bicentenário e a economia da Amazônia tem tudo para contribuir nos fundamentos da economia sustentável e inovação tecnológica da nova e exuberante civilização brasileira.

(*) Nelson Azevedo é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

Alfredo Lopes

Escritor, consultor do CIEAM e editor-geral do portal BrasilAmazoniaAgora
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