Com o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), os consumidores poderão obter alguma vantagem na redução do preço de alguns produtos, o que pode atingir algo em torno de 4% e uma economia nas operações bancárias.
O diretor-executivo da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Flávio Dutra, avaliou que a cobrança desse imposto atinge toda a cadeia produtiva e de comercialização de uma mercadoria e por esse motivo o ônus ao consumidor ultrapassa o valor estipulado da alíquota fixada em 0,38%.
“Na linha de produção, o repasse de custo não se deve apenas a um único produto, mas em todo o processo produtivo, como é o caso do pão, há incidência do imposto na farinha, no trigo e tudo isso é repassado ao consumidor”, exemplificou Dutra.
Reduzir preço
Segundo ele, a redução nos preços deve ocorrer apenas em segmentos com concorrência acirrada; nos demais não deve influenciar. “Em setores com bastantes concorrentes irá acontecer redução de preços, o que deve ser feito como estratégia das empresas para elevar potencial de competitividade, mas em outros isso não deve ocorrer”, disse o diretor-executivo da Fieam.
Comércio se beneficia
O setor comercial também deverá ser beneficiado com o fim da CPMF. Segundo o presidente da FCDL-AM (Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ralph Assayag, o fim da incidência do imposto pode reduzir em até 4% o preço final de algumas mercadorias ao consumidor final.
“O comércio paga a Contribuição sobre Movimentação Financeira em vários componentes de um bem final, pois, como cada um sofre a incidência dessa alíquota, ela passa por toda a cadeia produtiva e isso é repassado aos comerciantes, que repassam esse ônus ao consumidor final”, explicou.
No setor de vendas de veículos, o fim da CPMF não deve causar muito impacto. De acordo com o gerente comercial da Parintins Veículos, Álvaro Pinheiro, a redução no custo final do produto só irá atingir a comercialização feita à vista. “Em torno de 90% de nossas vendas são por financiamento; nesse caso não haverá reflexo por parte das concessionárias, porque esse ônus cabe às agências de financiamento, mas nas compras à vista haverá uma pequena variação”, disse.
Como exemplo de redução de custo, o gerente mencionou a venda de um veículo de preço por R$ 35 mil. “Nesse caso, sem a CPMF as pessoas terão uma redução no valor de R$ 133”, frisou o gerente.
Para o economista Rodemarck Castelo Branco, o grande impacto do fim da alíquota será ao governo federal, devido à perda de R$ 40 bilhões por ano em arrecadação, resultando na necessidade de maior equilíbrio nas contas públicas. “O governo deverá encontrar meios de reduzir gastos, pois perderá bastante dinheiro, então, não vejo outra alternativa viável fora a redução dos gastos públicos”, destacou.
O economista acredita que o governo não irá elevar a carga tributária, devido a mesma já atingir níveis bastantes elevados. “Não há clima político para o presidente aumentar a carga tributária, isso seria inviável nesse momento” assinalou.
Embora o ministro da fazenda, Guido Mantega, tenha destacado que o fim da CPMF pode gerar impacto negativo na taxa Selic, impedindo a redução da mesma, Castelo Branco destacou que mesmo antes da votação pelo fim do imposto, o Banco Central já havia anunciado a necessidade de não diminuir mais os juros.
“O consumo está em alta no mercado e como as pessoas estão comprando muito há a necessidade de aumento nos preços, então creio que se a taxa de juros deixar de cair não será em razão do fim dessa alíquota”, concluiu o economista.